Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

>>Auto-suficiência de um país vitorioso
>>A verdadeira crítica da mídia


Auto-suficiência de um país
vitorioso


O presidente Lula disse em seu
discurso de domingo à noite, considerado pela oposição como ato de campanha
eleitoral, que “O Brasil é um país vitorioso”. Todos queremos que venha a ser,
mas não é. Basta pensar no estado da educação nacional.


Lula deu como exemplo a
auto-suficiência em petróleo. E prosseguiu: poucos países no mundo conseguiram
este feito. Mas não deu a lista. Aqui vai, para meditação dos leitores: Arábia
Saudita, Argélia, Indonésia, Irã, Iraque, Kuwait, Líbia, Nigéria, Noruega,
Qatar, Rússia, União dos Emirados Árabes, Venezuela. Ah, sim. Provavelmente, a
Bolívia também pode entrar na lista.



A verdadeira crítica da
mídia


Hoje à noite na televisão será
comemorado o décimo aniversário do Observatório da Imprensa. Alberto Dines
comenta as críticas do ex-governador Garotinho à imprensa e diz que elas não têm
a menor semelhança com uma crítica da mídia destinada a melhorar os padrões dos
meios de comunicação no Brasil.


Dines:


– Está na moda criticar a imprensa,
mostrá-la como única culpada, bode expiatório de todas as mazelas. Todos os
poderes devem ser igualmente observados e igualmente criticados, a imprensa não
deve ser exceção. Essa é uma realidade que não chega a incomodar. Mas a
caricatura desta situação está sendo encenada através da tal greve de fome
iniciada no domingo à noite pelo ex-governador fluminense. Num ambiente de
melodrama mexicano e como derradeiro esforço para livrar-se das acusações sobre
a forma de coletar fundos para a sua candidatura à Presidência, Anthony
Garotinho, iniciou um novo tipo de regime de emagrecimento. O “Bolinha”, como é
carinhosamente chamado pela cônjuge, tem acesso ilimitado a uma vasta rede de
comunicação eletrônica e, mesmo assim, pretende passar como vítima indefesa da
grande mídia. Esta crítica da mídia de um pré-candidato flagrado com a boca na
botija é um show de cinismo, pura palhaçada. Mas se você, ouvinte, quer saber
alguma coisa sobre o verdadeiro sentido da crítica da mídia veja a edição do
Observatório da Imprensa desta noite. Confira, às onze da noite, na rede da TV
Cultura e, um pouco antes, às dez e meia na rede da TV-E.



Greve de
argumentos


Há no discurso de Anthony Garotinho
um argumento que não faz o menor sentido. É verdade que uma eventual candidatura
de Garotinho, por disputar votos entre os eleitores do presidente Lula, pode
interessar à oposição, desde que Garotinho não passe à frente do candidato
Alckmin. Portanto, a recíproca é verdadeira: o bombardeio contra a candidatura
de Garotinho favorece Lula. Mas dizer que as Organizações Globo e a
Veja estão a serviço do presidente da República é zombar da percepção
dos cidadãos.


A dança da deputada


Outra que zomba da opinião pública é
a deputada petista Angela Guadagnin, ex-prefeita de São José dos Campos, São
Paulo. Em entrevista ao jornal Vale Paraibano publicada no domingo, ela
disse: “Não houve dança. Apenas fiquei feliz com a absolvição de um companheiro
de partido e amigo”. É verdade que a dança foi explorada à exaustão na
televisão. Mas que houve, houve.



PSDB sob
acusação


A Folha de S. Paulo publica
nesta terça-feira, 2 de maio, uma denúncia grave a respeito das relações do PSDB
de Mato Grosso, mais especificamente do senador Antero Paes de Barros, com o
ex-policial civil João Arcanjo Ribeiro, preso sob a acusação de ser o chefe do
crime organizado no estado.


A reportagem menciona também
denúncia de ligação da campanha do ex-governador Dante de Oliveira com uma
empresa de Arcanjo.



Não matem o
mensageiro


Uma das decorrências mais graves da
situação denunciada no livro Elite da Tropa, sobre o Batalhão de
Operações Especiais da PM do Rio de Janeiro, que será lançado na semana que vem,
é a negação da democracia. Tanto por parte da polícia truculenta como por parte
de bandidos que controlam porções do território urbano nas quais são negados
direitos elementares da cidadania. E, pior, na medida em que há conluio entre
policiais, bandidos e políticos.


Se a PM do Rio de Janeiro punir o
oficial que faz as denúncias, André Batista, um dos autores do livro, em vez de
mandar apurá-las, adotará a velha e lamentável prática de matar o mensageiro da
má notícia.


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Leitor, participe: escreva para
noradio@ig.com.br.