Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

>>Direito de ser ouvido
>>Coronelismo eletrônico

A mídia voou


A nova crise dos aeroportos deixa cada vez mais evidentes duas coisas: um, veículos de imprensa se precipitaram na busca de culpados; dois, a mídia há décadas desconhece a realidade do transporte aeronáutico no país.


Direito de ser ouvido


O ex-secretário da Administração Penitenciária de São Paulo Nagashi Furukawa se queixa do tratamento recebido do Estadão.


Nagashi:


– É um princípio básico de direito que não se pode acusar ninguém sem dar a essa pessoa acusada a oportunidade de apresentar a sua versão. Eu pedi ao jornalista do Estadão que levasse em conta que não era uma matéria “quente”, que exigisse publicação no dia seguinte, portanto que esperasse pelo menos por 24 horas, até eu tomar conhecimento dos documentos que foram apresentados, para eu poder dar a minha versão dos fatos. Mas isso lamentavelmente não foi atendido. Espero que me dêem cópia desse dossiê para que eu possa apresentar a minha versão.


Mauro:


– Nagashi Furukawa dá hoje entrevistas ao Estadão e à Folha. Há forte possibilidade de que o Estadão, nesse caso, tenha separado o joio do trigo e publicado o joio. Na manchete de ontem do jornal, todo o peso foi dado aos defeitos do sistema de ONGs e nada foi dito sobre suas virtudes. Hoje, um relato de sucessos e gestão correta de oorganizações não governamentais é publicado.


A máquina prisional


Também não se disse nada no Estadão, nem ontem, nem hoje, sobre corrupção e irregularidades de que foram acusados, ao longo dos anos, setores da Secretaria de Administração Penitenciária.


Em livro lançado no ano passado (Cobras e lagartos – A vida íntima e perversa nas prisões brasileiras. Quem manda e quem obedece no partido do crime), o jornalista Josmar Jozino narra, entre muitos outros, episódios de desregramento completo na antiga Casa de Detenção paulista, no Carandiru, em 2001, quando Nagashi Furukawa era secretário. O trecho pode ser lido aqui.


Coronelismo eletrônico


O Estadão noticia hoje que 61% dos parlamentares investigados por controlar emissoras de rádio e televisão se reelegeram.


A procuradora federal Raquel Branquinho pediu informações ao Ministério das Comunicações sobre o cadastro oficial de sócios de rádio e TV. Ela responde a solicitação feita mais de um ano atrás pelo Projor, entidade mantenedora do Observatório da Imprensa, a partir de estudo coordenado pelo professor Venício Lima sobre participação de deputados e senadores na direção de empresas de radiodifusão, o que a Constituição veda.


Rádios comunitárias


O jornalista Sérgio Gomes, diretor da Oboré Projetos Especiais em Comunicações e Artes, que é o escritório paulista da Amarc – Associação Mundial das Rádios Comunitárias –, anuncia a realização de uma mesa de trabalho destinada a orientar candidatos a autorizações para criar rádios comunitárias na cidade de São Paulo.


Sérgio Gomes:


– Finalmente, depois de vários anos, o Ministério das Comunicações publica o aviso de habilitação para todos quantos queiram ter rádios comunitárias aqui na capital de São Paulo. E haverá uma mesa de trabalho, no dia 8 de dezembro, sexta-feira, na Assembléia Legislativa, com o próprio Ministério das Comunicações. Ali estarão vereadores, deputados, universidades, as entidades que coordenam o movimento, todos os interessados, num grande encontro que vai elaborar o Plano Diretor de Radiodifusão Comunitária em São Paulo.


Mauro:


– Existem problemas de conflito entre diferentes legislações, e esses conflitos há anos colocam as rádios comunitárias numa situação difícil, diz o diretor da Oboré.


Sérgio Gomes:


– A legislação que foi aprovada na Câmara dos Deputados há muitos anos atrás colide com a legislação que foi aprovada aqui na Câmara Municipal e sancionada pelo [então] prefeito José Serra . A legislação federal diz que as rádios comunitárias têm que se manter única e exclusivamente com apoio cultural de entidades e instituições que fiquem no raio de um quilômetro da sede da rádio. Com isso se empurram as rádios da periferia para as mãos dos políticos ricos, do narcotráfico ou dessas religiões dinheiristas. A legislação que foi aprovada aqui pela Câmara e sancionada pelo Serra diz que na capital de São Paulo vai ser possível, sim, que as emissoras se mantenham legitimamente com publicidade e apoio cultural mesmo que a instituição fique a mais de um quilômetro.



País da esperteza


Deu no Estadão: a miséria do Brasil foi visitada ontem por um diretor da Microsoft, Keith Beeman, encarregado de combater pirataria. Conheceu na Rua Santa Ifigênia um vendedor de programas piratas apelidado de Mouse que já oferece softwares a serem lançados em 2007. Como os brasileiros são espertos…


Política e preconceito


O Estado de S. Paulo chama hoje, em editorial, o presidente venezuelano Hugo Chávez de “Mussolini mameluco”. Eis aí uma discussão em alto nível.