Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

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Quércia no palácio

Ainda há muito chão antes de se saber se o PMDB, ou uma facção dele, vai marchar com o presidente Lula e o PT na campanha eleitoral. Mas merece ir para a antologia da crônica política a visita ao Palácio do Planalto do ex-governador Orestes Quércia, tão execrado por um largo espectro de forças, no qual brilhava o PT. Quércia é um político e homem de negócios hábil. Quando o presidente Fernando Collor convidou-o ao Planalto, em 1992, na reta final de sua dêblace, ele recusou o abraço da morte.


Juros não mataram crescimento


A leitura despartidarizada das manchetes sobre economia deveria ser comemorativa. Em primeiro lugar, crescimento do Produto Interno Bruto. Em segundo lugar, serenidade na decisão do Banco Central de diminuir o ritmo de redução da queda da taxa básica de juros. Mas, para quem se lembra do clamor de determinados setores contra o papel assassino do Banco Central, não deixa de ser curioso constatar que a elevação dos juros, para combater a inflação, não impediu o crescimento. Uma das vozes desse coro era a do então ministro do Planejamento, depois presidente do BNGES, Guido Mantega, agora convertido à ortodoxia da qual o presidente Lula, lucidamente, não se desgruda.


Sofrimento calçadista


Hoje falo de Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Uso as instalações do Laboratório de Rádio do Centro Universitário da Feevale, graças à gentileza do estudante Emerson Martinez Fortes, do Diretório Central dos Estudantes, e da professora de Radiojornalismo Neusa Ribeiro.


Novo Hamburgo, cidade de 250 mil habitantes, vive agudamente a crise da indústria calçadista gaúcha. Entre empresas que encerraram as atividades e empresas que as transferiram para estados do Nordeste, 18 mil empregos já foram perdidos no estado.


No dia 10, uma marcha calçadista levou 1.500 pessoas a Brasília. Tudo que saiu sobre o ato na grande imprensa do circuito São Paulo-Rio-Brasília foi uma nota de 100 palavras no Estadão.


O presidente da Associação Comercial e Industrial de Novo Hamburgo, Ricardo Wirth, que é também vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Calçados, explica o problema.


Wirth:


– Nós aqui no Rio Grande do Sul somos o maior pólo industrial de calçados do Brasil. Nós também temos o maior volume de exportações. Cerca de 70% das exportações brasileiras são produzidas no Rio Grande do Sul. Nós sofremos muito com o problema da variação do real. Hoje, todos os setores exportadores são afetados, estão reclamando da cotação da moeda, que está trazendo sérias dificuldades. E nós aqui temos uma outra característica. Em função da longa tradição exportadora, nós desenvolvemos aqui um parque industrial exclusivamente exportador. Temos muitas fábricas que só exportam. Elas têm a totalidade da sua receita afetada pelo dólar.


Catimbas de tribunal


Não é bom sinal que o ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa tenha colocado na internet, e depois mandado tirar, os autos do inquérito do “mensalão” instaurado pelo procurador geral da República, Antonio Fernando de Souza. O plenário do STF também julgou que não seria correto divulgar os autos desse inquérito e não de outros. Mas convém lembrar que o ministro Barbosa já anunciou que esse caso levará anos para ser julgado.


Crime não é show


Do advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo, ex-advogado de Suzane Richtofen, sobre a idéia desatinada de permitir a transmissão televisiva do julgamento de Suzane, em artigo no Estado de S. Paulo desta quint a-feira, 1 de junho.


“Crime não é show. Justiça não é entretenimento. Júri não é negócio”.

Mariz de Oliveira usa o argumento de que anúncios ao longo da transmissão do espetáculo dariam lucro às emissoras. Nesse caso, os jornais televisivos, quase todo dia um concentrado de tragédias e abominações, deveriam ser transmitidos sem anúncios publicitários. Esse argumento não funciona.


Para Mariz, parece estar chegando ao ápice um processo de glamurização do crime. Seria interessante pesquisar o que ele fez, quando foi secretário de Segurança do governo de Luiz Antônio Fleury Filho em São Paulo, para contra-arrestar essa tendência.


PCC é questão nacional


No mesmo Estadão, o ex-ouvidor da Polícia do estado de São Paulo Benedito Mariano pede a criação de um Ministério da Segurança Pública, como estava no plano de campanha do presidente Lula do qual ele foi um dos autores. A proposta se perdeu pelo caminho e cada vez mais se sente o prejuízo que isso causou. Nenhum país enfrentou seriamente o crime organizado sem federalizar, ou nacionalizar, no casos dos Estados unitários, a questão.


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