Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

>>Palanque nacional
>>Circo de horrores ignora causas

Palanque nacional


Perfeita ilustração da importância política do Jornal Nacional está hoje em reportagem do Estadão sobre a campanha de Geraldo Alckmin. O candidato do PSDB quer produzir notícias diárias para aparecer na telinha. Precisou aprender isso com a senadora Heloísa Helena.


Circo de horrores ignora causas


Alberto Dines pede da mídia, em relação a crimes bárbaros, menos circo e mais elementos para reflexão.


Dines:


– A mídia está enfiada na cobertura de dois julgamentos aqui em São Paulo, crimes horrorosos, melhor usar este adjetivo do que “hediondo”, inteiramente desgastado. É justo este interesse, já que o assassinato do casal Richthofen e do casal de jovens namorados Liana Friedenbach-Felipe Caffé comoveram a opinião pública pelas circunstâncias bárbaras em que ocorreram. Julgamentos têm uma função educativa, devem mostrar a administração da justiça, a inexorabilidade do sistema penal, mas muitas vezes estes julgamentos são convertidos em espetáculo. Este circo forense não pode distrair a sociedade e fazê-la esquecer que estas barbaridades não são casuais, fazem parte de um ambiente marcado pela degradação e pela desumanidade. Além do suspense em torno das penas que serão aplicadas, seria conveniente que a mídia, sobretudo a mídia eletrônica e, sobretudo, a televisão, se preocupasse também com as mensagens que emite. Estes assassinos não são casos isolados, alguém botou em suas cabeças que matar é coisa corriqueira e o crime compensa.


PCC ameaça Oeste paulista


Se não seguissem o circo televisivo Richtofen, os jornais informariam melhor sobre a gravidade do que ocorre no Oeste paulista, onde o PCC insiste em tentar assaltar presídios para libertar seus chefes.


Em Presidente Prudente, há 15 dias a Polícia vigia praticamente na porta de casa um ex-preso comandado pelo PCC que tem instruções para agir e não consegue cumpri-las. Sua punição pode ser a morte.


Onde o crime é a regra


O Painel da Folha noticia hoje reunião da cúpula da segurança federal para trocar informações. Mas essa cúpula, como a mídia, não possui as informações necessárias, afirma o jornalista Carlos Amorim, autor do livro CV, PCC: A irmandade do crime, que vendeu uma edição inteira, a oitava, desde que eclodiu a onda de violência de maio em São Paulo. [Clique aqui para ler resenha.]


Amorim:


– O que me chama a atenção nessa história de cobertura dos fenômenos ligados ao crime organizado é a falta de embasamento da informação e a falta de conhecimento desse fenômeno como um ciclo histórico e até sociológico dentro do país e no mundo.


O Estado brasileiro está atrasado mais de vinte anos no entendimento desse fenômeno, quanto mais na condição e na capacidade de conduzir uma política de segurança adequada. Eu me lembro de ter feito uma palestra há 12 anos atrás para 600 oficiais das Forças Armadas, e as coisas que eu falava para eles eles ouviam como se eu estivesse falando em chinês. E depois disseram: Nós nunca tínhamos ouvido falar em muitas dessas coisas. Ali deveria estar a excelência militar do país. A mesma coisa acontece com a Polícia. Você conversa com delegados, com gente às vezes responsável por departamentos inteiros da Polícia, e acham que essa questão de tráfico de drogas, de tráfico de armas, de incrustação social do criminoso… O criminoso hoje já é um estrato social modificado. Ele deixou de ser a exceção e passou a ser a regra em uma parte ponderável da população brasileira. As polícias estão muito longe de olhar para isso. A universidade brasileira não estuda isso profundamente. Se você não tem conhecimento, você não vai conseguir produzir boas medidas de combate a esse fenômeno.


Clique aqui para ler entrevista de Carlos Amorim.


Faroeste em Marília


O diretor do Diário de Marília, José Ursílio de Souza, era o alvo de um atentado a tiros sofrido na terça-feira por outro homem perto da sede do jornal. Ursílio é diretor também das rádios Dirceu AM e Diário FM, de Marília.


Em setembro do ano passado, o jornal e as emissoras de rádio foram incendiados. Em outubro, a Polícia pediu a prisão de Rafael Camarinha, filho do ex-prefeito Abelardo Camarinha e irmão do deputado estadual Vinicius Camarinha. Rafael, de 23 anos, foi assassinado em março.


Esse faroeste acontece numa cidade que tem 220 mil habitantes e três universidades.


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