Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

>>Não aos esquadrões
>>O herói foi para o espaço

Não aos esquadrões


É brava a resistência do Ministério Público, do Conselho Regional de Medicina, de outras entidades e da mídia à tentativa dos esquadrões da morte de reconquistar espaço no vácuo da desorganização estatal patenteada pela violência criminosa em São Paulo.


Derradeiros baluartes


O décimo primeiro absolvido, Vadão Gomes, um barão “mensaleiro”, ganhou chamadinha discreta na capa dos jornais.


O deputado Fernando Gabeira disse na televisão que os presidentes do Senado e da Câmara estão a serviço de quadrilhas.


O Ministério Público e a imprensa têm a responsabilidade de não deixar cair no esquecimento a máfia das ambulâncias.


É a economia!


Que as pesquisas de intenção de voto não se sintam ofendidas, mas não há nada mais importante agora do que a discussão sobre o quadro econômico mundial e brasileiro. Ontem os noticiários de televisão ainda deram tratamento rotineiro às oscilações do Sr. Mercado, mas nos jornais de hoje começa uma discussão mais aprofundada. Ou menos superficial.



O herói foi para o espaço


Alberto Dines mostra como a mídia gosta de fazer heróis, no caso o astronauta Marcos Pontes, mas se abstém de criticá-los quando sua trajetória fica mais prosaica.


Dines:


– Nosso astronauta fez um papelão. Não é a primeira vez que um militar capacitado e competente deixa a ativa e vai para a reserva atraído pelas oportunidades da vida civil. O que chama a atenção nesta inesperada reforma do major Marcos Pontes é que dois meses depois de serem gastos dez milhões de dólares no seu passeio espacial a bordo de uma espaço-nave russa sai de cena aquele que foi apresentado como o protótipo do herói nacional moderno. Tudo indica que houve problemas de caráter financeiro: na qualidade de oficial das Forças Armadas o astronauta não poderia receber os polpudos cachês como conferencista. Pulou fora, isso acontece.


Mas o que não podia acontecer é este tipo de reação da nossa mídia, principalmente a mídia eletrônica e principalmente, a Rede Globo. Durante os dez dias do passeio espacial o Jornal Nacional nos bombardeou com chatíssimas entrevistas e reportagens sobre o sensacional feito do Gagarin nativo. Mas a história do herói que cansou de ser herói foi completamente esquecida pelo noticiário eletrônico. Sabemos que a mídia precisa fabricar heróis para em seguida desfazer-se deles. No caso do astronauta, a mídia só fez a primeira parte, depois saiu de fininho, envergonhada com a sua própria façanha.


Farra das legendas


A única medida séria que havia na nova legislação de campanha foi derrubada pelo Tribunal Superior Eleitoral. Era a distribuição de tempo na televisão aos partidos segundo as bancadas eleitas e não segundo o dia da posse dos parlamentares. O TSE prefere o statu quo do troca-troca.


Nos olhos dos outros


O Jornal Nacional noticiou ontem abertura de inquérito para investigar a Record, a Bandeirantes e Rede TV! por reportagens veiculadas durante os ataques do PCC. Não, leitor, ainda não é uma esperada autocrítica da mídia televisão. Apenas uma cutucada em concorrentes pilhadas em flagrante delito de sensacionalismo.


Ver, no blog Verbo Solto, de Luiz Weis, ‘Três redes de TV na mira da Justiça‘.


Viagens em cima da hora


Veronica Goyzueta é presidente da Associação dos Correspondentes Estrangeiros em São Paulo. Peruana, ela trabalha no Brasil há 13 anos. Atualmente, é correspondente do jornal ABC, de Madri. Veronica critica a superficialidade da cobertura, pela mídia brasileira, dos processos eleitorais na América do Sul.


Veronica:


– Este é um ano com muitas eleições na América Latina, inclusive no Brasil. Cada vez que tem um evento importante, uma eleição, se manda um enviado especial praticamente no final de semana da cobertura, ou na semana do evento. Isso já é um avanço, porque há alguns anos atrás a gente nem via essa movimentação. No caso específico do Peru, acho que deve acontecer um aumento [no número] dessas notícias no final de semana da eleição. Mas mesmo assim as informações que chegam são muito parecidas com as que a gente recebe das agências, que são informações muito gerais, superficiais.


De fato, não tem uma cobertura muito profunda de América Latina na imprensa brasileira. A grande prova disso foi a cobertura recente do que aconteceu com a Bolívia. Mostrou como há um desconhecimento sobre o que acontece na Bolívia, que não é simplesmente uma questão de negócios, mas um problema social, e uma reivindicação do povo boliviano ao Evo Morales. Teve jornalista que até mandou invadir a Bolívia.


Mauro:


– No próximo domingo há eleição na Colômbia. E no domingo seguinte, o segundo turno no Peru.


No reino da apelação


Novos ingredientes para a temporada de explorações políticas de desgraças: depois da explosão de violência em São Paulo, os percalços da economia. Seria demais esperar que os principais partidos fizessem um pacto em torno da defesa das conquistas já obtidas e do enfrentamento dos maiores problemas?


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