Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

>>Fogueira de irresponsabilidades
>>Arrozeiro e ambulâncias

Fogueira de irresponsabilidades


A manipulação política do Exército na briga em torno da insegurança pública é um passo arriscado dado pelo governo Lula, titular do poder civil. A imprensa deixa-se levar pelo Fla-Flu de três pontas: PT, PSDB e PFL. Produz-se, de todos os lados, a mais desinibida guerrilha de declarações. Como os criminosos devem estar se sentindo importantes. E são.


Ética, palavra desgastada


Diante da queda em pesquisas de opinião, o comando da campanha de Geraldo Alckmin, noticiam os jornais, vai engrossar a pancadaria, designada por eufemismos como “intensificação do discurso contra a corrupção” e “associação do presidente Lula ao descalabro ético”. A imprensa deveria ter vergonha de se pautar por esse discurso mentiroso e cínico de marqueteiros e assessores de campanha. Falta de ética no Brasil é um problema do governo e da oposição. E mais: a menos que surja algo que incrimine pessoalmente o presidente ou sua família, esse discurso não cola. Só baixa o nível.


Arrozeiro e ambulâncias


No Rio Grande do Sul, a imprensa continua a omitir o fato de que um dos acusados de envolvimento com a máfia das ambulâncias, o deputado Érico Ribeiro, do Partido Progressista, é vice-presidente da Federação das Indústrias do estado. A Zero Hora, de Porto Alegre, se limita a noticiar que o patrimônio do deputado, que já foi considerado o maior plantador individual de arroz do mundo, é de 35 milhões de reais. É quase três vezes o valor das propinas dadas pela Planam. Érico Ribeiro admitiu que um motorista a seu serviço recebeu 10 mil reais da Planam e os repassou a um vereador.


[Érico Ribeiro foi um dos personagens da reportagem de capa da Veja de 17 de maio de 1995 chamada ‘A Turma do Calote‘. Acréscimo feito ao texto às 18h30.]



Tanure avança


Depois de anunciar interesse pela rede de televisão CNT, do Paraná, o empresário Nelson Tanure, que explora os títulos Gazeta Mercantil e Jornal do Brasil, põe agora os olhos na Editora Três, que edita a revista IstoÉ e, diga-se de passagem, publica muita matéria paga mal disfarçada de conteúdo jornalístico. Como se diz em linguagem popular, somar Tanure e Editora Três é juntar a fome com a vontade de comer. E dane-se o compromisso com a informação. Os donos dos meios de comunicação não dão um pio sobre o assunto.


Formação pelos jornais


O escritor e jornalista Roniwalter Jatobá acaba de relançar o livro Crônicas da Vida Operária. Ele fala do papel do jornal em sua formação, e dos suplementos literários.


Roniwalter:


– Para mim foi muito importante o jornal desde que eu estudava em Campo Formoso, no interior da Bahia, em 1960, quando meu tio, na casa de quem eu estudava, recebia o jornal A Tarde, a partir do meio-dia, mais ou menos. Depois que ele lia, ele me passava esse jornal, e eu era assim, vamos dizer, um dos melhores alunos da classe porque eu lia o jornal. Então eu sabia o que estava acontecendo no mundo. Numa época em que a televisão não existia lá na região, era apenas o rádio ou o jornal impresso.


E aqui em São Paulo também o jornal teve uma importância muito grande quando eu comecei a escrever. Foi a partir de publicações como a revista Escrita, o jornal Movimento, o jornal Versus que eu publiquei os meus primeiros trabalhos literários. É fundamental a leitura, ainda hoje, dos jornais, embora a gente tenha uma dificuldade muito grande de encontrar bons suplementos, como existiam antes, porque eu acredito que os jornais não dão a importância merecida à literatura nos seus suplementos. Muitos acabaram. Eu acredito hoje que só alguns jornais tenham suplementos dedicados ao livro, como o jornal O Globo, com o caderno Prosa & Verso, que eu considero um dos melhores, ou até mesmo o jornal A Tarde, jornal até, certamente, um pouco provinciano, mas com um caderno cultural que reflete um pouco a produção intelectual e literária que sai no país.


Sangue banalizado


Três títulos de jornais do Rio, hoje. Primeiro: “Número de mortos no Vidigal já chega a treze”. Segundo: “Subsecretário descarta risco imediato de guerra na Rocinha”. Terceiro: “Menina de seis anos é baleada por colega de turma”.


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