Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

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>>A guerra na internet

Fidel comanda a pauta

A renúncia de Fidel Castro marca as capas dos jornais de hoje não só com sua face envelhecida, mas com a revelação de um jornalismo despreparado para narrar situações em contextos históricos mais profundos.

Fidel deu a pauta, ao decidir como e quando deixaria o poder formalmente.

E os jornais não foram capazes de propor uma leitura diferenciada sobre o líder da revolução cubana.

Como se a imprensa fosse pautada apenas para o contemporâneo, incapaz de visitar até mesmo um passado de 50 anos.

A decisão de Fidel foi noticiada ainda na madrugada de segunda para terça-feira, o que daria tempo suficiente para edições de qualidade.

Mas o que os jornais fizeram foi uma verdadeira corrida aos especialistas, repetindo o que os programas radiofônicos e de televisão haviam feito durante todo o dia.

Ancoradas nas falas de cientistas políticos e historiadores, as páginas dos jornais de hoje refletem essa incapacidade de penetrar na história.

A exceção é a participação do diretor do Estado de S.Paulo, Ruy Mesquita, essencial para entender a relação do tradicional jornal paulista com a revolução cubana.

Como no golpe brasileiro de 1964, o Estadão também embarcara, entusiasmado, na revolução de Fidel.

Mas o melhor, a reportagem publicada em 1959 por Mesquita, pode ser lido apenas na edição online.

O texto de Ruy Mesquita oferece essa visão mais profunda que falta aos outros jornais, mas resulta da casualidade de o Estadão ainda ter em seus quadros o antigo redator que esteve em Cuba em julho de 1959, e que na ocasião apostara que Fidel Castro não era comunista.

Ou seja, um patrimônio resgatado de décadas passadas é o que dá a maior qualidade ao jornalão paulista na edição de hoje.

O que se vê nas edições de ontem para hoje, de forma geral, é a algaravia de frases soltas que mistura Garcia Marquez e Oscar Niemeyer a Arnaldo Jabor e outros palpiteiros da moda.

A orquestra de falas soltas dá a impressão de imparcialidade e equilíbrio, mas não ajuda a entender a complexidade da história recente de Cuba e ignora o comunismo como tema político.

Com a transição proposta e comandada por Fidel, a imprensa ganhou uma oportunidade para conduzir um julgamento histórico com o personagem ainda vivo.

Mas não soube fazer melhor do que reduzir Fidel Castro à mitologia.

Os jornais tiveram no episódio sua grande chance de uma edição histórica. E a desperdiçaram.

A guerra na internet

A diretoria do Ibope anuncia que vai passar a pesquisar ainda neste ano os investimentos publicitários na internet, devendo oferecer os primeiros monitoramentos em 2009.

O instituto já faz a auditagem dos meios tradicionais no Brasil, como a mídia impressa, o rádio e a televisão e incluiu recentemente a propaganda nos cinemas.

Com o crescimento da internet e o aumento dos investimentos publicitários na nova mídia, surge a necessidade de comprovar a verdade sobre audiências anunciadas pelos sites.

A consolidação dos novos formatos na Web, que são conhecidos como Web 2.0, provoca uma disputa de gigantes pela preferência dos internautas e dos anunciantes em todo o mundo.

Luiz Egypto, editor do Observatório da Imprensa:

– Entre junho e julho do ano passado, audiência global do portal de vídeos YouTube ultrapassou a do Google. E a partir de novembro último, um outro portal, o Windows Live, tirou mais uma casquinha do Google e também superou o buscador em número de visitas. Esses movimentos podem ser conferidos no Alexa.com, ferramenta que faz comparações entre quaisquer sites ativos com base em seu volume de tráfego.

O primeiro lugar entre os mais visitados ainda é do Yahoo!, mas não por muito tempo, a julgar pela curva descendente de audiência que acentuou-se a partir do último trimestre de 2006, e também pela marcha batida de crescimento do YouTube.

A escalada do YouTube comprova a tendência da utilização de vídeos na internet e a inexorabilidade da televisão sobre protocolo IP. Convém lembrar que este portal pertence à empresa Google. E os dados colhidos no Alexa.com ajudam a explicar o apetite da Microsoft – controladora do Windows Live – na compra do Yahoo!, operação esta que encontra forte resistência da Google.

É uma briga de cachorro grande que ainda promete fortes emoções para este ano.