Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

>>A novela da Força Nacional
>>Politização do sofrimento

A novela da Força Nacional


A Força Nacional virou novela, com capítulos diários. A imprensa não se dá conta do ridículo que cerca toda a situação. O Estado do Rio tem algo como 50 mil policiais, o que corresponderia, hipoteticamente, a 15 mil por turno de trabalho. A tropa da Força Nacional soma até aqui 500, o que representa 150 por turno de oito horas.


[Nota para o leitor do blog: ao número total aplica-se sempre a porcentagem de 8% que estão em licença, doentes, de férias, etc. No caso dos 50 mil, são 4 mil a descontar do total. Ficam 46 mil e faz-se a divisão por três. Essa divisão é imperfeita, porque a Polícia não trabalha em turnos de oito horas e não há presença homogênea de policiais nas ruas segundo o período. Traduzindo: há sempre muito mais policiais durante o dia do que à noite, por exemplo. E mais durante os dias úteis do que nos fins de semana. E assim por diante. A conta feita aqui tem a finalidade de mostrar que a mídia não deve usar o número ‘500’, ou ‘6.000’. É número para marketing político.]


Houve e há várias brigas político-corporativas por trás da mise-en-scène. Uma delas foi a batalha entre os ministérios da Justiça e da Defesa para definir quem ficaria com a verba de segurança do Pan 2007. Ganhou a Justiça.


O Pan está por trás das preocupações. E, antes dele, a reunião do Mercosul que se realiza depois de amanhã e sexta-feira no Rio. Nesse caso, quem se mexeu foi mesmo o Exército, que já está nas ruas. Como ocorreu em todas essas reuniões de dignitários desde a Rio-92, há 15 anos.


Politização do sofrimento


Alberto Dines critica a politização despropositada do debate sobre o acidente na obra do metrô de São Paulo.


Dines:


– Alguém ainda lembra da tragédia com o Boeing da Gol? As famílias das vítimas jamais a esquecerão, também os que sofreram as conseqüências do interminável apagão aéreo. O desastre também será lembrado por outra razão: a tentativa de politizar a maior tragédia aérea nos céus brasileiros funcionou como um bumerangue e, na volta, acabou pegando o ministro da Defesa, Waldir Pires e o governo Lula, dias antes da sua segunda posse. Agora, alguns blogueiros tentam politizar a tragédia da Linha-4 do metrô paulista e, antes mesmo de qualquer perícia técnica, quando todos estão angustiados com o número de corpos soterrados, já se aboletaram no palanque para acusar o contrato “privatista” com as empreiteiras como o culpado pelo desabamento. É no mínimo de mau gosto este tipo de comício. É o equivalente ideológico à desculpa meteorológica de que as chuvas foram as responsáveis pelo que aconteceu em Miraí e em S.Paulo. A iniciativa do Ministério Público é correta, cabe a ele (em nome da sociedade) fazer todas as averiguações, técnicas e jurídicas. Mas esta politização do sofrimento nos remete a algo pior: a perigosa banalização da morte.


Mauro:


– O programa do Observatório da Imprensa na televisão volta no dia 6 de fevereiro, às 11 e 40 da noite na TV Cultura e antes, às 10 e trinta, ao vivo, na TV-E.


Ibope à beira da cratera


Na Folha de hoje, Laura Mattos noticia que as emissoras de televisão foram para a beira do buraco em busca de audiência, sem rejeitar tons sensacionalistas.


Paralelamente, a imprensa investiga com atraso como foi tocada até aqui a obra da linha 4 do metrô paulistano. É uma tarefa difícil. As empreiteiras encarregadas da obra são poderosíssimas. E passos em falso custam caro, como se lê hoje no caderno Metrópole do Estadão, obrigado a publicar um desmentido a respeito de obra da Odebrecht em Lisboa.


Câmera oculta contra Renascer


Ao prender os bispos Hernandez, a Polícia americana abriu uma cunha. Anteontem, o Fantástico aproveitou e fez reportagem com câmera oculta num templo da Igreja Renascer em Miami. Seria interessante saber como o público recebe essas reportagens. Jornalistas americanos constataram que o uso da câmera oculta, embora possa ser um último recurso para fazer denúncia relevante, causa má impressão, impressão de coisa torta.


Raízes da insegurança


O Observatório da Imprensa publica hoje a primeira parte de um debate sobre segurança pública que reuniu, no Rio, especialistas e jornalistas. O objetivo foi sair do noticiário cotidiano, ampliar o quadro, para entender com mais profundidade os fenômenos. O ex-secretário de Direitos Humanos do Rio de Janeiro Jorge da Silva, um dos participantes do encontro, faz um balanço.


Jorge da Silva:


– Foi um encontro muito positivo porque você teve pessoas ali que normalmente não “acham”. Uma grande virtude da academia é que as pessoas têm posições com algum fundamento. Passa a ser uma opinião, mas é uma opinião, vamos dizer assim, mais ou menos informada. É uma coisa um pouco diferente de uma opinião de um bar, do barbeiro, do jornaleiro. E, em segundo lugar, você tinha ali jornalistas importantes, pessoas que têm trabalhos de profundidade. Uma reunião extremamente proveitosa. Raramente se fez isso.


Mauro:


Clique aqui para ler a primeira parte do debate sobre segurança pública e violência.


Chávez mobiliza Telesur


Engrossa o caldo na briga do governo de Hugo Chávez contra setores importantes da mídia venezuelana. No noticiário de hoje se diz que Chávez usará a Telesur contra redes privadas. O governo brasileiro tem participação, embora pequena, na Telesur.