Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

>>Seis meses no ar
>>Compostura em falta

Seis meses no ar


Hoje faz seis meses que este programa começou. São 132 edições, interrompidas apenas uma vez, em maio, por uma tempestade que inundou os estúdios da Rádio Cultura FM.


Queremos agradecer aos ouvintes das rádios Cultura FM de São Paulo, e MEC AM e FM do Rio de Janeiro, por sua audiência, e convidá-los a participar cada vez mais intensamente da interlocução estabelecida no site do Observatório da Imprensa.


Não dá para esconder


As revelações da CPI dos Correios sobre o uso do Banco do Brasil tornam mais frágil o principal elemento da estratégia do presidente Lula e do PT na crise do mensalão, que é pretender um distanciamento e uma ignorância dos problemas.


Mas a maior ameaça a Lula pode estar no discurso vocalizado pela ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, contra os fundamentos da política econômica.


Estatais


A mídia devia fazer um balanço de empresas estatais como Banco do Brasil, Caixa Econômica, Petrobrás e Infraero, alvo ontem, essa última, de denúncias do Tribunal de Contas da União. Várias acusações envolvem agências de publicidade, o que reduz a disposição a uma visão crítica. Hoje o Banco do Brasil ganhou as manchetes. No Estado de S. Paulo, noticia-se que a Caixa Econômica Federal gastou só 1 por cento da verba para saneamento. A Petrobrás já freqüentou as primeiras páginas, e agora cedeu seu presidente para um programa de propaganda partidária do PT. Acrescentem-se os Correios, onde brotou o foco da crise atual, Furnas e o IRB.


Farpas de Caetano


Caetano Veloso é um compositor excepcional e um dos mais competentes comunicadores do Brasil. Ontem ele foi capa do segundo caderno dos dois maiores jornais paulistas. Hoje repete a operação no Rio. No Jornal do Brasil, estimulado pelos entrevistadores, fala da imprensa. Caetano Veloso diz que “a mistura de má-fé com burrice é o maior problema do jornalismo. O sujeito pode ali agredir, fazer mal, destruir relações”. Segundo Caetano, a imprensa finge que não faz parte da desgraça brasileira: “Põe uma voz de vestal acusadora contra os políticos. Mas os órgãos de imprensa não podem ser insuspeitos. Têm seus interesses, duas ligações com governos e grupos econômicos” .


Compostura em falta


O Alberto Dines pede compostura aos atores da vida pública. Fala, Dines.


Dines:


– Mauro, a temperatura política está subindo novamente e vem acompanhada de um acirramento de ânimos que não aconteceu nos surtos anteriores. Os meios políticos só falam em decoro parlamentar, mas ninguém lembra de algo mais simples: compostura. No outro dia, o senador Artur Virgílio do PSDB prometeu uma surra no presidente da República como represália pelas ameaças que sua família estaria recebendo em Manaus. Lamentável.


Ontem a senadora Heloisa Helena subiu à tribuna com uma camiseta onde estava escrito “Fora Bush!”. Está errado. Erradíssimo. A senadora foi eleita para a mais alta instância legislativa e não para uma assembléia estudantil. Se não gosta do Bush, faça um discurso contra ele. É evidente que a brava senadora alagoana queria chamar a atenção da mídia e, se fizesse um inflamado discurso, produziria no máximo algumas linhas nos jornais de hoje. Por isso optou por esta forma inusitada de pronunciar-se. Se a moda pega, breve teremos um senador ou senadora tirando a roupa em plenário para mostrar suas mensagens políticas tatuadas no corpo. O vale-tudo começa assim.



Tempos difíceis


A imprensa perde leitores no mundo inteiro. Nesta sexta-feira, 4 de novembro, foi anunciada a substituição do editor do jornal inglês Financial Times. Um dos sinais da crise vivida pelo jornal foi a queda de sua tiragem. Perdeu no mundo inteiro, desde 2001, cerca de 50 mil exemplares, dos quais quase 40 mil na Inglaterra. Acumulou nesses anos prejuízos operacionais consideráveis.


Gripe e economia


A importantíssima dimensão econômica da ameaça de gripe aviária só agora chega à mídia, devido a um alerta do Banco Mundial. Com a economia parada, perdem não só as empresas, mas principalmente os trabalhadores, que não têm reservas, e os governos, que arrecadam menos. Numa situação de caos, são os ricos que sobrevivem melhor. Mas há na imprensa quem imagine ser secundária a questão econômica, como se houvesse vida social sem trabalho e trocas.


Gigante agrícola


A revista The Economist sai esta semana com extensa reportagem sobre a importância do agronegócio brasileiro. Diz que sol, solo, ciência e água farão da agricultura brasileira uma grande vencedora. Isso está no pano de fundo das conversas que terão no fim de semana os presidentes Lula e Bush.