Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

>>Dimas pode ser a volta ao começo
>>A fofocada política

Dimas pode ser a volta ao começo


O depoimento de Dimas Toledo daqui a pouco na CPI dos Correios tem no mínimo valor simbólico. Indica que todos os partidos – embora nem todos os candidatos – bebem nas mesmas fontes de caixa dois e que empresas estatais, ou prestadoras de serviços e fornecedores de governos, têm peso decisivo no financiamento da política.


Dimas era ligado à coalizão governista da era FHC e em 2003 fez uma ponte com os novos governistas. Pode estar na origem de toda a crise do mensalão.


Conspirações


Só falta agora o PSDB e o PFL acusarem a mídia de participar de uma conspiração para dar visibilidade, e intenção de voto, ao presidente Lula. Mas é bom analisar cuidadosamente pesquisas de opinião.


A fofocada política


A ex-prefeita Marta Suplicy deu ontem entrevista num videochat do portal IG, onde está hospedado o site do Observatório da Imprensa. Especialmente para este programa, deu exemplo de uma temática da cobertura municipal ou estadual que seja muito relevante e pouco abordada.


Marta:


– Você quer pauta? A Luz para Todos. Eu fiquei emocionada… Coisas que eu vi no interior, onde chegou a luz. Pelo menos eu não vi ainda uma matéria grande sobre essa transformação que foi, no mundo rural, a chegada da luz. No interior da Bahia, ouvi também muita gente comentando. É um tema pouco explorado pela imprensa. E muda a qualidade de vida da família, ter luz, e de inserção no mundo, também, porque chega a televisão.


Mauro:


– E se nós colocássemos, ao contrário, temas que aparecem muito e no fundo, no fundo não são tão relevantes.


Marta:


– Ah, a fofocada política. Eu acho que a maioria das pessoas pula as páginas políticas, porque de relevante, de aproveitável para o cidadão comum tem realmente muito pouca coisa. Quem lê são os políticos.


Mauro:


– Mas a senhora lê, forçosamente.


Marta:


– Leio. Depois que virei política. Não passava nem perto.


Mauro:


– Com todo o respeito, não tem cabimento referir-se às páginas de política como “fofocada”. Ou será que a candidata aceitaria ficar fora delas?



Jornalismo da Radiobrás


O Painel da Folha diz hoje que o jornalismo da Radiobrás vai privilegiar a cobertura de obras e projetos do governo Lula. Não há declaração da direção da empresa.


Convergência de meios


O editor do Observatório da Imprensa Online, Luiz Egypto, comenta a convergência de meios reforçada pelo advento da TV digital.


O jornalista Nelson Hoineff, que ontem participou do nosso programa de TV, assina no Observatório da Imprensa online um artigo em que oferece boas pistas sobre a natureza das discussões em torno da escolha do padrão brasileiro de TV digital.


Atrás da batalha entre radiodifusores e empresas de telecomunicações está a disputa sobre quem tem a primazia de produzir e distribuir conteúdos. E, como pano de fundo dessa briga de foice, surge a inevitável convergência tecnológica, que está chegando para subverter os padrões de usabilidade dos meios, sobretudo da TV.


Nos Estados Unidos há quem pague 30 dólares mensais para fazer chamadas nacionais ilimitadas, ter banda larga e sinal de TV via internet.


Estamos no limiar de uma decisão crucial, determinante. Daqui a dez anos vai muito ser difícil explicar a uma criança que o computador, a TV e o telefone eram três coisas separadas.


Record sob acusação


Os jornais noticiam hoje abertura de processo na Justiça contra o dono da TV Record, Edir Macedo, e outros dirigentes da emissora. São acusados de importação fraudulenta de equipamentos.


Direita de jornal


A Ilustrada da Folha desta quarta-feira, 15 de fevereiro, esforça-se para inventar uma nova direita intelectual brasileira. Tipicamente, só considera intelectuais que aparecem muito na mídia. A ditadura militar fica confinada a um rodapé. Ignora-se o papel da Igreja Católica.


A reportagem traz essa pérola do polemista Olavo de Carvalho: “Não há um movimento intelectual conservador. Eu acho que sou o primeiro cara que está tentando fazer isso”.


Ouvinte, pode escolher o adjetivo. Ofereço duas opções: Patético ou grotesco.



O fino Villaça


Em compensação, ótima rememoração de Antônio Carlos Villaça, hoje, na coluna de Elio Gaspari. O gordo Villaça era intelectualmente fino.


Falta o contexto das charges


É inaceitável a idéia da proibição legal de blasfêmias. Insista-se: a liberdade de imprensa deve ser defendida com unhas e dentes e mesmo armas, se for o caso. Mas a imprensa, para variar, está longe de ter feito uma contextualização adequada do episódio das charges de Maomé.


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Leitor: participe. Escreva para noradio@ig.com.br.