Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

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>>Calendário bizarro

Circo sem programa


O noticiário sobre a extemporânea campanha sucessória é uma prova documental do vazio de propostas estruturadas de governo. Primeiro o teatro, depois as pesquisas, daqui a pouco os marqueteiros. Em algum momento serão reunidas equipes de sabichões que produzirão documentos ilegíveis cujo critério será atender as diferentes facções acomodadas dentro das lonas do circo eleitoral.



Mídia paranaense


A Justiça do Paraná determinou que a programação da TV Educativa local passe por uma perícia. O governador do estado, Roberto Requião, usa o canal público de televisão como se fosse um departamento da comunicação social do palácio.


Requião é mestre em polêmicas. A mais evidente hoje é com a Gazeta do Povo, de Curitiba. No início do mês, o governador declarou que suspenderia a verba publicitária para o jornal como retaliação a uma matéria que criticava as más condições sanitárias das praias paranaenses.


O noticiário sobre os conflitos entre Requião e a imprensa tem recebido no site observatório da imprensa ponto com ponto br comentários elucidativos de leitores do Paraná. Vários confirmam o que foi relatado para este programa, no início de dezembro, pelo jornalista Luiz Geraldo Mazza: Requião intimida uma imprensa que é oficialista desde sua fundação, em 1854. O leitor Firmino Ribeiro relata que, quando o hoje senador Álvaro Dias era governador, no final da década de 1980, uma nota do Painel da Folha de S. Paulo de crítica a ele foi suprimida na reprodução da coluna feita diariamente pela Gazeta do Povo.


O editor executivo da Gazeta do Povo Eduardo Aguiar fala da posição atual do jornal:


Aguiar


– Independente de serem boas ou más notícias, se julgarmos que tenham relevância pública nós vamos continuar publicando. O que vier com relação às acusações do governo do estado contra a Gazeta do Povo, acusações, ou xingamentos, ou bravatas, a Gazeta do Povo não vai responder. A Gazeta se posicionou sobre isso para os leitores em editorial na primeira página do jornal e foi tomada uma decisão aqui de que não se vai ficar rebatendo toda vez que surgir um tipo de xingamento ou de crítica à Gazeta. Se a gente fosse ficar rebatendo isso aí a gente ia gastar todo dia páginas de jornal para falar de uma briga que só existe para eles.



TV digital dissecada


Por que a mídia demorou tanto para abrir novas janelas de conhecimento sobre o que está em jogo na definição da TV digital brasileira? Em todo caso, hoje a população tem mais elementos para entender o sentido da decisão que será tomada pelo governo do presidente Lula a respeito do padrão tecnológico e do modelo socioeconômico da TV digital no Brasil.


Calendário bizarro


O Alberto Dines teme que o calendário pule de 2005 para 2007.


Dines:


Mauro, Feliz Ano Novo. Não estranhe, o ano começa efetivamente depois do Carnaval. Sempre foi assim e este ano não será diferente. Está tudo na estaca zero, inclusive os desafios para a mídia. O fim do nepotismo no Judiciário foi mérito do Conselho Federal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, ambos presididos pelo mesmo Nelson Jobim. A imprensa terá força para investir contra o nepotismo dos deputados e senadores se eles, deputados e senadores, são suas habituais fontes de informação? Dificilmente. A imprensa tem condições de pressionar as CPI’s para produzir evidencias, castigar os corruptos e principalmente os corruptores? Como enfrentar uma acirrada sucessão presidencial sem meios para controlar o infame Caixa Dois? Já estamos com um pé em março mas as incertezas são típicas de dezembro. Na verdade, 2005 ainda não acabou e 2006 vai ser o ano que não existiu. Mas de qualquer forma, boas entradas.


Vacina contra a dívida


Por trás da notícia sobre o pagamento dos títulos que o Brasil emitiu depois de pedir moratória está uma reportagem importante que ainda não foi escrita: mostrar como determinados segmentos do aparelho estatal brasileiro cumprem e passam tarefas para seus sucessores nos cargos independentemente das mudanças de governo. Muita coisa importante é obtida graças à dedicação de servidores públicos honrados e lúcidos, principalmente nas áreas de excelência dos governos federal, estaduais e municipais. O que não quer dizer que interesses poderosos sejam necessariamente contrariados. Até porque são poderosos.


Nesta sexta-feira pré-carnavalesca, 24 de fevereiro, os jornais destacam que a dívida externa virou um tigre de papéis recompráveis. Na década de 1980 a mídia berrava que a dívida ia engolir o país. Resta saber se os governos estão vacinados contra a loucura do crédito aparentemente fácil.


Crise agrícola


A crise agrícola é maior do que a mídia mostra. E pode ter conseqüências sérias neste ano eleitoral.


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Leitor: participe. Escreva para noradio@ig.com.br.