Tuesday, 16 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

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Todos pelo etanol

O fantasma da crise mundial de alimentos voltou a ser tema de reportagens na imprensa internacional durante o final de semana.

No Brasil, Veja deu apenas uma página e meia sobre o assunto, mas não cometeu heresias.

Procurou oferecer um quadro amplo das razões do aumento de preços de alimentos básicos, acrescentando àquilo que os jornais vinham descrevendo como causas da crise o aumento dos preços do petróleo – 110% desde o começo de 2007 – e saiu em defesa dos biocombustíveis.

O Globo abriu espaço destacado para o presidente Lula defender o etanol brasileiro, que deve sofrer pressões por conta de interesses dos grandes investidores na indústria do petróleo e enfrenta o desafio das políticas de subsídios dos países mais desenvolvidos.

O Estado de S.Paulo revela que os ataques ao etanol brasileiro não reduziram o entusiasmo dos megainvestidores nem a disposição dos usineiros para aumentar a produção.

O jornal paulista anuincia uma safra recorde da cana neste ano, com 32 novas usinas operando até o final do ano.

E esclarece que os canaviais estão avançando sobre antigas pastagens.

Faltou alertar que as novas pastagens podem avançar sobre reservas florestais, mas aí já seria querer demais.

A Folha acrescenta que o Brasil também se beneficia das previsões de investimento recorde nas novas reservas de petróleo descobertas recentemente em território brasileiro, o que amplia o cenário positivo da economia para lá de 2012.

As perspectivas parecem ainda mais otimistas, segundo o jornal, porque boa parte dos investimentos é de iniciativa de empresas brasileiras de portes variados, o que oferece uma possibilidade de crescimento mais diversificado e sólido.

Para os leitores habituados a manifestações críticas da imprensa ao atual governo, pode parecer estranha a convergência entre o que vem declarando o presidente da República à imprensa internacional e o respaldo que a imprensa brasileira lhe dá.

Não que se esperasse uma atitude contrária aos interesses do País somente porque eles são manifestados por um presidente que não conta com a simpatia geral da mídia.

É apenas o registro de uma mudança de atitude ditada por interesses que extrapolam as redações: mais do que nunca, as empresas de comunicação precisam que a economia nacional se mantenha estável e em crescimento. O biocombustível e as novas reservas de petróleo são a principal base para a atração de investimentos.

A imprensa pode não gostar de Lula, mas nunca foi de rasgar dinheiro.

A fraude perdeu

Piratas da internet tentaram fraudar a votação no site do Observatório da Imprensa.

O episódio chama atenção para o risco da coleta de opiniões online.

Ouça o comentário de Alberto Dines:

– O site do Observatório da Imprensa (que nestes dias completa 12 anos de existência) foi novamente atacado por hackers, crackers ou terroristas virtuais. O nome não importa, importa o objetivo. No caso o objetivo era prejudicar a informação e um veículo de informação através da sabotagem e da intimidação.

Antigamente, este tipo de ataque era chamado de empastelamento, palavra que significa ‘invadir uma gráfica ou redação de jornal, para inutilizar o trabalho em curso ou danificar equipamentos e materiais.’

Os delinqüentes desta vez não tentaram impedir o funcionamento do site, queriam aproveitar-se clandestinamente da pergunta veiculada pela urna eletrônica desde a última terça-feira: ‘Como avalia a cobertura do caso de Isabella Nardoni — informativa, investigativa ou sensacionalista?’.

Não há dúvidas de que a cobertura da mídia sobre o assassinato da menina foi e continua sendo apelativa e emocional. Os crackers perceberam que poderiam aproveitar a visível e natural vantagem da opção pelo sensacionalismo para desmoralizar a imprensa como instituição, desqualificar a consulta e comprometer este Observatório com a divulgação de uma gigantesca fraude.

No lugar da média dos 300 ou 400 votos diários conseguiram em dois dias colocar 75 mil votos na opção ‘sensacionalismo’. A contagem foi suspensa e zerada. A nova votação evidentemente sinaliza para a mesma opção já que esta tem sido a opinião majoritária nas três versões do ‘Observatório’. Mas os números agora são confiáveis.

O empastelamento foi interrompido. Os fraudadores perderam outra parada.


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