Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

>>A dinâmica das novas mídias
>>Observatório na TV

A dinâmica das novas mídias


A Folha de S.Paulo reproduz resultado de estudo distribuído nesta semana pelo instituto Pew Research Center, dos Estados Unidos, no qual são analisados os conteúdos jornalísticos das chamadas redes sociais da internet. A constatação principal é de que ainda não há um padrão pelo qual se possa definir as escolhas de blogs e de mídias instantâneas como Twitter e Youtube.


Outra evidência revela que as notícias e sua hierarquia nas novas mídias mudam muito rapidamente, quase tão velozmente quanto a dinâmica de sua propagação, mas grande parte delas tem origem nas mídias tradicionais, como jornais e emissoras de televisão.


Essa dependência é maior nos blogs, que têm 99% de suas histórias copiadas de jornais ou da TV. No caso das mídias americanas, 80% vem da BBC, CNN, The New York Times e The Washington Post. No Twitter, metade do conteúdo considerado jornalístico vem das mídias tradicionais.


Apesar dessa relação complementar, que revela a maior capacidade de coleta e processamento de informações do sistema estabelecido, também fica claro que as novas mídias dão uma sobrevida maior ao noticiário de jornais e emissoras de TV, na medida em que, ao reproduzir seu conteúdo, acrescentam dados e contribuições de milhões de protagonistas, diversificando as possibilidades de interpretação dos mesmos fatos.


A versão da Folha de S.Paulo para as conclusões do estudo tende a valorizar a dependência das novas mídias em relação às mídias tradicionais, considerando negativa a disparidade nas dinâmicas das mídias sociais quanto ao tempo que cada tema fica exposto em destaque ou quanto à permanência de determinados assuntos entre os de maior interesse.


No entanto, o estudo também revela o fato de que os temas que ganham destaque nas mídias sociais diferem das escolhas de manchetes por parte da mídia tradicional.


Essa característica deveria ser levada em conta pelos editores de jornais e emissoras de televisão, uma vez que as redes sociais refletem potencialmente a dinâmica do leitor e telespectador e os assuntos que vão rechear seus relacionamentos sociais, diretos ou mediados pela internet.


O que as mídias sociais estão dizendo é que as pessoas recebem as manchetes dos jornais como fonte primária mas buscam formas alternativas para interpretar a realidade, escapando da versão imposta pelas mídias tradicionais.


Observatório na TV


A reforma do Estado de S.Paulo o tornou um jornal mais parecido com o que era há dez anos, ou seja, as páginas voltaram a ser mais arejadas, os subtítulos buscam sintetizar o conteúdo dos textos, para manter a atenção do leitor, e principalmente nota-se um esforço da pauta em buscar temas exclusivos, ou pelo menos um esforço dos editores em destacar da agenda geral aquilo que é exclusividade da reportagem.


A reforma da Folha de São Paulo, que se reinaugura nesta semana, também remete à Folha de uma década passada, quando começou a arejar suas páginas com uma tipologia mais clara e mais espaços entre as letras. De certa maneira, a Folha parece mais densa, com seus tipos escurecidos e uma tentativa de aproveitar melhor o espaço que se reduz com as letras em corpo maior.


O Estadão estaria em busca de leitores mais jovens?


A Folha estaria reconhecendo que seu público amadureceu e estaria precisando de óculos para leitura?


Alberto Dines:


– A imprensa brasileira está em época de muda. No início de Março o Estadão fez a sua estrondosa reforma, no domingo passado foi a vez da Folha. Entre um e outro, o Globo adotou a dosagem homeopática, vai mudando devagar. A internet é o pivô desta febre de mudanças. Mas a própria internet não percebeu a sua vocação e ainda não sabe se será uma das tecnologias de comunicação ou a tecnologia central, sendo as demais satélites. O Observatório da Imprensa oferece hoje a rara oportunidade de encontrar os responsáveis pelos três jornalões nacionais e ouvir suas opiniões sobre as mudanças em curso. Às dez da noite, pela TV-Brasil, ao vivo, em rede nacional. Em S. Paulo, pelo Canal 4 da Net e 181 da TVA.