A cor local
Mensaleiros, sanguessugas e Severinos Cavalcantis voltarão ao Congresso Nacional em 2007, constata-se hoje nos jornais. Os partidos precisam deles para passar pela cláusula de barreira. A desfaçatez ocorre, entre outras razões, porque a mídia não encontrou ainda um modo eficaz de expor as malfeitorias dessa gente.
O ônibus de reportagem do Jornal Nacional, em princípio uma boa idéia, poderia ser usado para mostrar in loco como agem parlamentares que exploram as dificuldades de seus eleitores e a corrupção de autoridades estaduais e municipais.
Eqüidistância não é resignação
Alberto Dines pede uma militância mais efetiva da mídia em busca da paz.
Dines:
– A mídia brasileira está bastante atenta ao conflito que se trava no Líbano entre Israel e o Hezbullah: jornais despacharam repórteres especiais, o espaço é farto tanto nas capas como nas páginas internas, quase diárias são as análises assinadas pelos grandes especialistas internacionais. O mais importante é que o tom geral parece equilibrado, factual, aparentemente sem preferências. E isso não é fácil num conflito que já dura 60 anos. O que é ruim é uma certa resignação, como se as guerras fossem inevitáveis e jamais pudessem ser interrompidas. O governo brasileiro contribuiu para esta passividade ao considerar a resposta de Israel como “desproporcionada”. Pergunta-se: o que seria aceitável e “proporcional”? Houve grandes conflitos atiçados pela imprensa (caso da 1ª Guerra Mundial) e houve outros, como o do Vietnã, em que a mídia foi decisiva para encerrá-lo. Uma militância maior pela causa pacifista por parte da imprensa brasileira poderia trazer um pouco mais de humanidade a este relato de horror que nos chega diariamente do Oriente Médio. Pacifismo nunca é demais, serve para arrefecer todas as violências. Inclusive no plano interno.
Da mídia às ambulâncias
O deputado Lino Rossi, acusado de ser sanguessuga pioneiro e um dos maiores articuladores do esquema no Congresso, fez carreira na mídia. Passou por emissoras de rádio do Paraná, de São Paulo, e de Goiás, onde chegou à televisão. Depois foi locutor e apresentador de rádio e televisão em Cuiabá. Ele foi do PDT, do PMDB, do PP, do PSB e do PSDB. Atualmente é vice-líder do PP, Partido Progressista. Eleito por Mato Grosso.
Da cadeia, só o que é ruim
As Associações de Proteção e Assistência Comunitária, Apacs, são parceiras do governo paulista na experiência dos Centros de Ressocialização, onde a taxa de reincidência não passa de 8% e os presos custam menos de 500 reais mensais, enquanto nas penitenciárias a reincidência passa de 80% e o custo médio é de 900 reais. O governo de estado acaba de encerrar convênios com três dessas ONGs, que têm muito pouca divulgação na mídia, queixa-se o presidente da Apac pioneira, de Bragança Paulista, Márcio Michelan.
Michelan:
– Quando você precisa divulgar alguma coisa você precisa correr atrás, como se estivesse pedindo um favor para que a mídia publique esse trabalho, que é um trabalho muito bem-feito, reconhecido internacionalmente, que já gerou muitos resultados positivos não só na recuperação como na redução de custo para o estado. Tudo isso é muito pouco divulgado pela mídia. Quando surge lá uma pequena rebelião ou alguma coisa nesse sentido, aí surgem novecentos mil repórteres querendo saber, ir atrás. [Para] as coisas ruins se acha bastante divulgação, mas as coisas boas, efetivamente boas, é muito difícil ser publicadas.
Desde 1990 que a gente vem trabalhando com a recuperação dos presos, aqui em Bragança, que foi um projeto pioneiro, o projeto Cidadania no Cárcere. Já estão usando isso nos Estados Unidos, no Canadá. Tudo isso foi muito pouco divulgado.
Mauro:
– Atribui-se o fim dos convênios a uma represália contra o ex-secretário da Administração Penitenciária Nagashi Furukawa, que instituiu o modelo, no governo Covas.
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