Ciro é “fraterno”, mídia “conspira”
Fernando de Barros e Silva afirma na Folha de hoje que “democratizar a mídia não pode ser apenas sinônimo de disputa por fatias do bolo publicitário do governo, ou, muito menos, se confundir com demanda por mais impunidade diante de desmandos bem conhecidos”.
Ancelmo Gois, no Globo, pergunta, a propósito de um destampatório feito por Ciro Gomes na semana passada: se fosse um jornalista a dizer que a partir do caixa da Petrobrás a empresa fez, “carta de patrocínio para distribuição de dinheiro para verbais publicitárias imorais, picaretagem, essas coisas todas”, como seria classificado pelo ministro Tarso Genro? Tarso chamou as declarações de Ciro de “fogo fraterno”.
Politização da tragédia
Alberto Dines critica a maneira como a maior parte da imprensa tratou o acidente com o avião da Gol.
Dines:
– Estamos chegando rapidamente à verdade no caso da colisão entre o Boeing da Gol e o jato Legacy. A entrevista dos dois controladores de vôo que estavam na torre de Brasília na hora da tragédia publicada pela revista Época e ampliada pelo Jornal Nacional na noite de sábado não deixa mais dúvidas: o ministério da Defesa, empenhado em politizar o caso, fez tudo para incriminar os pilotos americanos do jatinho. Tudo o que o ministro Waldir Pires vem negando nos últimos dois meses parece confirmar-se plenamente. O pior de tudo é que grande parte da mídia, exceto a Folha de S. Paulo e agora a revista Época absteve-se de investigar e foi na onda do ministro. Repetiu-se assim, mas em gigantescas proporções, o linchamento de que foram vítimas os responsáveis pela Escola Base, acusados por um delegado irresponsável de abuso sexual. Mas aqui houve 154 mortes, os pilotos estão impedidos de retornar ao seu país e a nossa aviação comercial está metida num catastrófico apagão que promete estender-se por alguns meses. Como se não bastasse a ocorrência desta que é a nossa maior tragédia aérea, temos um escândalo político que não pode ser ignorado nem disfarçado: as negativas do governo começaram dias depois do primeiro turno e prosseguiram até a realização do segundo turno eleitoral. Em outros países onde as autoridades têm o compromisso com a verdade, este tipo de manobra é considerada falta grave.
Indenização
A editora JB foi condenada em primeira instância a pagar indenização ao repórter do Estado de S. Paulo Lourival Sant´Anna, vítima de uma sucessão de ataques do Jornal do Brasil e da Gazeta Mercantil no início do ano.
A cascata dos BRICs
Lourival Sant´Anna assina hoje entrevista esclarecedora em que o professor Paulo Roberto de Almeida desmistifica o conceito, tão corrente, de BRICs: um bloco que seria formado por Brasil, Rússia, Índia e China. Almeida diz que não há bloco.
Cárceres esquecidos
O repórter do Jornal da Tarde Josmar Jozino, autor do livro Cobras e Lagartos – A vida íntima e perversa nas prisões brasileiras. Quem manda e quem obedece no partido do crime diz que a mídia não se interessa por problemas que estão na raiz dos graves ataques feitos pelo PCC em São Paulo entre maio e agosto deste ano.
Josmar:
– O Estado não oferece trabalho para o preso, educação para o preso, e a lei prevê isso. Os presos vivem em presídios superlotados. Onde cabem 12, tem 40, tem que revezar para dormir. A mídia não se preocupa com isso. Ela acha que o preso tem que cumprir a pena, mesmo, ficar isolado, sofrer, e acabou. Depois desses ataques do PCC eu vi que a mídia começou a se preocupar um pouco com a situação do preso. Mas porque São Paulo parou e eles viram que foi uma situação de terror. Então eles ficaram com medo. Mas não preocupados com a situação do preso… Famílias que não têm dinheiro para viajar 600, 700 quilômetros…
Mauro:
– Parte do problema, segundo Josmar Jozino, é a redução do espaço dado nos jornais às questões de segurança pública.
Josmar:
– Antes tinha quatro páginas de Polícia, hoje a gente pode ver que tem duas, no máximo, ou então quando acontece um caso de maior repercussão, aí, sim, o jornal dedica uma ou duas páginas a mais, mas isso é raro. Eu vejo que todos os jornais diminuíram muito o espaço, principalmente de Polícia.
Clique aqui para ler a entrevista completa de Josmar Jozino.
Fantasia mexicana
Não faltam problemas ao México, descreve hoje artigo do Financial Times traduzido no Valor. Um deles é o monopólio das telecomunicações e da televisão. Na sexta-feira, as emissoras de TV escamoteraram conflitos no Congresso mexicano. A transmissão do cargo de Vicente Fox para Felipe Calderón exibida ao público foi uma peça de ficção televisiva.