Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1280

>>Aquecimento e resfriamento
>>Polícia e bandidos irmanados

Falta a causa do ataque de covardia


O Estadão dá bom material sobre o ataque de covardia do prefeitdio Gilberto Kassab, ontem. Mas na primeira página foi mais discreto que a Folha. Kassab diz que o povo no local o apoiou. Não é verdade. Duas mulheres disseram ao prefeito que ele estava errado.


O que os jornais não conseguiram apurar é a razão de Kassab, que antes tinha imagem de educado, ter mudado de comportamento nas últimas semanas.


Aquecimento e resfriamento


Alberto Dines constata que a imprensa muito rapidamente relegou a plano secundário a questão do aquecimento global.


Dines:


– A mídia cansou depressa. No sábado estava frenética com a divulgação do relatório da ONU sobre o aquecimento global. No domingo, a preocupação arrefeceu. E ontem, segunda-feira, apenas a Folha de S. Paulo achou que o assunto merecia ficar na primeira página pelo terceiro dia consecutivo. A imprensa brasileira cansa depressa e não é a primeira vez que fazemos esta triste constatação. De qualquer forma, o Observatório da Imprensa está de volta e não poderia deixar de lado uma questão de tamanha importância. Hoje à noite, na TV-Cultura, às 23.30 e na TV-E, ao vivo, às 22.40.



Polícia e bandidos irmanados


Depois de muito fingir que desconhecia o assunto, a Polícia do Rio de Janeiro decidiu investigar a aliança de policiais das chamadas milícias com quadrilhas de traficantes. O noticiário mais claro sobre isso está hoje na Folha de S. Paulo. O relato mais circunstanciado sobre a batalha da Cidade Alta, no bairro de Cordovil, sábado, está no jornal O Dia.


O jornalista Carlos Amorim descreveu uma situação parecida em seu livro CV_PCC, A Irmandade do Crime, publicado há quase quatro anos.


Amorim:


– No meu livro tem uma história em que eu falo da Ilha do Governador. Morreu o chefe do tráfico, ficou um espaço vazio, acharam que o grupo rival ia tomar a “boca” e aí quem chegou foi a Polícia. Acabou com metade da quadrilha. Na verdade, quando a favela foi atacada pelo rival, só tinha meia quadrilha. É um negócio incrível.


Mauro:


– Carlos Amorim diz que a Polícia atuou para fragilizar um dos lados porque havia policiais ligados ao outro grupo criminoso. Na Folha de hoje, Mario Hugo Monken escreve: “O setor de inteligência da Polícia do Rio investiga a existência de um acordo entre as milícias formadas por policiais e ex-policiais e a facção criminosa ADA (Amigos dos Amigos). A suspeita se deve ao fato de os milicianos não atacarem favelas dominadas pela facção e invadirem somente redutos do CV (Comando Vermelho) e TCP (Terceiro Comando Puro), grupos rivais da ADA”.



O teatro da Força Nacional


Começou novo treinamento da Força Nacional numa favela do Rio. A Folha mostra hoje alguns problemas. Mas será melhor que a Força continue teatral. A entrada dessa Força “em combate” só acrescentará insegurança ao Rio. O povo paga a conta, seja com vidas, seja com traumas e aumento do medo, seja com impostos.


Imprensa ocupa vazio político


Hércules Corrêa foi deputado e dirigente sindical antes do golpe militar de 1964. Ele se lembra do longo período em que houve censura no país e valoriza a liberdade de informação.


Hércules:


– Hoje, felizmente, nós vivemos com mais possibilidade de falar. Então a imprensa vem, cada vez mais, desempenhando um papel, na minha opinião, positivo. Mesmo quando há excessos, e eles existem. Eu, pessoalmente, digo que no sistema Globo trabalha-se muito, de vez em quando, com esse excesso. Aposta-se em denúncias, em dossiê. A vantagem é que, quando vem a opinião pública que mostra que aquilo ali não é bem assim, o próprio sistema recua, se recolhe. Mas eu prefiro que exista isso, nos termos em que está acontecendo, do que nada.


Não se fixou uma liderança política no país, seja ela do tipo Getúlio ou outro tipo qualquer. Não tem. Isso pode ser bom para o país, mas é um assunto que precisa ser levado em consideração, e principalmente, na minha opinião, pela imprensa, pelo poder de convencimento que ela acaba tendo diante desse vácuo que está aí de instrumento de fazer política.


Saúde, Carnaval e cerveja


O Ministério da Saúde resolveu ajudar a propaganda de cervejas. Associou uma campanha de distribuição de camisinhas no Carnaval não apenas ao ato de beber, mas a bebedeiras.


Queixa de retardatário


O ator Stepan Nercessian diz na Folha que classificação indicativa de programas de TV é censura. Faz comparação inepta e manjada com o regime nazista. Nercessian quer que o Sindicato dos Artistas do Rio seja ouvido. O Ministério da Justiça diz que discute o assunto há três anos.