Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

>>O povo, Lula, Aécio e Serra
>>O presidente e a revista

O povo, Lula, Aécio e Serra


A parte escrita do discurso do presidente Lula em sua diplomação, ontem, é muito objetiva. Mas não ficou claro o que ele quis dizer, no improviso, a respeito da ausência de intermediação no voto que o reelegeu. O povo teria dispensado a mídia? Ou teria dispensado o PT e outros partidos? Seja lá o que for, o mesmo povo elegeu, com vitórias numericamente ainda mais expressivas, os governadores Aécio Neves e José Serra, por exemplo.


O presidente e a revista


Alberto Dines aponta a ligação da IstoÉ com o Dossiê Vedoin.


Dines:


– Ontem os jornais reproduziram a explicação do presidente Lula sobre a sua afirmação de que quem tem cabelos brancos não tem direito de ser de esquerda. Era brincadeirinha, desculpou-se o Chefe da Nação. Hoje, os jornais e rádios estão informando que seis petistas foram indiciados no escândalo do Dossiê Vedoin. Qual a ligação entre a piada do presidente e o dossiê inventado? Resposta: a revista IstoÉ. O presidente fez a piada de mau gosto num improviso na festa em que a IstoÉ o homenageou como “Brasileiro do Ano”. Já o indiciamento dos seis petistas deve-se ao fato de terem participado de uma das maiores falcatruas jornalísticas de todos os tempos e que deveria ser publicada onde ? Na mesma IstoÉ. Juntando os dois fatos: o presidente aceita a homenagem de uma revista colocada sob suspeição por conta das maquinações do bando de “aloprados” e dá a entender que o título que lhe foi concedido pela revista é capaz de torná-la respeitável. Um presidente da República não tem obrigação de ter boa memória, mas a imprensa, a imprensa tem. Apenas a Folha de S. Paulo informou na ultima terça aos seus leitores que a homenagem ao presidente foi organizada por uma publicação que tanto o prejudicou e tanto comprometeu a própria imagem da imprensa brasileira. Os demais veículos não estranharam, acharam normal. Pois é: quando a imprensa acha tudo normal, então estamos diante de uma grave anormalidade.



Olho neles


Um caminho da imprensa para criticar o aumento salarial dos parlamentares é cobrir mais atentamente a atividade de deputados e senadores. Os virtuosos serão reconhecidos. Isso é essencial para a democracia.


O marechal e o Acre


Ivna Thaumaturgo Mendes de Morais Duvivier faz 91 anos no fim deste mês. Ela é neta do marechal Gregório Thaumaturgo de Azevedo, primeiro chefe de uma comissão mista Brasil-Bolívia encarregada de demarcar a fronteira entre os dois países. A escritora Glória Perez não conhece Ivna. Por isso, diz a autora, a figura do marechal não entrou na minissérie Amazônia, de Galvez a Chico Mendes, que estréia em janeiro.


Para Ivna Duvivier, o marechal Thaumaturgo teve papel decisivo na história do Acre. Em 1895 ele era coronel.


Ivna:


– Disseram a ele para descobrir a verdadeira nascente do Rio Javari, que era muito importante, porque dali se baseava o Tratado de Ayacucho para definir o território que seria do Brasil. Até então pensavam que essa nascente era muito mais abaixo. E ele achou que não. E ele então foi se embrenhando lá por aquelas florestas, e descobriu que a nascente do Rio Javari era muito lá para dentro do território que parecia que era da Bolívia. Se ele não tivesse visto isso, não seria entregue ao Brasil. O pessoal da Bolívia teve que compreender mesmo que a verdade histórica era essa. E até hoje eu sei que o nome do meu avô, lá no Acre, é tão querido…


Mauro:


– O comandante do 61º Batalhão de Infantaria de Selva, coronel Antônio dos Santos, explica a reverência à memória do marechal Thaumaturgo.


Antônio dos Santos:


– Aqui ele é querido porque na verdade ele é o pai da questão acreana. Nós entendemos que pela sua posição, pela postura que ele teve, de rapidamente interpretar que, pela existência de brasileiros aqui, e pela condição geográfica – que o Acre está muito mais como uma extensão do território nacional brasileiro do que território boliviano ou peruano –, tudo isso faz com que Thaumaturgo seja reconhecido e querido e admirado e lembrado aqui no Acre.


Mauro:


– O coronel Antônio dos Santos faz pesquisa para escrever uma biografia do marechal Thaumaturgo de Azevedo.


A imprensa, essa vilã


O presidente da Anac, Milton Zuainazi, criou ontem uma nova categoria: “terrorismo gráfico e televisivo” da imprensa. É a velha história de matar o mensageiro da má notícia.


A fonte da cafetina


Revistas masculinas deveriam se interessar mais pelas vidas das jovens que fotografam. No noticiário sobre a prisão de uma mulher acusada de ser cafetina de luxo as revistas aparecem como fonte de inspiração para o recrutamento de prostitutas.