Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

>>Feras e domadores
>>Concessões sem balizamento

Onde está a substância?
 
Até agora não se tem na mídia uma manifestação que aponte qual é a gravidade das acusações feitas ao irmão do presidente Lula. Como em tantas outras situações recentes, um caso pode esconder outros. Em geral, mais graves.
 
Quem é o chefe?
 
Com todo conhecimento de causa que lhe dá o cargo, Lula disse que a Polícia Federal libera informações sigilosas para a imprensa ao sabor de disputas internas de poder. Mas se o presidente da República não é capaz de manter isso sob controle, quem será?


Vazar é crime
 
O Estadão lembra hoje em editorial que não é preciso criar novas leis para coibir vazamentos feitos pela Polícia Federal ou por advogados com acesso a autos de processos que correm sob segredo de justiça. A lei já proíbe os vazamentos. Mas não é cumprida.


Feras e domadores
 
Todo mundo manipula ou tenta manipular a mídia. O PT fez isso anos a fio, quando desempenhava o papel policial que é hoje protagonizado pela PF. Agora, tendo mudado de lado, o PT volta e meia solta propostas de cerceamento do trabalho jornalístico.
 
Mas não é só no Brasil, claro, que essas coisas acontecem. Depois de ter montado um aparato de manipulação da mídia, o primeiro-ministro da Inglaterra, Tony Blair, agora compara a mídia a “feras que despedaçam pessoas”. Em relação a determinado tipo de mídia, infelizmente muito mais influente do que seria desejável, ele tem razão. Mas é um pouco tarde para descobrir que é perigoso brincar com feras.
 
Concessões sem balizamento
 
O editor do Observatório da Imprensa Online, Luiz Egypto, chama a atenção para a reduzida visibilidade do processo de renovação de concessões de radiodifusão no Brasil.
 
Egypto:
 
– Levantamento realizado no fim do ano passado pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC www.fndc.org) revelou que, em 2007, deverão ser renovadas as concessões de 28 emissoras de TV e 153 de rádio. Os canais de radiodifusão são propriedades públicas e operam à base de licença temporária concedida pelo Estado a grupos privados, com validade de 15 anos para as emissoras de TV e 10, para as de rádio. [Ver aqui http://www.fndc.org.br/arquivos/Outorgas2007.pdf a lista completa.]
É certo que não se verá por aqui algo semelhante ao ocorrido na Venezuela, onde o governo de Hugo Chávez não renovou a concessão da RCTV, a maior emissora de televisão daquele país. Mas é lamentável notar o silêncio eloqüente que envolve, no Brasil, qualquer discussão a respeito das políticas públicas para a comunicação. A sociedade não é chamada a se manifestar sobre os critérios da renovação das concessões, a mídia raramente traz o assunto à pauta, e as emissoras, em especial as de TV, arrepiam os cabelos só em ouvir falar, por exemplo, em classificação indicativa da programação – aliás, uma obrigação do Poder Executivo, determinada pela Constituição.
Na prática, no Brasil essas renovações são automáticas. Uma pena.


Educação esquecida
 
O chefe da Assessoria de Comunicação Social do Ministério da Educação, Leandro Marshall, lamenta que a mídia não dê uma cobertura mais constante e atenta às questões educacionais.
 
Leandro Marshall:
 
– A impressão que nós temos, no Ministério da Educação, é que o esforço que tem sido feito para que estados, municípios e a sociedade em geral, principalmente as famílias, se engajem no processo de abraçar e assumir o Plano de Desenvolvimento da Educação, o famoso PDE, como uma causa da sociedade e não só do Estado, do governo, tem pouca ou baixa adesão da mídia.
 
Mauro:
 
– O ministro Fernando Haddad iniciou há mais de um mês um programa de visitas a todas as unidades da Federação, onde se encontra com governadores e prefeitos. Já esteve na Bahia, no Ceará e no Piauí. Hoje estará no Maranhão. Praticamente não há noticiário sobre essas visitas.
 
Marshall:
 
– Na internet, no acompanhamento que a gente faz, a notícia da presença da Caravana da Educação, capitaneada pelo ministro da Educação, que estará no Maranhão hoje, quarta-feira, junto à governadora e aos 217 prefeitos do estado, ainda não temos uma visualização dessa atenção da imprensa sobre esse fato. Esperamos que nesta quarta-feira se consiga alcançar uma dimensão maior. 
 
Clique aqui para ler a entrevista completa de Leandro Marshall.


Contra o álcool
 
O jornalista e escritor Ruy Castro critica hoje na Folha a atuação do Conselho de Auto-Regulamentação Publicitária, Conar. O foco é a propaganda de cervejas. Para Ruy Castro, a proposta da Vigilância Sanitária de proibir anúncios de cerveja entre oito da manhã e oito da noite é tímida. Deveria se estender até meia-noite. Ruy Castro, como se sabe, lutou durante anos contra o alcoolismo.