Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

>>Liberdade de expressão é do povo
>>Imprensa ajudou o Brasil a nascer

Intestinos da PF
 
No Estadão de hoje estão preciosas informações sobre bastidores das operações desencadeadas ultimamente pela Polícia Federal. Reportagem de Angélica Santa Cruz mostra a crise da instituição, apresentada na mídia, quase sempre, como um dos grandes trunfos da nação para combater o crime.


Entre amigos
 
Os jornais prestariam um bom serviço se dessem a ficha política dos integrantes do Conselho de Ética do Senado, que se preparam para passar a mão na cabeça do senador Renan Calheiros.


Corrupção privada
 
O Globo dá em manchete cálculo da Secretaria de Defesa Econômica do Ministério da Justiça: ação de cartéis provoca prejuízo de 40 bilhões de reais por ano em compras públicas. Trata-se de um capítulo importante da corrupção privada.


Liberdade de expressão é do povo
 
Alberto Dines mostra algo que o noticiário sobre a Venezuela não tem conseguido destacar: a liberdade de expressão é um bem do povo, assim como as concessões de televisão, que o Estado apenas administra.
 
Dines:
 
– Como todos os caudilhos e ditadores que se consideram acima do bem e do mal, Hugo Chávez não contava com a reação internacional ao fechamento da RCTV. Nem imaginava que os seus conterrâneos teriam a coragem de sair à rua para protestar contra o fim da concessão da mais antiga e mais popular televisão do país. Chávez contava com a retórica dos seus militantes dentro e fora da Venezuela, inclusive no Brasil. Acreditava que bastaria repetir os chavões e chavecos contra a mídia golpista-imperialista e o assunto estaria resolvido da mesma forma com que tomou conta do Legislativo e do Judiciário. Desta vez a desculpa foi esfarrapada demais, o pretexto para a violência  foi tão convincente quanto o dos nossos “aloprados” que, na véspera da eleição do ano passado, inventaram um dossiê para comprometer a oposição e quando foram flagrados também acusaram a mídia de golpismo. A doutrina de que os fins justificam os meios ainda tinha alguma credibilidade lá no fim do século Dezoito, virou piada neste início do século Vinte e Um. Isso não significa que devemos esquecer as irresponsabilidades dos grupos latino-americanos de mídia eletrônica. Erraram muito no passado, mas aprenderam lições importantes ao perceber que a crítica aos meios de comunicação é mais efetiva para corrigir distorções do que o uso da força para calar estes meios. O povo de Caracas saiu à rua não para defender vagos princípios sobre a liberdade de expressão, saiu à rua para defender o que acha que é seu. Uma concessão de TV pertence ao povo, o Estado apenas a administra.


Imprensa ajudou o Brasil a nascer
 
A historiadora Isabel Lustosa, da Fundação Casa de Rui Barbosa, escreveu livros sobre o surgimento da imprensa no Brasil. Ela e Alberto Dines foram responsáveis pela edição facsimilar do Correio Braziliense, o jornal pioneiro que ajudou a criar o Brasil independente. Em 2008 se comemorarão os duzentos anos do lançamento do jornal de Hipólito da Costa e do surgimento da imprensa brasileira. Isabel Lustosa fala do papel da imprensa no processo da independência.
 
Isabel:
 
– O que a gente pode pensar é que a censura e a preocupação da Coroa portuguesa em impedir que aqui houvesse imprensa era um sintoma de que ela tinha um papel importante. Teve um papel fundamental na Revolução Francesa, depois no processo da constituição dos Estados Unidos. A imprensa tem um papel importante na formação, mesmo em países de analfabetos, e foi o caso no Brasil, onde a leitura se fazia às vezes em coletividades, nos bares, nas praças. A imprensa é fundamental. O Hipólito da Costa tinha plena consciência disso. Por isso ele foi fazer um jornal em condições tão precárias, para garantir que aquelas informações chegassem, mesmo que para um grupo pequeno, porque ele sabia que a informação chegando, e uma visão crítica, pode ser difundida, através de alguns atores.


A ferro e fogo
 
O noticiário dos últimos dias sobre conflitos entre polícia e bandidos no Rio mostra como alguns grupos criminosos se aproveitam da ação policial para tomar posições de adversários. Após 30 dias de bangue-bangue na Vila Cruzeiro, está em curso uma espécie de remanejamento de poder em favelas. Um enredo que se repete há anos. Entre outras razões, porque há conexões entre bandidos e policiais.
 
Nesse contexto, surgem vozes não identificadas do Exército para propor uma espécie de operação limpeza inspirada no Haiti. O plano é antigo. Resta saber se as Forças Armadas querem esse tipo de envolvimento.