Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

>>Sensação de vazio
>>Cervejas assassinas

Suplências questionadas


Nunca havia sido discutida a posse dos suplentes que assumem por um mês vagas deixadas por titulares no Congresso. Sinal dos tempos. O que há de mais aberrante é que os suplentes de senadores não são votados pelo povo. Mas acabar com essas suplências criará um problema de financiamento de campanha para muitos candidatos. Suplentes são, em numerosos casos, doadores de recursos.


Quando mocinho é bandido


Convém sempre lembrar que a criminalidade no Rio não ocorre por falta de efetivo policial. Ao contrário. Em parte, ocorre com a colaboração de forças policiais. Policiais vendem armas para traficantes, por exemplo. E, em paralelo, policiais ajudam grupos de extermínio conhecidos como “milícias”, conforme denúncia do Observatório de Favelas publicada hoje na Folha de S. Paulo.


Sensação de vazio


Alberto Dines fala da sensação de vazio nestes primeiros dias do segundo mandato de Lula.


Ele escreve:


A festa da posse teve algo de fim de festa. Bem que a imprensa se esforçou em criar alguma animação e expectativa. As férias do presidente e de alguns de seus ministros anunciadas para os próximos dias criaram um clima de intervalo justamente quando se esperam novidades, surpresas, ação. E, como se não bastasse, os ministros sentados à espera da confirmação ou substituição dão a impressão de que a sessão de cinema ainda não começou, ainda estamos nos trailers e comerciais. Ou então comprando pipoca. O jornalismo de verão, em qualquer parte do mundo, costuma ser um jornalismo de banalidades, frívolo. Ou, para escapar da modorra, inclinado para o agito e o sensacionalismo. Ao montar a sua estratégia política para o início do segundo mandato, o governo não levou em conta a inevitável sensação de reprise, o conhecido dèjá-vu. Aldo Rebelo, que passou metade do primeiro mandato disputando com José Dirceu o comando da coordenação política do governo, inicia o segundo mandato disputando novamente, desta vez a presidência da Câmara com Arlindo Chinaglia. A solução de dar um ministério ao candidato que desistir, em vez de oferecer algum suspense, só aumenta o cansaço. A imprensa não pode ser culpada por esta redundância generalizada nem por eventuais tentativas de animar a festa com algum sacolejo ou denúncia. Em qualquer parte do mundo, os cem primeiros dias de um novo governo são planejados de modo a marcar a sua imagem para sempre. Faltam 97 mas parece que os 100 dias já passaram.


Merval Pereira comenta hoje no Globo texto de Alberto Dines sobre a classificação como terrorismo dos ataques criminosos no Rio, feita pelo presidente Lula. Merval concorda com a idéia de que a manifestação do presidente representa um marco.


Rede pública ou estatal?


O ministro das Comunicações, Hélio Costa, anunciou a criação de uma rede pública de rádio para todo o país. O Estadão chama a rede de estatal.


Cervejas assassinas


A ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéia Freire, aplaude o artigo publicado ontem na Folha de S. Paulo pela socióloga da Universidade de Brasília Berenice Bento, com críticas certeiras contra a exploração da figura feminina em propagandas de cervejas. O artigo se chama “A cerveja e o assassinato do feminino”.


Nilcéia:


– Eu concordo plenamente com o que Berenice escreve. Tem sido uma preocupação nossa observar o que a mídia, o que a comunicação faz, do ponto de vista da reprodução de estereótipos, da desvalorização da imagem feminina.


Quando nós discutimos a violência, nós não nos preocupamos em olhar as matrizes que formam a violência. Essa questão das campanhas das cervejarias tem sido reiteradamente criticada pelas mulheres. Nós já entramos, com relação a outras propagandas, com representações no Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária), mas é preciso que a sociedade se manifeste, como está se manifestado a Berenice, e nós só temos a aplaudir.


Mauro:


Clique aqui para ler a entrevista completa de Nilcéia Freire.


Cabral descobre o Rio


Existe algo de truque publicitário nas manifestações indignadas do governador Sérgio Cabral a respeito do péssimo funcionamento de serviços públicos no Rio, da segurança à saúde. Ele foi presidente da Assembléia Legislativa. E pertence ao PMDB, partido de Rosinha Garotinho, que o antecedeu no cargo. Mas a mídia repercute, imperturbável.