Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

>>Crônica da truculência carlista
>>Um ato falho

Panorama em 30 de outubro


Ninguém pode adivinhar se alguma nova revelação tirará dos trilhos uma vitória que as pesquisas indicam ser hoje do presidente Lula. Mas, seja qual for o resultado, o panorama em 30 de outubro será preocupante. Quando um deputado com a qualificação de Antonio Carlos Biscaia diz que o dinheiro apreendido com petistas tem origem criminosa, tem-se uma bomba com pavio aceso. Cedo ou tarde, se não for desmontada, explode.


Crônica da truculência carlista


Alberto Dines anuncia que o Observatório da Imprensa na televisão tratará hoje de um dos episódios mais truculentos da trajetória do senador Antônio Carlos Magalhães, a perseguição contra o Jornal da Bahia.


Dines:


– O fim do carlismo na Bahia não foi muito destacado pela mídia na semana passada quando foram divulgados os resultados do primeiro turno. O PT, evidentemente, comemorou a vitória de Jacques Wagner, mas preferiu passar uma borracha no apoio que ACM deu a Lula em 2002 por causa da sua birra com José Serra. A maioria das grandes empresas de comunicação tem alguma dívida de gratidão com o senador baiano e muitos jornalistas, até dos mais importantes, têm um pacto de sangue com o caudilho baiano. É preciso não esquecer que ACM foi ministro das Comunicações no governo Sarney e generoso distribuidor de concessões de rádios e tevês para empresas amigas, além de outros favores. Não se falou também a respeito da mão de ferro de ACM sobre a imprensa baiana e ninguém lembrou a longa cruzada que ele moveu contra o Jornal da Bahia até a sua capitulação. Pois é exatamente esta história que o Observatório da Imprensa vai contar na noite de hoje com a presença de João Falcão, diretor do Jornal da Bahia, nos estúdios em Salvador. Às onze e quarenta na Rede Cultura e ao vivo, às dez e meia, na Rede da TV-E.


Espertezas contra a lógica


José Roberto Guzzo argumenta na revista Exame desta quinzena que o governo Lula e o PT promoveram uma curiosa inversão de valores. Em condições normais, o crime interessa a quem o pratica. Mas “a visão Lula-PT é outra: o crime só interessa aos adversários do criminoso. É daí que vem a posição sistemática do Planalto todas as vezes que acontece alguma coisa ruim: se alguém se beneficia com a divulgação de um crime praticado no governo – e nesses casos é inevitável que a oposição se beneficie –, condena-se o beneficiário”. E, adiante: “Nunca se admite que um delito cometido no governo esteja sendo divulgado porque aconteceu; seja qual for o caso, o atual governo diz que só se divulga o fato porque ele interessa à oposição, à mídia ou às elites em geral”.



Um ato falho


O ex-ministro Delfim Netto aparece saltitante em entrevista à IstoÉ Dinheiro desta semana. Aos 79 anos de idade, sem mandato pela primeira vez desde 1987 – trocou a velha companhia de Paulo Maluf pela de Orestes Quércia, e não deu certo –, Delfim faz uma espécie de hino ao governo Lula. Por puro entusiasmo, claro. A revista menciona a hipótese de Delfim ganhar um cargo no governo. “Nem me faça essa pergunta”, reage o ex-ministro.


Para quem gosta de combinações paradoxais, não ficaria mal um Delfim num segundo governo Lula, em companhia de outro derrotado nas urnas, Newton Cardoso, com o apoio de Fernando Collor no Senado e de Jáder Barbalho numa hipotética presidência da Câmara dos Deputados.


Mas isso tudo é especulação. Fato é uma frase que Delfim deixa escapar no final da entrevista. Um ato falho.


O repórter diz, no estilo “conspiração da mídia”: “O governo tem sido massacrado no campo da ética…”


Delfim responde:


“Com alguma razão, porque houve mesmo comportamentos éticos condenáveis [sic: se são “éticos”, por que seriam condenáveis?]. Mas”, prossegue Delfim, “isso não é muita surpresa para mim. A mistura de sindicato com política nunca deu certo”.


Delfim, certamente, não quis ofender Lula, ex-presidente de sindicato que disputa a quinta eleição presidencial.



O preço da prepotência


O repórter Raymundo Costa escreve hoje no jornal Valor que o debate sobre as estatais foi truncado no governo passado entre outras coisas “pela prepotência dos tucanos no governo, que empurraram seus projetos goela abaixo do país”. E lembra que quem falava contra era chamado por Fernando Henrique de “dinossauro”. A História sempre cobra.


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