Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

>>Pandemônio na mídia
>>Onze anos de OI na TV

Pandemônio na mídia

A cobertura da evolução da chamada gripe suína, que passou a ser classificada como gripe H1N1, virou um verdadeiro pandemônio.

Depois de um início cauteloso, no qual, entre os jornais brasileiros, apenas o Globo saiu do tom, resvalando para o alarmismo, o que se vê nos últimos dias é a repetição de declarações e dados controversos.

Depois da desastrada cobertura da epidemia de dengue que atingiu o Rio de Janeiro no ano passado, quando a maioria dos jornais bateu cabeça enquanto o número de casos se avolumava até atingir 110 mil contaminados e uma centena de mortes, a imprensa parecia ter encontrado o tom.

A exceção continua sendo o Globo, que apenas nesta segunda-feira admitiu um texto mais ameno.

Durante toda a semana, o jornal carioca vinha insistindo em apresentar um quadro que não era visível nos outros periódicos.

Como as fontes de informação são as mesmas agências internacionais de notícias, que, em primeira instância, têm como fonte principal a Organização Mundial de Saúde, fica difícil entender tamanha variação na interpretação dos dados.

Inicialmente, seguindo as informações oficiais, os jornais cravaram a certeza de que a gripe havia provocado 150 mortes no México.

Somente depois que as equipes da OMS chegaram à região onde supostamente se originou o surto se constatou que, na verdade, não se poderia afirmar que a doença tenha provocado mais do que oito casos fatais.

Até hoje, faz falta nos jornais um perfil da população mais afetada, para que o leitor brasileiro possa fazer ponderações com suas próprias condições de vida e avaliar o tamanho do risco que corre de ser contaminado.

No último trimestre de 2008, o noticiário sobre uma suposta epidemia de febre amarela levou milhares de pessoas a buscar a vacinação, tendo ocorrido até mesmo alguns casos de inoculações repetidas que provocaram mortes.

Nem mesmo as sucessivas declarações de autoridades sanitárias puderam conter a onda de pânico que se alastrou por algumas cidades.

Os jornalistas parecem ter aprendido a lição.

Mas nem todos.

Onze anos de OI na TV

Alberto Dines:

– A edição televisiva do Observatório da Imprensa completa hoje exatos 11 anos. São 501 programas semanais, em rede nacional, sempre ao vivo (com raríssimas exceções). Criado e desenvolvido na antiga TV-E, teve como parceira a Rede Cultura, hoje é produzido e transmitido apenas pela TV-Brasil. Para comemorar a entrada nesta segunda década descartamos as habituais retrospectivas, preferimos algo próximo do compromisso de levar o cidadão a refletir sobre a sua imprensa. Escolhemos uma cobertura exemplar. Não foi um episódio sensacionalista, nem um linchamento, não foi um “furo” ou “barriga”. Foi um esquecimento, esquecimento generalizado. O problema da nossa imprensa é que ela esqueceu sua razão de ser – estar presente, lembrar. Lembrar não apenas o que aconteceu ontem, aqui, mas lembrar que tudo ficou perto, nada é distante ou remoto. O Observatório da Imprensa desta noite vai falar sobre os 70 anos do fim da Guerra Civil na Espanha porque meses depois, em parte por causa dela, começou a 2ª Guerra Mundial que fez do mundo o que ele é hoje. Às 22:40, pela TV-Brasil. Em S. Paulo, Canal 4 da Net e 181 da TVA.