Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

>>Audiência gaúcha
>>Crime politizado

Audiência gaúcha


Desde ontem, segunda-feira, este programa é retransmitido pela Rádio Universidade do Rio Grande FM, 106,7 megaHertz, da cidade gaúcha de Rio Grande, às 11 e 15 da manhã. A iniciativa foi do jornalista Otto Bender, que faz diariamente o programa RU Café, das 13h às 14h30.


Nome e sobrenome


Os jornais fazem hoje sério trabalho de descrição de homicídios que podem ter sido execuções praticadas por policiais. Com nome, sobrenome e local de moradia das vítimas, eventualmente a descrição de carros usados. O esforço para evitar o fortalecimento de esquadrões da morte é estratégico.


Na linha de tiro


Foi divulgado estudo da Fundação Oswaldo Cruz segundo o qual no Rio de Janeiro a taxa de mortalidade geral da população é de 50 por 100 mil habitantes, a de homens é quase o dobro, a de policiais civis chega a 206 por 100 mil, e a de policiais militares, a 356 por cem mil. Esses estão mesmo na linha de tiro. E os governos não lhes dão condições adequadas de trabalho.


Clique aqui para ler notícia sobre o estudo.


Crime politizado


Alberto Dines constata que existe um deslocamento do conceito de crime organizado para o de crime politizado, assunto que será tratado hoje à noite no programa de televisão do Observatório da Imprensa.


Dines:


– Várias coisas já mudaram depois daquela Segunda-Feira Negra, 15 de Maio. Na imprensa paulista, o fato mais visível foi o resgate dos cadernos de cobertura local, denominados Cotidiano na Folha e Metrópole no Estadão. Na imprensa carioca, é notável o interesse do Globo pelos desdobramentos da Rebelião de Marcola em São Paulo. Está evidente que o Globo quer entrar no apetitoso mercado paulista, embora já tenha um jornal na capital, o Diário de S.Paulo. Mais importante, porém, é convicção compartilhada no triângulo Rio-Brasília-São Paulo de que a classificação “crime organizado” ficou ultrapassada. No momento, a expressão que mais se aproxima da realidade é “crime politizado”.


O crime no Brasil federalizou-se. As facções de bandidos tornaram-se partidos, alguns mais, outros menos sofisticados. Por enquanto estão separados, mas poderão formar coalizões em operações pontuais ou amplas. A imprensa precisa acompanhar esta “evolução”, entre aspas. Se a velha reportagem de polícia foi de repente reativada graças a Marcola, também as sucursais e correspondentes precisarão ser reativados urgentemente. Rocinha já não é fenômeno isolado, carioca, o PCC para sobreviver precisará expandir-se além dos limites de São Paulo. E a mídia, para explicar tudo isso ao leitor, precisará ser efetivamente nacional. Esta é a pauta da edição de hoje do Observatório da Imprensa – na TV-Cultura às onze horas e na TVE, mais cedo, às dez e meia da noite.


Discurso insincero


Os jornais comentam hoje a tentativa publicitária petista, feita ontem à noite, de tirar partido da crise de violência em São Paulo. O programa paulista foi dedicado a promover a candidatura de Aloizio Mercadante ao governo do estado, como se a campanha eleitoral já tivesse começado.


A política brasileira segue um curso preocupante. Todos os programas, de todos os partidos, substituem o discurso político, qualquer sombra de interlocução honesta com o cidadão, por um marketing eleitoral desonesto.


E impõem sua lógica aos próprios jornalistas. As notícias de hoje sobre o programa do PT descrevem o que aconteceu, até mencionam a exploração política da crise de segurança pública, mas perdem de vista por exemplo que, escandalosamente, o programa não fez nenhuma menção aos escândalos que abalaram o PT e o governo Lula.


[Nota colocada às 16 horas. Uma ouvinte que se assina Angélica afirma, em mensagem eletrônica:


DISCURSO ´INSINCERO´ – Era só o que faltava. Vocês querem que o PT fale mal dele no programa dele? Até delírio de jornalista deveria ter limite.’


O PT faria bem para seu próprio futuro, e o do país, se tratasse como adulta e capaz a população a que destina sua propaganda política. Reconhecer erros não quer dizer falar mal do próprio partido.


Falta grandeza, hoje, na política brasileira.


Todas, repito, todas as imagens dos programas de propaganda mostrados por todos os partidos são falsas quando falam das realizações de seus eleitos. O trecho paulistano do Tietê fica até cheiroso na publicidade do PSDB. Todos as imagens são tratadas em computador. Só denúncias são feitas como documentários, por sinal roubando algo à técnica jornalística. 


Eu não espero que os jornalistas dêm dignidade a políticos quando não agem com dignidade. Espero que tenham, que tenhamos todos, olho crítico.]


MST critica tratamento desigual


A assessoria de imprensa do MST enviou aos jornais nota em que critica o tratamento diferenciado dado a suas manifestações e às de agricultores que pedem créditos ao governo. Afirma que nenhum jornal a reproduziu.


Assinada por Igor Felippe Santos, a nota chama a atenção para o fato de que manifestações do sem-terra são publicadas sob rubricas como ‘Campo minado’ e ‘Terra sem lei’, enquanto as de proprietários agrícolas não recebem o mesmo tratamento.


Santos usa a categoria “imprensa empresarial” e afirma que ela “contribui para a criminalização dos movimentos sociais de camponeses”.


Dilma ortodoxa


Há no horizonte uma combinação ruim de ameaças externas à economia e confronto cada vez mais aberto entre Ministério da Fazenda e Banco Central.


Mas ontem à noite, no Roda Viva, da TV Cultura, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, emitiu uma sinalização positiva: recusou-se a falar de juros e não embarcou numa pergunta sobre uma possível segunda Carta aos Brasileiros, dessa vez prometendo um desenvolvimento miraculoso.


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Leitor, participe. Escreva para noradio@ig.com.br.