Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

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Palocci na berlinda


Complica-se a vida do ministro Antonio Palocci. A imprensa não abriga nenhuma acusação específica que coloque o ministro num plano semelhante ao de José Dirceu, mas nas últimas semanas muitas denúncias novas envolvem ex-auxiliares de Palocci na Prefeitura de Ribeirão Preto. Ele poderá ser convocado a depor. Segundo o Estado de S. Paulo desta terça-feira, 8 de novembro, o governo está preocupado com a situação do ministro da Fazenda.


Mais entrevistas


O Alberto Dines diz que a entrevista do presidente Lula no programa Roda Viva foi um sucesso jornalístico, deveria se repetir com alguma freqüência. E destaca um argumento de Lula contestado pelos fatos.


Dines:


– Mauro, não doeu e foi bom para todos. Mas por que razão demorou tanto para que o presidente Lula se convencesse da necessidade de falar com a imprensa de uma forma livre e descontraída? Por que razão um político que tanto deve à imprensa agora esconde-se dela? Enquanto não aparece uma explicação convincente é preciso constatar que a entrevista ao Roda Viva ontem à noite e que se estendeu até os primeiros minutos de hoje foi um sucesso. Não apenas para o entrevistado e os entrevistadores, mas sobretudo para a instituição jornalística. Se, nestes seis meses de confusão política, tivessem ocorrido pelo menos três encontros iguais a esse, muita tensão teria sido evitada.


Isso não significa que tudo tenha ficado claro e esclarecido. Não, o presidente Lula repetiu algumas vezes uma, digamos, impropriedade e nenhum dos presentes chamou a sua atenção: disse ele que o deputado Roberto Jefferson foi cassado porque fez uma denúncia sem fundamento. Ora, Jefferson perdeu o mandato porque assumiu que foi corrompido. E se o corrompido foi castigado faz todo o sentido que o corruptor também o seja. Detalhes.


Ministro ou advogado?


O presidente Lula deu no programa Roda Viva uma resposta constante para várias questões incômodas: as CPIs devem investigar. Mas no jornal Valor de hoje, Raymundo Costa relata a desconfiança de parlamentares das CPIs de que haja uma “mão invisível” por trás de todos os embaraços encontrados para apurar os fatos. Essa mão seria do Ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, que ao longo de toda a crise não chegou a decidir se é ministro da República ou continua a ser advogado criminalista.


O nome da crise é “mensalão”


A maior proeza do presidente Lula e do PT terá sido conseguir passar à opinião pública a versão de que não houve “mensalão” na Câmara dos Deputados. Desde o início da crise, quando Roberto Jefferson rompeu a lealdade de aliado, esse é o ponto crítico para o governo. O acúmulo de novas denúncias às vezes faz com que a imprensa se afaste desse tópico essencial. O “mensalão” é a originalidade do PT no poder, fruto de uma política de alianças desastrada e do dinheiro fácil, expressão do próprio Lula.


Dirceu rifado


Os jornalistas fizeram no Roda Viva perguntas essenciais, mas o estilo do presidente Lula, sua determinação de atravessar a crise em defesa de seu projeto político, mais do que de buscar a verdade, sua capacidade de se esquivar, não deixaram margem para réplicas mais embaraçosas.


Ao tratar quase todos os assuntos no mesmo tom defensivo, Lula retirou relevo e credibilidade de suas explicações. Não é possível que todas as questões estejam no mesmo plano. Hoje, a imprensa capta nas manchetes as mudanças de discurso do presidente, os fatos novos: a condenação do caixa dois, a designação de Delúbio Soares como traidor e o reconhecimento, enfeitado com os elogios de praxe, de que José Dirceu não escapará da cassação.


Ontem mesmo Dirceu acusou o golpe. Criticou Lula numa reunião com petistas egressos do Partido Comunista Brasileiro. Está no Globo de hoje.


Imprensa sob pressão na Venezuela


A jornalista Patricia Polea, filha do dono do diário El Nuevo Pais, da Venezuela, e o banqueiro Nelson Mezerhane, dono da Globovision TV, estão entre sete acusados pelo assassinato do investigador federal Danilo Anderson. Um ano atrás, uma bomba explodiu no carro de Anderson. O governo de Hugo Chávez diz que foi parte de um complô.


A secretária de Organização do Sindicato dos Jornalistas da Venezuela, Ana Diaz, diz que sua entidade luta pela liberdade de expressão e informação, porque na Venezuela, no momento, “não se respeita o estado de direito”. Ana Diaz não entra no mérito das acusações. Pede para Patricia Polea o devido processo legal e o respeito aos direitos humanos.


Por contraste, fica mais fácil valorizar a liberdade de imprensa vigente no Brasil.