Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

>>O mesmo banco
>>De olho nos analistas

Luciano:


O cardápio dos jornais está diversificado nesta sexta-feira. Antigos e novos escândalos e desmandos vão para a lavanderia pública.


Fala Alberto Dines


Dines:


– Apesar do suspense em torno do julgamento dos responsáveis pelo mensalão no STF, a mídia não deve perder de vista uma investigação da maior importância que corre na Câmara Federal.  Na quarta-feira foi revelado na CPI do Apagão Aéreo que tanto a ANAC como a INFRAERO foram alertadas em 13 de Dezembro passado para o perigo de um avião perder o controle  e atravessar a pista de Congonhas. O alerta foi dado por um especialista da própria ANAC e registrado em ata. Duas semanas depois, ainda Dezembro, uma advertência ainda mais rigorosa foi registrada na presença das mesmas autoridades e dos representantes das empresas de aviação: “tudo leva a crer que teremos um acidente em Congonhas.” São revelações muito graves que evidentemente vão levar tempo até vencer a politização que envolve as duas últimas tragédias aéreas. Ontem, por exemplo, o senador Aloizio Mercandante, em artigo na Folha, desancou a imprensa por fugir à objetividade e à imparcialidade na avaliação da tragédia com o Airbus. Ainda bem que o senador Mercadante pode contar com a imprensa para divulgar as suas queixas.


O Banco no banco


Representando o Banco Rural no banco dos réus, a presidente da instituição, Kátia Rabello, a ex-vice presidente Ayanna Tenório, o vice-presidente operacional, José Roberto Salgado, e o diretor Vinícius Samarone sentiram ontem  que podem ser os primeiros condenados no escândalo do mensalão.


Antes do primeiro pedido de vistas do processo, o relator e dois ministros já haviam decidido aceitar a denúncia contra eles por gestão fraudulenta.


Como se recorda, o Banco Rural era a instituição onde o operador Marcos Valério tomou emprestado o dinheiro que supostamente serviria para convencer deputados a votar a favor do governo no Congresso.


O mesmo banco


O Rural é o mesmo banco citado no caso que levou ao impeachment do ex-presidente Collor de Mello e que em 1998 também teria fornecido o dinheiro para um suposto caixa 2 da campanha do então candidato do PSDB ao governo de Minas, Eduardo Azeredo.


Pela leitura dos jornais observa-se que a tendência do STF é de condenar os banqueiros, de acordo com suas responsabilidades, para mandar um sinal à praça de que seus ministros não estão suscetíveis a pressões.

Suprema inconfidência


Pegou muito mal a conversa entre dois ministros do Supremo Tribunal Federal, durante a análise do processo do chamado “mensalão”.


O ministro Eros Grau deixou claro seu aborrecimento com seus colegas Ricardo Lewandowski e Carmen Lúcia, que foram flagrados por um fotógrafo do Globo quando trocavam confidências  pelo computador sobre as tendências de votação do tribunal.


Eros Grau ficou especialmente irritado porque, pelas inconfidências dos dois ministros, fica claro que eles se consultam antes de tomar decisões.


Desfazendo intrigas


O ministro Carlos Ayres Britto fez questão de dizer aos jornalistas que não há votos combinados no Supremo Tribinal Federal, mas o mal já estava feito.


Ficou no ar, segundo os jornais, a impressão de que os ministros trocam impressões e que nem todas as decisões são exclusivamente técnicas.


A Ordem dos Advogados do Brasil criticou a divulgação da conversa, considerando que foi um ato invasivo.


Mas o Globo já se havia antecipado ao informar que a sessão é pública.


Portanto, quem não quiser ser apanhado em inconfidências que tome cuidado com o que fala perto de microfones.


Ou com o que digita em seus computadores quando há jornalistas às suas costas.


Sem explicações


Depois das inconfidências, ficam com menos fundamento ainda as suspeitas – veiculadas pela revista Veja no último final de semana -, de que alguns ministros do Supremo Tribunal teriam seus telefones grampeados por uma suposta “banda podre” da Polícia Federal.


A julgar pela leveza com que alguns magistrados fazem comentários entre si, sem os cuidados mais comezinhos com vazamentos, pode-se concluir que não é preciso muito para se obter informações no STF.


Convenhamos que a ministra Carmen Lúcia cchamar o ministro Eros Grau de “Cupido” tem lá sua graça, mas não contribui para a solenidade que a suprema corte inspira, do lado de fora.


Os leitores aguardam a próxima edição de Veja para conferir se nossa suprema corte realmente foi vítima de bisbilhoteiros, ou se alguém anda vendo fantasmas.  


De olho nos analistas


Continua provocando debates a decisão da Comissão de Valores Mobiliários – que regula o mercado de ações no Brasil – de estabelecer regras para a atividade de jornalistas especializados no setor.


Com o anúncio de que vão ser colocadas em audiência pública as novas regras do Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao Mercado, uma espécie de código de ética criado pelas empresas de capital aberto, há que veja nova tentativa de imposição de controle externo sobre as ações da imprensa.


Os órgãos reguladores querem diminuir o risco de que jornalistas bem informados possam favorecer investidores, ou levar vantagens ao tomar conhecimento de fatos relevantes que podem alterar o valor das ações em bolsa.


Os jornalistas se arrepiam com a idéia de terem que se submeter a outras regras que não sejam as da profissão, embora alguns deles atuem como analistas e consultores de investimentos.  


Renan quer voto secreto


Os jornais cobrem com vigor o julgamento do pedido de processo contra os acusados no escândalo que – seja qual for o veredito – vai ficar conhecido como o “mensalão”.


Mas não despregam um olho do caso que tem como figura central o presidente do Senado, Renan Calheiros.


Ontem, segundo os diários, os aliados do senador peemedebista de Alagoas começaram a se movimentar para garantir que o julgamento de Renan no Conselho de Ética seja feito por voto secreto.


Renan quer garantir que seus colegas não se sintam constrangidos se resolverem que ele é inocente.


Mônica na Playboy


A seu favor, Renan Calheiros pode contabilizar a decisão da revista Playboy de adiar a publicação do chamado ensaio artístico feito com a jornalista Mônica Veloso, com quem o presidente do Senado tem uma filha fora do casamento.


Mônica, que empurrou Renan para seu atual inferno astral, só vai sair na Playboy de outubro, porque não deu tempo de terminar o tratamento das fotos antes do prazo de entrada em gráfica.


Uma distração a menos para os integrantes do Conselho de Ética do Senado no período em que decidem o destino do seu presidente.