Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

>>Formato de tiroteio
>>Mídia pode agendar o debate

Baixaria para se
diferenciar


Baixaria é a marca do segundo turno,
apesar das promessas iniciais dos dois candidatos de que se comportariam como
santinhos.


PT e PSDB fazem parte da mesma
grande família política brasileira que emergiu da luta pela redemocratização,
assim como o antigo PMDB e o antigo PDT. No poder, fizeram aliança
com partidários da ditadura. Precisam se diferenciar para competir.
Escolheram o terreno das acusações de corrupção e de mau governo.


Enquanto prevalecer na vida
partidária a geléia geral brasileira, esse quadro não se alterará.



Formato de
tiroteio


Alberto Dines diz que o formato
adotado no debate da Band favoreceu o bate-boca e a pobreza da discussão sobre
propostas.


Dines:


– Foi um debate animado sob o ponto
de vista do espetáculo, mas não foi um debate proveitoso sob o ponto de vista do
eleitor. O tom agressivo dos palanques chegou aos estúdios da Band. Ajudou a
manter acordados muitos telespectadores, mas não contribuiu para o seu
esclarecimento. Ao contrário, confundiu. A concepção do debate tornou-o muito
fragmentado. Segundo um diretor da Band, ouvido no fim do evento, os
participantes fizeram cerca de 70 intervenções. Mesmo que a cifra esteja
correta, fica claro que dois minutos para responder é pouquíssimo. Seria melhor
conceder mais tempo para as respostas e diminuir a quantidade das intervenções.
Com um tempo tão exíguo os candidatos não tiveram outra alternativa senão
despejar números em cima do pobre eleitor-telespectador sem que qualquer
possibilidade de esmiuçar propostas ou políticas. Os novos encontros poderão ser
muito úteis daqui para a frente desde que a emissora-anfitriã não fique tão
preocupada com os índices de audiência. Manter o ibope alto num debate eleitoral
não é atestado de serviço público. Ao contrário, pode ser um desserviço. Se os
candidatos tiverem mais tempo para falar tomarão mais cuidado na hora de agredir
o adversário, caso contrário poderão perder o fôlego. Com mais tempo também,
virão a tona mais idéias e a numerologia terá que ser explicada. É preciso que
lembrar que ontem foi o dia do não à baixaria da televisão.


Mídia pode agendar o
debate


Existem caminhos para que a mídia
proponha aos candidatos uma agenda de discussão dos programas e das políticas
propostas, apesar de haver convergência na preferência pelos ataques e pelo
bombardeio de números que, isolados, não fazem o menor sentido. É a agenda das
entrevistas individuais e das chamadas sabatinas. Mas é preciso que os
jornalistas a imponham, não se deixem levar pela lógica rasteira das campanhas.



Recordar é
refletir


A capa da revista Veja na
edição que anunciou a eleição de Lula, em outubro de 2002, estampava uma
simpática foto do vitorioso e dizia assim: “Triunfo histórico. O primeiro
presidente de origem popular. Seu desafio: retomar o crescimento e corrigir as
injustiças sociais sem colocar em risco as conquistas de FHC”. Lula tentou
exatamente isso e em parte o conseguiu. É bom tema para meditação perguntar por
que, tendo sido assim, a revista passou da simpatia à oposição raivosa.


Eis a imagem da capa: (ver aqui).


O voto
explicado


Espremidas entre notícias do segundo
turno, começam a aparecer, principalmente nos jornais, explicações mais precisas
para determinados resultados do primeiro turno. Por exemplo: Lula teve boa
votação no Ceará porque a transposição do São Francisco levaria água para lá.
Alckmin teve boa votação em Sergipe porque a mesma transposição tiraria água de
lá. No Amazonas, a vitória esmagadora de Lula teria sido conseqüência de uma
acusação feita a Alckmin: a de que pretenderia fechar a Zona Franca de Manaus. E
assim por diante.


Fernando
Gasparian


A morte de Fernando Gasparian,
fundador e diretor do jornal Opinião, encerra um capítulo da história
da resistência à ditadura militar. Gasparian fundou também a revista
Argumento, desenvolveu a editora Paz e Terra e criou a livraria
Argumento.



Guerra quente


Perto dos acontecimentos no Oriente
Médio e no Extremo Oriente, onde a Coréia do Norte fez um teste nuclear – por
sinal ausente da primeira página do Globo – e houve tiroteio com
soldados da Coréia do Sul, a situação na América Latina ainda pode ser
considerada amena.


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