Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

>>E viva o factóide!
>>Perigo no ar

E viva o factóide!


A mídia é uma grande freguesa do governo. Em pleno escândalo dos sanguessugas – agora com acusações contra governadores e dirigentes do PT que vão engordar os programas de propaganda eleitoral a partir do dia 15 –, o presidente Lula encanta-se com a idéia, levada a ele por advogados, de uma Constituinte exclusiva. Os jornais de hoje estão encharcados de tinta gasta sobre o tema. É difícil encontrar comentarista político que não fale do assunto, até para dizer que ele não merece atenção. Editoriais dos três jornais mais influentes do país criticam a proposta, como era de se prever.


O factóide funcionou, pelo menos por alguns dias. O presidente Lula não fez faculdade, mas se tornou catedrático em Política Brasileira Contemporânea.


Perigo no ar


Alberto Dines mostra como a imprensa, enquanto gasta muito tempo com manobras palacianas, ignora problemas da maior gravidade.


Dines:


– Parece que a ultima moda jornalística é sepultar o que efetivamente interessa ao grande público. Ontem, uma grave advertência sobre segurança aérea saiu escondida no terceiro caderno do Estadão. Escondida e espremida em apenas 15 linhas no caderno Metrópole, p. 3. Afirmou o jornalão que os pilotos da Gol não têm homologação para pousar aviões em tempo ruim. Isso é gravíssimo. Mais grave é o fato de que trata-se de uma declaração de um dos vice-presidentes da Gol, veiculada no dia anterior pela BandNews. Não mereceu qualquer aprofundamento por parte da grande imprensa, muito menos por parte do “Estadão” que a reproduziu. Se os pilotos da Gol não tem habilitação para descer em condições meteorológicas adversas que se contratem pilotos devidamente habilitados. A vida do cidadão brasileiro não pode ser colocada em risco. No mercado de trabalho há um excesso de oferta de pilotos experimentados. Será que a Agência Nacional de Aviação Civil não lê jornais? Será que os grandes jornais não querem criar embaraços para uma grande anunciante como a Gol? Ou será que para saber das coisas que efetivamente importam temos que ler os jornais com poderosas lentes de aumento?


Mundo em transe


A imprensa internacional quis acreditar de início que o combate de Israel ao Hesbolah poderia ficar contido nos marcos de um conflito local. Agora torna-se cada vez mais evidente que o Líbano e Israel são o cenário de uma confrontação muito mais ampla. O que vai obrigar a imprensa a fazer análises abrangentes, até aqui apenas ensaiadas.


Orgulho da cor


Jana Guinond é atriz e uma das animadoras da ONG Estimativa, do Rio de Janeiro, que defende a riqueza da cultura negra. Jana recentemente deu um depoimento para a novela Páginas da Vida, da Rede Globo. Ela faz críticas ao trabalho da mídia.


Jana:


– E quando eu falo com relação à questão da mídia, eu me preocupo muito, porque eu me lembro de uma amiga que deu uma entrevista numa mídia grande, e ela colocou: “Nós estamos trabalhando com a inclusão social”. E aí rapidamente a pessoa colocou lá na mídia, de uma forma que fosse a visão da classe média alta, que o projeto estava trabalhando no “combate ao tráfico”. Isso gerou uma repercussão tão grande… O jornalista foi embora e não ficou nem sabendo o que aconteceu. Que uma pessoa que estava fazendo um trabalho sério – ela, pelo menos, estava fazendo a parte dela para uma sociedade mais justa, mais digna, ela continuou trabalhando de uma forma tão eficaz como ela poderia trabalhar.


Mauro:


– Jana diz que o preconceito racial está presente cada vez que lhe perguntam se ela sofre preconceito. E sugere uma mudança de pauta:


Jana:


– Nesse momento eu quero falar de coisas boas, eu quero colocar os holofotes para as histórias boas, porque a própria mídia tem a mania de mostrar nós, negros, matando, roubando, sofrendo, chorando. Só sabem mostrar a gente assim. E a gente não é só isso. A gente tem muito, mais muito, muito, muito mais coisas que, infelizmente, a mídia atual não consegue perceber.


Verba paulista


Para quem gosta de ver na mídia uma conspiração anti-Lula, a reportagem de hoje da Folha sobre gastos publicitários do governo Alckmin é uma boa resposta.


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