Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1280

>>Brasil de elites espertas
>>Representação distorcida

Brasil de elites espertas


O Brasil está inteiro nas discussões sobre igualdade racial e sobre igualdade de direitos para empregadas domésticas. Um Brasil racista, país colonizado de dentro por elites espertas. Hoje, duas mulheres, Miriam Leitão e Tereza Cruvinel, em suas colunas no Globo, rasgam os véus da hipocrisia reinante nesses assuntos.


Miriam Leitão escreve que o problema não é o debate, mas alguns dos argumentos. Acusar o primeiro esforço anti-racista após 118 anos do fim da escravidão de promover o racismo é “uma distorção inaceitável”. E Tereza Cruvinel diz que o impacto dos benefícios para as domésticas levaria a classe média, “tão ética, a radicalizar na informalidade”.



Representação distorcida


Alberto Dines alerta que o princípio da representação está corrompido pela posse indevida, por parlamentares, de meios de radiodifusão.


Dines:


– A cabeçada de Zidane no italiano Materazzi causou uma grande dor de cabeça à mídia internacional. Afinal esta era a Copa da Conciliação numa Europa com as velhas feridas finalmente cicatrizadas, o ritual do triunfo já estava pronto, então, nos momentos finais, o cerebral Zidane não resiste a uma provocação do adversário e entrega-se aos instintos. Mesmo uma formidável encenação como esta Copa do Mundo acaba sempre por revelar suas brechas. Nossos problemas são dramáticos demais para serem disfarçados por um torneio desportivo. Acabaram mostrando-se mais nítidos. Mas por onde começar? Pelo início. O princípio da representação, base da democracia, está corrompido. Nosso Congresso está viciado. Primeiro pelo mensalão, agora pelos sanguessugas. Mas há uma outra ilegalidade que não podemos perder de vista porque diz respeito à transparência da nossa mídia. Enquanto os congressistas continuarem sendo concessionários de rádios e de televisão, nossa Constituição estará sendo desrespeitada e a nossa mídia continuará como um instrumento do coronelismo eletrônico. Se os legisladores são os primeiros a furar as leis, como esperar que os cidadãos as respeitem? Este é o tema do Observatório da Imprensa desta noite. Às onze na TV-Cultura e antes, às dez e meia, ao vivo, na TV-E.



Simulacro de Concertación


Parece piada a comparação entre a Concertación, a aliança que governa o Chile há quatro mandatos presidenciais, e um anunciado casamento entre PT e PMDB para dar sustentação política ao presidente Lula num segundo mandato. A Folha de hoje levanta o assunto e se encarrega ela mesma de mostrar que a comparação é indevida.


Cobertura eleitoral


O chefe da sucursal do Globo em São Paulo, Germano Oliveira, descreve o esquema de cobertura das eleições que vai coordenar nos próximos meses.


Germano:


– O Globo em São Paulo, até em função de São Paulo ter o maior colégio eleitoral do país, com 30 milhões de eleitores, está preparando um esquema especial para cobrir bem os principais fatos da eleição. Nós vamos montar aqui um pool de eleições que envolve o reforço da equipe. Temos sete repórteres e vamos contar com o reforço do Diário de S. Paulo para cobrir a eleição estadual, vamos ter uma sinergia com o Globo Online e com a CBN. Em anos anteriores tivemos até reforço de Brasília, do Rio, porque a sucursal é pequena e em momentos como este é como se fosse uma grande cobertura, de uma Copa do Mundo, em que se reforça essa estrutura.


Mauro:


– Germano Oliveira prevê qual será um dos aspectos que merecerão grande atenção da equipe:


Germano:


– Nossos repórteres vão estar preparados, cada vez mais atentos, para essa coisa do Caixa Dois, que já foi uma tônica nos últimos meses de cobertura do jornal, uma série de proibições da Justiça Eleitoral – shows, não se permite a distribuição de material, camisetas, etc. –, e a gente vai ter uma atenção especial em cima desses tesoureiros das campanhas. A gente já fez um esforço de reportagem para levantar alguns caixas de campanha, como o prefeito de Diadema, que já se percebeu estar metido em várias irregularidades. A partir de agora, essa lisura, a ética dos candidatos vai ser muito mais explorada.


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