Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

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>>Boicote discreto

Estréia


Dines:


Bom dia, ouvinte. A partir de hoje, este Observatório da Imprensa passa a ser comandado por Luciano Martins, trinta anos de jornalismo em veículos de importância nacional como Folha, Estado, Veja e na nossa trincheira há sete anos. Luciano Martins substitui Mauro Malin, um dos fundadores do projeto, 41 anos de profissão. Em jornalismo não existem novas fases, todos os dias começamos algo novo ainda que as mazelas da nossa mídia sejam praticamente as mesmas. Exemplo: já falamos muito aqui sobre o jornalismo “numerológico” ou estatístico. Despejar um monte de cifras em cima do cidadão nem sempre equivale a esclarecer suas dúvidas.  Nos jornais de ontem, domingão, cada um dos três jornais nacionais apresentou com destaque uma estatística diferente: a Folha informou que os milionários detêm metade do nosso PIB. No Estadão, os números apontam para a direção contrária: um em cada seis paulistanos é favelado. E através do Globo ficamos sabendo que para comprar carro novo o brasileiro está em fila de espera de até 60 dias. Certamente estamos falando do mesmo país, pena que poucos leitores tenham tempo para ler três jornais todos os dias.


Ainda os escândalos


As revistas semanais diversificaram as opções de leitura neste final de semana, tratando de assuntos de interesse geral, como o risco de faltar água no planeta e os perigos que a internet pode representar para as crianças. Mas não abandonaram os grandes temas que vêm ocupando a atencão dos leitores. Com destaque, ainda, para os escândalos na política.
Veja editorializou o caso Renan Calheiros, mantendo em banho-maria o presidente do Senado com a abordagem que deve predominar ao longo da semana, ou seja, a tese de que a permanência do senador peemedebista na presidência da nossa principal casa legislativa pode paralisar os trabalhos.


A revista Época avançou mais, oferecendo aos seus leitores um painel do Senado Federal, mostrando que um quarto dos senadores brasileiros enfrentam problemas com a Justiça. Com o título “Muito além de Renan”, o levantamento feito pelos jornalistas Ronald de Freitas, Matheus Leitão, Andréa Leal e Isabel Clemente traz um resumo de cada acusação, dando oportunidade para cada um dos acusados apresentar sua defesa. Todos os que responderam negam ter cometido qualquer irregularidade, claro. A revista postou o resultado de uma pesquisa mais detalhada sobre os processos contra senadores no site www.epoca.com.br.


Boicote discreto


Corrupção ainda é o tema de mais destaque nos principais jornais brasileiros, nesta segunda-feira. Depois, é claro, das comemorações pelas primeiras medalhas nos Jogos Panamericanos do Rio de Janeiro e pela conquista da Copa América.
Falando em comemoração, a equipe de Dunga promoveu um ligeiro boicote a jornalistas da emissora SporTV, que vinha mantendo uma linha mais crítica em relação às escolhas do novo técnico da seleção brasileira. Ainda antes da entrega de medalhas, o técnico e os jogadores concederam entrevistas a todos os profissionais que lhes solicitaram. Mas evitaram claramente os microfones que tinham o logotipo SporTV. Pelo jeito, Dunga espera nada menos que a unanimidade. A favor, claro.


Corruptos a escolher


A Folha de S.Paulo continua sendo o único dos grandes diários a manter suas páginas abertas para suspeitos de todos os matizes políticos. Nas edições do final de semana e nesta segunda-feira, abriu espaços proporcionalmente adequados tanto para aqueles que se abrigam sob o manto da aliança governista como para os que militam na oposição. Enquanto O Globo e O Estado de S.Paulo dão claramente mais destaque para os casos de Renan Calheiros e da quadrilha que atuava na Petrobras, a Folha mantém sob os holofotes, com destaque, as irregularidades na CDHU – Companhia de Desevolvimento Habitacional e Urbano, que respinga no deputado Mauro Bragato, ex-secretário do governo Geraldo Alckmin.


Novidade nas bancas


A revista mensal Os Brasileiros estréia nas bancas tentando reviver a fórmula que fez a glória da extinta revista Realidade. A revista é feita de reportagens produzidas por colaboradores convidados, quase todos profissionais com mais de vinte anos de carreira. Destaque para a reportagem de capa, que trata de preconceito no Brasil, a partir de uma pesquisa do Ibope feita com grupos de discussão. Entre as revelações, a constatação de que os brasileiros não têm preconceito contra os argentinos e o fato de que a discriminação contra mulheres e nordestinos vem perdendo fôlego. Iniciativa editorial de Hélio Campos Mello, Nirlando Beirão e Ricardo Kotscho.


Mexendo em vespeiro


O Estadão foi mexer no chamado Sistema S, que reüne as entidades Sebrae, Senai e Senac e outras dezesseis instituições que flutuam entre o público e o privado. Motivo de recorrentes disputas nas federações que reúnem a indústria e o comércio em todos os Estados, essas organizações são financiadas com recursos tributários e movimentam, juntas, mais de 56 bilhões de reais por ano.


O jornal paulista conta que o valor arrecadado das empresas, com desconto de impostos, não é de total conhecimento do governo, da mesma forma como continua sendo misteriosa a destinação do dinheiro. O lobby das federações empresariais no Congresso impediu, na semana passada, a aprovação de algumas iniciativas de parlamentares para tentar estabelecer algum controle sobre esses valores. Convém observar se o tema permanece nas páginas do Estadão e se vai interessar a outros jornais.