Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

>>Não isolar a segurança
>>Opinião em branco

Não isolar a segurança


Falar isoladamente em segurança pública é pura mistificação. As campanhas eleitorais, calcadas num marketing que não consegue formular nem as perguntas certas, quanto mais respostas apropriadas, procurarão metodicamente dissociar os problemas da distribuição de renda, da urbanização sem emprego e infra-estrutura básica, do fracasso dos serviços públicos e do custo excessivo de um Estado encharcado até a alma de corporativismo.


Opinião em branco


Alberto Dines mostra como o debate entre intelectuais sobre cotas raciais passa longe do conhecimento da opinião pública.


Dines:


– As manchetes com as sentenças de Suzane e os irmãos Cravinho dominaram todo o fim de semana. Mas sob o ponto de vista político o que chamou a atenção foi a manchete da Folha no domingo com os resultados da sondagem do Datafolha sobre quotas raciais. O resultado realmente surpreendente não é o percentual de pessoas que apóia as quotas. Não estava na primeira página mas lá no meio do caderno Cotidiano sem destaque estava a informação: menos da metade dos entrevistados pelo Datafolha conhece a proposta das quotas raciais e destes apenas nove por cento, nove por cento, declararam estar bem informados. Sabemos que a tramitação do Estatuto de Igualdade Racial no Congresso leva tempo mas a irada celeuma travada entre os dois grupos de intelectuais – contra e a favor das quotas – sugeria que o confronto chegara a toda a sociedade. Engano. Conclusão: os intelectuais brigam, a mídia faz onda e a opinião pública não sabe de nada.


Clientela diplomada


O site do Observatório da Imprensa abriu espaço para manifestação de profissionais de comunicação sobre o projeto de lei encaminhado pela Federação Nacional dos Jornalistas, e pendente de sanção presidencial, que aumenta o número de funções para as quais há exigência de diploma de faculdade de comunicação. (Clique aqui para ler as opiniões.)


Exigir diploma é inócuo para promover a necessária melhoria dos padrões de qualidade profissional e ética do jornalismo brasileiro. Serve sobretudo para aumentar a clientela de entidades sindicais.



Jornal Nacional faz política


O repórter Daniel Castro, da Folha, especializado em televisão, explicou por que há no Jornal Nacional uma inusitada cobertura jornalística de atividades diárias de candidatos de mentirinha, como José Maria Eymael e Luciano Bivar. É uma barganha que a Globo fez com os partidos desses candidatos para que eles abram mão de participar do debate marcado para setembro. Nessa onda, cresceu a candidatura da senadora Heloísa Helena.


Isso mostra como o Jornal Nacional se tornou um fator de alteração do próprio quadro político. O jornalista Octavio Tostes ficou quase vinte anos, até 2003, na Rede Globo. Ele avalia a trajetória do Jornal Nacional.


Tostes:


– O Jornal Nacional inaugurou uma nova era no jornalismo brasileiro ao adotar, nos anos sessenta, o padrão americano de telejornais, de agilidade, imagens rápidas, contrariando o que se fazia antes no Brasil. Esse padrão refletiu no jornalismo o padrão de qualidade que o Boni implantou na TV Globo nas novelas e nos shows. E é curioso observar que isso que começou como uma coisa plástica, com o amadurecimento da sociedade brasileira, com a democratização e o próprio amadurecimento do telejornalismo brasileiro levou o Jornal Nacional a um padrão jornalístico que se, sob alguns critérios, pode ser considerado ainda longe dos melhores padrões internacionais, sem dúvida nenhuma é hoje muito melhor do que era 30 anos atrás, pela busca de equilíbrio e isenção que o jornal procura dar. Grandes jornalistas, absolutamente respeitáveis, vêem hoje o Jornal Nacional como algo indispensável, e não só porque é o jornal de maior audiência no país.


Solidariedade restrita


Criou-se no país uma polêmica em torno da atuação do governo para tirar brasileiros da zona de guerra no Líbano. Outros países parecem contar com melhores meios para pôr a salvo seus nacionais. Mas se dá proporcionalmente pouca importância às informações sobre medidas capazes de melhorar a sorte de libaneses e israelenses submetidos a bombardeios. É como se todos os países dissessem: tiremos os nossos, e os outros que se devorem.


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