Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

>>Mais escola, menos mortes
>>Papa e política

Mais escola, menos mortes


O jornalista Rolf Kuntz elogia hoje no Estadão a qualidade do planejamento que precedeu o lançamento do Plano de Desenvolvimento Educacional, em contraste com as deficiências de diferentes setores do governo federal. A importância do assunto é ressaltada com a divulgação, nos grandes jornais, de que, segundo pesquisa da Fundação Seade, os jovens da cidade de São Paulo estão menos vulneráveis ao crime. Uma das razões para isso é o aumento da matrícula no ensino médio, ainda que ele seja geralmente de má qualidade.



Olhar o mundo


Um alerta constante feito por pessoas que pensam o Brasil é que não basta fazer comparações da situação atual com o passado do País. É preciso olhar para o mundo. E os jornais informam hoje que a posição do Brasil em matéria de competitividade caiu do 44º para o 49º lugar numa lista de 55 países.


PMs e vagabundos


A Folha esconde hoje em ínfimo espaço no caderno Cotidiano o que o Estadão dá em manchete do caderno Metrópole: os primeiros suspeitos de executar sete jovens sem antecedentes criminais numa praça do Jaraguá, bairro da Zona Norte paulistana, são dois policiais militares. Anteontem, a Folha minimizou a notícia e acolheu afirmação de um delegado, já afastado do caso, de que se tratava de “briga de vagabundo”, embora a próprio Folha desse a notícia da suspeita sobre o envolvimento de policiais.


Papa e política


Alberto Dines diz que a visita do papa é um espetáculo com finalidades políticas.


Dines:


– A mídia brasileira, talvez sem perceber, está ajudando o Vaticano a acionar uma ofensiva sem precedentes. A discussão sobre o aborto é apenas um pretexto: a visita do papa Bento XVI foi montada para exibir a ancestral capacidade mobilizadora da Igreja depois de uma longa letargia ante o avanço das crenças protestantes e da descrença racionalista. O espetáculo da fé iniciado ontem a partir de São Paulo para todo o país é parte de um espetáculo político, minuciosamente planejado. É legítimo: o Vaticano é um Estado, tem interesses ideológicos e interesses políticos. A mídia é que não deveria ignorá-los. Ou, pelo menos, não deveria esquecer que as comoventes exibições de devoção religiosa são a face visível de um projeto de poder que em determinados momentos deixa de lado a espiritualidade para recorrer a claras ameaças aos políticos que favorecerem a legalização do aborto. Essas coisas escapam à mídia eletrônica que há muito abdicou de qualquer exercício crítico. O que chama a atenção é que a mídia impressa, sempre mais comprometida com o debate e a autonomia, parece seguir na mesma linha. Pelo menos até ontem.


Acordo anti-republicano


Em matéria de relações Estado-Igreja o que chama a atenção hoje é um editorial em que a Folha de S. Paulo pede publicidade para um acordo sigiloso que o Vaticano estaria tentando estabelecer com o governo brasileiro a fim de: tornar obrigatórias aulas de religião no ensino fundamental, criar mecanismos constitucionais que dificultem uma eventual ampliação dos casos de aborto legal e encontrar formas de evitar que a Igreja sofra ações na Justiça. O jornal reconhece o direito do Vaticano de fazer esses pleitos mas opina que eles são, do ponto de vista de um Estado laico e republicano, inaceitáveis. Nos jornais de hoje há um contraste entre o noticiário espetacular da visita do papa e o acolhimento de pontos de vista críticos a posições da cúpula da Igreja.


Zeca-feira


Uma lista de entidades publica hoje anúncio nos jornais em defesa da publicidade de cerveja. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, revolta-se com a participação de celebridades nos anúncios e ameaça de algum modo proibi-la mediante decreto. Isso será difícil e não faz sentido. Mas Temporão tem razão para se indignar quando constata que publicitários inventaram uma Zeca-feira com Zeca Pagodinho, no lugar da quarta-feira, porque as quartas-feiras são o dia em que menos se consome cerveja no Brasil.


Gil e liberdade de expressão


O ministro Gilberto Gil defende hoje na Folha biografias autorizadas. O conhecimento humano perderia muito sem biografias não-autorizadas. Gil diz que a Justiça resolveu o conflito entre Roberto Carlos e seu biógrafo Paulo César Araújo. Não resolveu, porque a editora Planeta desistiu de batalhar na Justiça pela liberdade de expressão. A biografia não contém nada que não fosse de conhecimento público.


Apagão de gestão


Dois especialistas em energia, Adriano Pires e Rafael Schechtman, escrevem hoje no Globo que um possível apagão de energia não será decorrente de embaraços ambientais criados pelo Ibama mas por um apagão de gestão do governo federal. Essa opinião reforça conclusão apresentada ontem no noticiário do jornal Valor.