Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

>>PIB e eleição
>>Casas de ferreiro

PIB e eleição


O eixo do processo eleitoral vindouro está hoje na manchete do jornal Valor: forte crescimento do PIB. E inflação baixa em 2006. Dois Brasis. O real e o legal. Este último, com instituições caducas. Entre elas, a imprensa, que já se refez da crise financeira mas ainda não encontrou um caminho jornalístico promissor. Retrata insuficientemente o que há de bom e de ruim no país.



Sem competitividade


Os bons números de agregados macroeconômicos não significam ausência de problemas. A competitividade do país está em queda. E há conflitos não solucionados. Como escreve hoje Maria Inês Nassif no Valor, Mantega é do PT e Meirelles, do governo.


Casas de ferreiro


Alberto Dines diz que os legisladores resistem às leis. Casa de ferreiro, espeto de pau.


Dines:


– É evidente que Renan Calheiros, presidente do Senado, não tomará providências para evitar que o suplente do seu colega Delcídio Amaral assuma o seu lugar. Se Renan reconhecer a validade da denúncia que você fez aqui neste Observatório, Mauro, ele abrirá um precedente e outros senadores, muitos senadores, terão que desistir das concessões de rádio e tv que abocanharam de forma ilegítima. E se esta moralização porventura ocorrer no Senado, é óbvio que a Câmara terá que adotá-la também. Seria um milagre e este tipo de milagre não costuma ocorrer naquele belo conjunto arquitetônico da praça dos Três Poderes.


Ficou claro assim que os nossos fabricantes de leis são os primeiros a recusar obediência às leis que aprovaram. Aldo Rebelo, presidente da Câmara, ostensivamente tenta minimizar os efeitos devastadores da Operação Sanguessuga. Rebelo e Renan Calheiros não estão interessados em preservar a dignidade das casas que presidem. Estão ali para manter privilégios. Porque se forem rigorosos perderão o apoio dos seus pares. O caso do suplente que assume a cadeira de senador mesmo sendo concessionário de rádio e TV oferece uma visão muito clara do estado em que se encontra nosso parlamento. E também do estado em que se encontra a nossa mídia eletrônica.


Olho no Congresso


Os fatos clamam pela publicação do caderno De Olho no Congresso, iniciativa anual da Folha de S. Paulo. Terá bom ibope.


Rede Globo cede à Veja


Dines, você escreveu no Observatório da Imprensa Online que, com a demissão do jornalista Franklin Martins, a Rede Globo delegou à Editora Abril os critérios de seleção de seus quadros. Cedeu ao jornalismo marrom abrigado na Veja, onde Diogo Mainardi atacou Martins.


A Globo não teve sensibilidade para o momento em que tomou sua decisão. É uma péssima sinalização.


Ouvidores brasileiros


O Brasil sediou esta semana a reunião anual da organização internacional de ombudsmans. O ouvidor da Folha de S. Paulo, Marcelo Beraba, diz que trazer o evento para São Paulo permitiu uma participação inédita de ombudsmans brasileiros.


Beraba:


– Pela primeira vez a gente conseguiu reunir os seis ombudsmans de meios de comunicação do Brasil, que são O Povo, de Fortaleza, a Folha de S. Paulo, o Jornal da Cidade, de Bauru, a Rádio Bandeirantes, de São Paulo, e a Radiobrás, e a TV Cultura de São Paulo. Eu fiquei frustrado porque a tentativa era juntar todos os brasileiros e todos os latino-americanos. E vieram poucos da América Latina.


Mauro:


– Marcelo Beraba prevê uma valorização crescente da atividade de ombudsman no continente.


A ombudsman da Rádio Bandeirantes, Maria Eliza Porchat, mostra que há longo caminho a percorrer:


– Minha percepção é que nós estamos ainda no início de um caminho. Nos Estados Unidos e na Europa a função já está muito mais sedimentada. Aqui ainda não tem essa cultura tão sedimentada de você conviver com um profissional, um colega seu cuja função é te fiscalizar, é criticar, principalmente no rádio.


Mauro:


– O programa semanal da ombudsman da Rádio Bandeirantes, Maria Eliza Porchat, vai ao ar às quartas-feiras, de dez e meia às onze da manhã.


Embaixada na Bolívia


A mídia ainda não acordou para isto: será que o Ministério das Relações Exteriores e o Planalto não foram informados do que se preparava na Bolívia, onde o país mantém um embaixador, Antonino Mena Gonçalves, e três adidos militares, do Exército, da Marinha e da Aeronáutica?


Se o embaixador e os adidos fizeram o dever de casa e o governo sabia, por que não agiu antes, diplomaticamente? Agora a situação parece ter fugido do controle.


É difícil conduzir uma política externa multicéfala e indecisa. O pior que pode acontecer é cessar o diálogo do Brasil com a Bolívia. Os Estados Unidos, que já instalaram uma base militar no Paraguai, ficariam ainda mais inquietos com o avanço político do presidente Hugo Chávez. Daí não sai boa coisa.


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