Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

>>O motorista e Palocci
>>João Paulo, o marqueteiro

O motorista e Palocci


Apareceu um motorista na vida do ministro Antonio Palocci e sua turma de Ribeirão Preto. E uma ex-funcionária da prefeitura confirma denúncias de corrupção. Justiça seja feita aos que investigam Palocci e à cobertura da mídia: jamais deixaram o assunto sumir nas entrelinhas.


O voto da ética


A imprensa deveria tentar descobrir quem foram os heróis que votaram a favor da cassação de Roberto Brant e Professor Luizinho. Mas dos que o fizeram com a motivação ética de se recusar a participar do acordo PFL-PT.


João Paulo, o marqueteiro


O Alberto Dines chama a atenção para iniciativa de outro candidato a absolvição que está na fila das votações, o ex-presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha.


Dines:


– Hoje a Comissão de Ética vai votar o relatório que pede a cassação do ex-presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha. E este é, para nós, um caso exemplar. Acusa-se o deputado de ter recebido 50 mil reais do valerioduto através da sua mulher, acusa-se o deputado de ter assinado um contrato irregular com uma das agências de publicidade de Marcos Valério, mas ninguém lembra que este contrato de nove milhões de reais destinava-se a uma campanha de publicidade para promover a Câmara dos Deputados. Congresso é produto para ser vendido, serviço para ser promovido? O grande ilícito é justamente esse que a grande imprensa teima em não lembrar. Se os representantes do povo queriam mostrar serviço, que trabalhassem, que cumprissem com suas obrigações. Mas por que razão a imprensa não lembra esta irregularidade cometida pelo antecessor de Severino Cavalcanti? Simplesmente porque a imprensa aceitou calada os anúncios preparados e pagos por Marcos Valério. A mídia é cúmplice de João Paulo Cunha. Ela veiculou propaganda enganosa e calou diante de uma gritante irregularidade que envergonha qualquer república. Alguém deve pagar por isso – o corruptor ou o corrompido.


Aécio, o precursor


Essa mania é suprapartidária. Quem inventou campanha publicitária para melhorar a imagem da Câmara foi o antecessor de João Paulo Cunha, Aécio Neves, então presidente da Casa, em fevereiro de 2002. Custou oito milhões de reais.


Digital sem definição


O presidente Lula disse que ainda não tomou a decisão sobre o padrão de TV digital que será adotado no Brasil. Ontem a Folha garantiu que será o padrão japonês.


Playboy misógina


Homenagem da Playboy que foi para as bancas ontem, Dia Internacional da Mulher, ao sexo feminino.


Seção Coisas de Homem, nota sob o título “Tratamento de Choque”: “Se você já cansou de ensinar sua namorada a mexer no computador, a pulseira Buzz Trainer pode ensiná-la na marra. O equipamento é conectado ao PC e emite choques elétricos sempre que o usuário esquecido executar uma operação errada”. E recolha o queixo caído, leitor.


Ondas femininas


A Associação das Prostitutas da Bahia ganhou no Dia da Mulher, 8 de março, concessão para operar uma emissora de FM em Salvador. Será talvez a primeira emissora feminina do país.


Mulheres do atraso


Dos atos feministas de ontem, o mais paradoxal foi a depredação de uma fábrica de celulose gaúcha pela Via Campesina. Até o ministro da Reforma Agrária, Miguel Rossetto, condenou a invasão.


Publicidade contra jornal


Quando se imagina que todas as bobagens suicidas já foram cometidas pelo conúbio publicitários/jornais, eis que surge um anúncio em que a notícia é apagada. Saiu ontem no Globo, sob a égide do Barra Shopping. Lia-se, abre aspas: “Apagamos 70 por cento do jornal para lembrar os descontos inacreditáveis da Liquidação do Lápis Vermelho”. Seria mesmo inacreditável se não tivesse sido impresso.



Apicius


Elegância raramente igualada na imprensa brasileira foi a característica do cronista de gastronomia Apicius, Roberto Marinho de Azevedo. A morte de Apicius foi noticiada ontem.


Territórios perdidos


Roberto Godoy, especialista do Estadão em assuntos militares, informa hoje que a operação do Exército em favelas do Rio teria objetivo bem mais ambicioso do que recuperar armas roubadas. Seria, abre aspas, “criar um grande mapa de informações dos morros controlados pelos traficantes – não só de drogas, mas de armas e munições”, fecha aspas. Faz sentido. Há mais de vinte anos, informa Godoy, o Exército elabora planos para uma reconquista desses territórios urbanos perdidos pelo Estado brasileiro. Isso não implica apenas nem principalmente o uso da força, mas necessariamente o uso da inteligência.


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