Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

>>Entra Maluf, sai Biscaia
>>Falta combinar com o eleitor

Os escoteiros


O presidente-candidato Lula deu entrevista coletiva, anunciou que vai a debates e não criticou a mídia por divulgar as trapalhadas do dossiê Vedoin. Literalmente: “Se o fato aconteceu, ele tem que ser mostrado”.


Logo se saberá durante quanto tempo os candidatos vão se apresentar ao público como escoteiros empenhados em fazer sua boa ação diária.


Entra Maluf, sai Biscaia


Alberto Dines fala das limitações da cobertura jornalística, que deixou na sombra êxitos eleitorais como o de Paulo Maluf e derrotas como a de Antônio Carlos Biscaia.


Dines:


– A imprensa deixou-se fascinar pelo Dossier Vedoin e esqueceu outras bandidagens. Como sempre, concentrou-se num episódio e abandonou outros. E ontem, quando se revelaram os nomes dos eleitos para a Câmara Federal, um choque: Paulo Maluf, que no ano passado ficou preso durante 40 dias, foi o mais votado em todo o país. É evidente que a imprensa não poderia acompanhar todos os candidatos de todos os partidos. Mas poderia prestar atenção nos mais notórios. Paulo Maluf é réu em diversos processos por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha. Buscava um foro privilegiado para os processos criminais em que está envolvido. A imprensa sabia disso, saíram notinhas a respeito, mas ninguém se interessou em fazer uma grande matéria. Maluf conseguiu o foro privilegiado. E ainda pode ficar impune. Quanto custou a sua eleição? Ninguém sabe, ninguém se interessou em saber. Ninguém se interessou também em acompanhar a campanha do presidente da CPI dos Sanguessugas, o deputado Antônio Carlos Biscaia do PT fluminense. Enquanto seus colegas de CPI sempre encontravam um tempinho para dar atenção aos eleitores, Biscaia, com a sua experiência no Ministério Público, mergulhava na papelada que permitiu desbaratar a máfia das ambulâncias num prazo recorde. Esse comportamento desprendido e cívico não chamou a atenção dos repórteres que cobrem a Câmara. Biscaia não foi reeleito. Claro, a culpa não é da imprensa. É dos holofotes.


Mauro:


– Hoje o programa de televisão do Observatório da Imprensa volta ao horário normal: na rede da TV E e na TV Nacional de Brasília às 22h30, ao vivo, e na TV Cultura às 23h40.



Falta combinar com o eleitor


O Jornal Nacional deu ontem generoso tempo para explicações dos responsáveis pelo Ibope, Carlos Augusto Montenegro, e pelo Datafolha, Mauro Paulino, institutos que cometeram vários erros. O Ibope apontou como prováveis vencedores candidatos que acabaram derrotados. Montenegro disse que essa foi a melhor eleição do Ibope. Paulino explicou que o eleitor agora é íntimo da urna, porque há eleições a cada dois anos. Ah, claro: faltou combinar com o povo. As explicações de Montenegro e Paulino, repetidas hoje no Estadão, deveriam ter sido confrontadas com outras visões. Mas na televisão se trata mais de emoção do que de reflexão.



Favela para principiantes


O arquiteto e urbanista Manuel Ribeiro vai dar na Casa do Saber do Rio de Janeiro um curso chamado “Você sabe, de fato, o que é favela?” Entre os participantes estarão jornalistas que ganharam bolsas.


Ribeiro:


– Isso eu acho útil. Porque tem uma massa de informações, tem o Observatório das Favelas, tem livros da Lícia Valadares, tem livros de uma porção de gente que fala sobre isso. É um conhecimento já consolidado. E a imprensa ainda ignora isso tudo. Ainda continua na emoção.


Mauro:


– Para os favelados, que se vêem retratados de forma preconceituosa, é uma situação extremamente difícil.


Ribeiro:


– É um negócio terrível, porque acirra os preconceitos e acaba rompendo mais a ligação entre as duas partes da cidade. O pessoal começa a demonizar a favela. Eu sempre falo: se a gente conseguisse, por um passe de mágica, acabar com todas as favelas, o tráfico de drogas ia permanecer vivo. Ia mudar a forma de atuar. A droga, a violência continuam rolando independente da favela. A favela é um cenário da violência.


Mauro:


– O arquiteto Manuel Ribeiro trabalha atualmente com populações de palafitas dos igarapés de Manaus.


Discriminação


O ator Paulo Betti foi barrado na rede católica TV Século 21. Ele ia dar entrevista sobre o filme Cafundó, que retrata a vida de um negro, João Camargo, fundador de uma religião misto de catolicismo, candomblé, umbanda e espiritismo. Betti protestou contra racismo e discriminação religiosa.


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