Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

>>Amazônia é notícia
>>Y tu, prensa, por que no te callas?

Amazônia é notícia


A Amazônia é assunto recorrente hoje nos grandes jornais brasileiros. O maior destaque ainda vai para o desmatamento na região de Rondônia e Mato Grosso e o conflito entre indígenas e produtores de arroz na reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima.

Mas também há registros de iniciativas inovadoras, como a da transformação de uma área degradada de garimpo em centro produtor de aves e ovos, no município de Nova Marilândia, em Mato Grosso. Notícia do Globo.

Nada muito revolucionário nem muito sustentável, mas já é sinal de alguma ação em meio à inércia geral.

E uma reportagem do Estado de S.Paulo revela que a empresa Google vai colocar na internet, com acesso livre, mapas detalhados do processo de destruição da floresta, que poderão ser acompanhados pelos internautas de todo o mundo.

No entanto, o noticiário sobre a floresta, nos jornais das grandes cidades brasileiras, ainda é fragmentado e sem uma linha condutora.

Projetos de desenvolvimento menos predadores saem nos cadernos de economia, mas são apresentados quase como iniciativas exóticas, em vez de serem discutidos como alternativas possíveis; os conflitos são publicados nas editorias de política, os números do desmatamento saem junto ao noticiário de divulgação científica.
E a impressão que se passa ao leitor é de distanciamento, como se a Amazônia fosse um lugar remoto, muito longe do Brasil.

Um exemplo dessa visão alienada da realidade da Amazônia foi o encontro dos povos da floresta, ocorrido em Manaus na semana passada, e que mereceu pouco mais do que registros na grande imprensa.

Ali foi anunciada a criação da Aliança Internacional dos Povos da Floresta, um fórum que vai centralizar as discussões dos amazônidas sobre o papel da Amazônia no combate ao aquecimento global e divulgar iniciativas de desenvolvimento que se oponham ao atual modelo de exploração da floresta.

A Aliança dos Povos da Floresta é fruto do esforço do líder ambientalista Chico Mendes para organizar as populações ribeirinhas, seringueiros e índios para conter o avanço dos rebanhos de gado e das monoculturas extensivas sobre a Amazônia.

Faz quase vinte anos  que Chico Mendes foi assassinado por criadores de gado do Acre.

Sua ação ainda produz resultados, mas a imprensa das grandes cidades ainda não consegue enxergar.

Y tu, prensa, por que no te callas?

Cristina Kirchner, presidente da Argentina, não gostou de uma
caricatura de jornal.

Sua reação foi acusar a imprensa de atrapalhar o governo.

Luiz Egypto, editor do Observatorio da Imprensa:

– Uma caricatura da presidente Cristina Fernandez de Kirchner, de autoria de Hermenegildo Sábat e publicada semana passada no diário Clarín, provocou reação irada da chefe de Estado argentina.

A imagem mostra Cristina com a boca tapada por um X, e no lado esquerdo de seu rosto pode-se identificar os traços do seu antecessor no cargo, o sempre presente maridão Néstor Kirchner, numa síntese preciosa que só poderia ter saído da pena ferina do genial Sábat.

Acossada até há pouco por um lock out dos produtores agropecuários, que levou a capital Buenos Aires e as principais cidades do país a um perigoso desabastecimento, a presidente logrou um acordo com os manifestantes e surfou na onda da vitória. Mas nos três discursos que proferiu durante a crise, Cristina de Kirchner criticou a imprensa referindo-se aos ‘generais multimidiáticos que, além de apoiar o lock out, submeteram o povo a um lock out de informação’. Sobre o desenho de Sábat, acusou o artista de tê-la caricaturado com ‘uma mensagem quase mafiosa’.

Investidas de governantes contra a imprensa é um filme que já vimos por aqui. Lá como cá, nos cinco anos de gestão dos Kirchner nem um nem outro jamais topou conceder uma entrevista coletiva aos jornalistas.

Nesse ponto, o desacreditado George W. Bush dá de dez a zero nos seus colegas do Cone Sul.