Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

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Negócio suspeito

Os jornais começaram a prestar atenção num dos grandes negócios que movimentam há dias o setor de petroquímica.

A oferta que a Petrobras fez para a compra da Suzano, na semana passada,  vinha produzindo notas e comentários, mas não haviam aparecido ainda suspeitas de irregularidades.

Especialistas consultados pelos jornais apenas observavam que o valor do negócio, 2 bilhões e setecentos milhões de reais, era bastante elevado em relação ao patrimônio da Suzano.

Além disso, executivos do setor questionavam a estratégia da Petrobras, que com a compra passa a dominar 30% do mercado.

Parlamentares haviam acusado o governo de inflar a estatal, produzindo uma reestatização disfarçada do setor.

Lição de casa

Hoje, todos os jornais destacam que o Tribunal de Contas da União anunciou que vai investigar o negócio.

Mas o Globo foi além. Descobriu que o Ministério Público Federal e a Comissão de Valores Mobiliários, responsável pela fiscalização do mercado de ações, estão investigando a suspeita de uso de informações privilegiadas.

Existe a suspeita de que alguém ganhou algum negociando ações da Suzano antes e depois da oferta da Petrobras.

Na terça-feira, uma juíza da 23a. Vara Federal do Rio havia congelado os lucros da transação na Bolsa de Valores, mas os nomes dos suspeitos não haviam sido divulgados.

As informações sobre quem está sendo investigado ficam protegidas por segredo de Justiça, mas o Globo fez a lição de casa que os outros jornais esqueceram.

Estava na internet

O Globo obteve a informação de uma maneira muito simples: seus repórteres vasculharam o site da Justiça Federal no Rio durante a madrugada de quarta-feira, e descobriram os nomes.
Logo depois, a informação sigilosa foi tirada do site.

E hoje apenas o Globo tem a informação de que os suspeitos são uma empresa uruguaia que tem participações na Amazônia Celular e o gestor de carteiras de ações Antonio Carlos Reissmann.

Nem é preciso lembrar que cada tentativa de fraude no mercado de ações, como o que está sendo investigado, é uma pedra no caminho do Brasil rumo ao sonhado status de país seguro para investimentos.

Jobim ocupa espaço

O ministro da Defesa, Nélson Jobim, é a estrela na manchete do Estado de S.Paulo.

O tranquilo, seguro e incisivo depoimento do ministro, ontem, na CPI que investiga os problemas da aviação civil, coloca alguma ordem no conturbado noticiário que vem sendo apresentado aos leitores desde o acidente com o Airbus da TAM em Congonhas.

O ministro fez um amplo e detalhado relato sobre os problemas que se acumulam nos principais aeroportos do país há vários anos, mas foi o anúncio de que vai exigir mais espaço entre as poltronas dos aviões que sensibilizou os jornais.

Nélson Jobim é um político experiente.

Ao atrair o interesse da imprensa para o problema do desconforto interno nos aviões, ele afasta um pouco os olhos e ouvidos do problema da segurança, cuja solução é bem mais complexa.

Além disso, coloca na berlinda as empresas aéreas, o que pode desviar um pouco das pressões sobre o governo.

As empresas reagiram ‘com indignação’, segundo o Estado de S.Paulo.

E ameaçam aumentar os preços das passagens se a Agência Nacional de Aviação Civil as obrigar a aumentar o espaço entre as poltronas, reduzindo a capacidade dos aviões.

Investidor frustrado

Uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas não deixa de ser curiosa a informação de que o traficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadia pretendia investir no setor de aviação civil.

Segundo a Folha, um assecla de Abadia havia especulado sobre a compra de um hangar no aeroporto Campo de Marte, em São Paulo.

Segundo o Estadão, Abadia estava planejando abrir uma empresa de taxi aéreo no Brasil.

Atletas cubanos

Os jornais finalmente começaram a dar atenção ao caso dos boxeadores cubanos que foram deportados pelo governo brasileiro.

Depois de terem sido furados pela imprensa internacional, com reportagens extensas e detalhadas, os jornais brasileiros finalmente começam a levantar  a história da escapada dos atletas durante os Jogos Panamericanos do Rio.

Mas o leitor ainda não sabe se eles fugiram ou se foram abduzidos.

Portas abertas para Renan

O senador Renan Calheiros resiste como pode, mas hoje os jornais abrem várias portas que podem conduzí-lo para fora da presidência do Senado.

Até o presidente da República, em visita à Nicarágua, pediu que o caso tenha logo um desfecho, para que o Congresso possa retomar as votações de projetos de interesse do Executivo.

Os jornais oferecem um leque de opiniões, até mesmo de aliados do senador peemedebista, no sentido de que Renan se licencie da presidência do Senado para facilitar as investigações e desfazer o bloqueio das votações.

Em favor do filho

No mesmo dia em que respondia à acusação, publicada em primeira mão pela revista Veja, de que havia comprado participação em duas emissoras de rádio de Alagoas, Renan Calheiros assinou o ato de concessão de licença para a rádio JR Difusora de Maceió.

A emissora está em nome de Carlos Ricardo Nascimento Santa Rita, Indefonso Tito Uchoa Lopes e José Renan Calheiros Filho.

Carlos Santa Rita é funcionário do presidente do Senado em Brasilia. Tito Uchoa é primo do senador. O outro dono da rádio é filho de Renan Calheiros.

O Estado de S.Paulo observa que a concessão de emissoras é uma decisão do Congresso e a autorização é sempre assinada pelo presidente do Senado.

Mas a assinatura de Renan Calheiros no documento que favorece o próprio filho mostra o quanto ele não está nem um pouco preocupado com a opinião pública.