Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

>>Mensalão ou valerioduto, é corrupção
>>Jornal não faz milagre

O ministro milita


O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, assina na revista Carta Capital um artigo em que fala como militante do PT. Investe contra o que chama de “atual grande imprensa”.


O ministro inverte totalmente os fatos quando escreve, abre aspas: “As lições da história não impediram que a atual grande imprensa privilegiasse e estimulasse um ´concurso´ para verificar quem levantava as acusações mais graves contra Lula e o PT”, fecha aspas. Quem levantou acusações, na crise do “mensalão”, não foi a “atual grande imprensa”. Foram aliados do governo, como o deputado Miro Teixeira, em setembro de 2004, e o então deputado Roberto Jefferson, em junho de 2005.


Leia mais sobre o texto de Tarso Genro.


Mensalão ou valerioduto, é corrupção


Alberto Dines diz que não se deve perder de vista a natureza dos fenômenos por causa de divergências semânticas.


Dines:


– Guerra civil ou conflito militar? Na última semana, os meios jornalísticos e políticos americanos estão enfiados numa discussão semântica a respeito do Iraque: o banho de sangue entre xiítas e sunitas pode ser classificado como uma guerra civil, luta fratricida entre seitas religiosas ou trata-se de um levante contra a invasão anglo-americana? A Casa Branca não admite a denominação de guerra civil porque significa a falência do governo imposto pelos invasores. Mas o termo “insurreição” ou qualquer sinônimo significa a mesmíssima coisa: não adiantou derrubar e prender Saddam Hussein, o país está ingovernável. A semântica é fascinante, mas ela não resolve problemas concretos. Inclusive aqui, entre nós. Exemplo: virou moda condenar a imprensa simplesmente por que adotou o termo “mensalão” para caracterizar a sucessão de escândalos iniciada em maio de 2005. O último a reclamar foi o jornalista e professor de jornalismo Bernardo Kucinsky, anteriormente ligado ao governo, em entrevista à Folha de S. Paulo, sábado passado. Ele está certo: alguns pagamentos aos deputados da base aliada não foram mensais, em alguns casos nem foram periódicos. Mas como sentenciou o Procurador Geral da República num despacho histórico trata-se de uma “organização criminosa” que envolveu 40 pessoas no Executivo e Legislativo. Em vez de mensalão, serve valerioduto? E se valerioduto também não servir, que tal chamar as coisas pelo seu verdadeiro nome? Corrupção endêmica não seria mais apropriado? Será que o complô da imprensa contra o governo Lula resume-se a uma questão semântica? Neste caso, como no Iraque, não há divergências. Estamos dizendo a mesma coisa com palavras diferentes.


TAM cuida da imagem


A TAM iniciou no fim de semana uma campanha publicitária nos jornais para desvincular sua imagem dos problemas que passageiros sofrem nos aeroportos.



Jornal não faz milagre


O editor-chefe do Globo, Rodolfo Fernandes, fala das limitações da imprensa numa sociedade que não consegue estabelecer consensos sólidos em torno de reformas indispensáveis.


Rodolfo:


– Numa sociedade que é fragmentada, em termos de idéias, como a brasileira, em que, dez anos depois de se aprovar a cláusula de barreira, vem o Supremo e derruba, às vezes dá até um certo desânimo.


– Educação: LDB, depois de dez de ser aprovada e a maioria das coisas não saiu do papel. Analfabetismo: o governo, nos últimos quatro anos, gastou R$ 1 bilhão para alfabetizar adultos e o resultado é pífio. Essa discussão toda de que o meio ambiente está travando o país: quando se vai ver a lista das obras, tem um monte de obra aprovada, com licença ambiental concedida, que não anda. Os temas estão aí. O que a imprensa pode fazer tem um limite. A gente não é poder judiciário, não é Ministério Público, não é governo. Podemos identificar os problemas, alertar, fazer uns editoriais, mas se a sociedade não tem determinados consensos – e talvez seja isso que falta no Brasil – a gente vai sendo uma uma sociedade fragmentada, mesmo.


Leia aqui a entrevista completa de Rodolfo Fernandes.


Defesa da BBC


O historiador Timothy Garton Ash defende hoje, em artigo traduzido pelo Estadão, a importância da BBC. Está em discussão a taxa paga pelos cidadãos britânicos para manter os serviços da mais importante rede pública de informação.


Pinochet foi mordaça


Os jornais brasileiros dão hoje ampla cobertura à morte de Augusto Pinochet. Seu regime foi um dos períodos mais sombrios não apenas da política, mas também da mídia na América do Sul.