Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

>>Horários obrigatórios
>>Raposas no galinheiro

Mensalão


Saiu uma punição ligada ao escândalo do Mensalão. O presidente da Usiminas, Rinaldo Campos Soares, fez acordo com a Comissão de Valores Mobiliários e vai pagar multa de 1 milhão de reais por ter beneficiado a SMP&B, empresa de Marcos Valério.


CLT é modernização?


Na discussão sobre contratação no serviço público pelo regime da CLT o que falta é questionar a própria CLT. É arcaica. Mas como modificá-la sem que os mais frágeis paguem a conta?


O poder iguala


Perdura o noticiário sobre acusações de fraude na companhia de habitação do governo paulista. Em editorial, a Folha critica hoje duas bases aliadas que têm papéis simétricos: a do governo federal, em Brasília, e a do governo paulista. Acusa ambas de dar as costas à sociedade.


Peritos em ocultação


Globo e Folha travam uma batalha velada a respeito da perícia em 19 cadáveres produzidos pela incursão policial no Alemão. A discussão está deslocada. O ponto crítico é mostrar como a polícia se tornou perita em dificultar perícias: desfaz a cena do crime e entrega aos hospitais cadáveres sem roupa.


Horários obrigatórios


Há uma batalha de versões também em torno da classificação indicativa. A Folha diz que o governo não recuou substantivamente. O Estadão diz que uma engenhosa estratégia de marketing, envolvendo diretores, roteiristas, atores e cantores, deslocou o eixo do debate ao classificar as novas regras como cerceamento da liberdade de criação e ameaça à democracia. O argumento é usado politicamente, para fustigar o governo.


O Ministério da Justiça não recuou no essencial, que é definir faixas de horário obrigatórias em todo o território nacional.


Essa discussão produz uma sensibilização que será efeitos positivos a médio e longo prazo.


Raposas no galinheiro


Alberto Dines diz que fábricas de cerveja não são a instância mais qualificada para definir o que é bom para a saúde pública.


Dines:


– A questão da auto-regulamentação foi crucial na discussão sobre a Classificação Indicativa dos programas de TV. As empresas de mídia queriam por que queriam cuidar sozinhas do processo – desde a classificação até o monitoramento. Perderam a parada: terão o direito de sugerir apenas uma classificação preliminar, o governo vai supervisionar sua execução, corrigir aquilo que considerar impróprio e, no caso de impasse, encaminhar a questão ao ministério público. A auto-regulamentação é um estágio superior de organização social, funciona em certas esferas e, no caso da mídia eletrônica, seria aceitável num país onde os concessionários de rádio e TV tenham demonstrado antes o seu senso de responsabilidade e respeito ao interesse público. Não é o caso da televisão brasileira, cuja folha corrida é lamentável. Sob o pretexto de “liberdade artística” impera uma subserviência absoluta aos interesses comerciais. A próxima reivindicação dos auto-reguladores é controlar a propaganda das bebidas alcoólicas na TV. Fingem que atendem às preocupações do governo com o aumento do alcoolismo, porém regulam a propaganda na TV da maneira que atenda principalmente aos anunciantes. Assim como as raposas não podem ser encarregadas de tomar conta do galinheiro convém desconfiar de publicitários que se dispõem a limitar a publicidade de bebidas alcoólicas. Quem entende de saúde pública não são as cervejeiras nem as agências de propaganda.


Luciano Martins assume Observatório no Rádio


A partir de segunda-feira, 16 de julho, este programa será editado e apresentado por Luciano Martins Costa. Luciano foi repórter na Folha e na Veja, colunista de Política, editor de Opinião e de primeira página no Estadão, criou e dirigiu o portal www.estado.com.br. É autor de vários livros, entre eles O Mal-Estar na Globalização, premiado pela União Brasileiras de Escritores no ano passado. Criou e dirige a revista Adiante, que tem foco no tema sustentabilidade. Colabora regularmente no Observatório há sete anos e aceitou convite de Alberto Dines para me substituir.


Luciano Martins é um jornalista de excelente formação, experiente, íntegro e dotado de visão crítica. Levará este programa, com a colaboração constante de Alberto Dines e Luiz Egypto, a um novo patamar de qualidade.


De minha parte, agradeço a todos os que ajudaram durante vinte e seis meses, quinhentas e sessenta e quatro edições, a fazer o Observatório da Imprensa no Rádio.


Muito obrigado aos ouvintes das rádios Cultura de São Paulo, MEC do Rio de Janeiro, Nacional de Brasília, Universidade de Rio Grande e Rádio Poste DCE da Feevale, de Novo Hamburgo, aos leitores do site, aos entrevistados, aos jornalistas e técnicos que participam do programa.