Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

>>Sem conspiração
>>Banco Rural, esse desconhecido

Sem conspiração


As circunstâncias políticas tornam positivo o fato de a imprensa ter ficado longe do silencioso trabalho do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza. Se tivesse vazado alguma coisa, o governo e o PT repetiriam a cantilena da conspiração da mídia para derrubar o presidente Lula.


Jeitinhos brasileiros


Haja o que houver, as manchetes de hoje são históricas. Mas o que se conhece da história brasileira não sugere desfecho dramático no encaminhamento da denúncia do procurador-geral. Os prazos serão necessariamente longos. O presidente Lula está acostumado com a pancadaria. O PT, transformado em máquina, rebaixou incrivelmente seus padrões de exigência política, ideológica e ética. A oposição, se estiver interessada em retomar o poder, não pode subestimar a questão da governabilidade a partir de 2007.


Mulher e ex-mulher


Mas ninguém sabe de onde pode vir a próxima bomba. Nesta quarta-feira, 11 de abril, a Folha menciona possíveis depoimentos à CPI dos Bingos da atual e da ex-mulher do advogado Rogério Buratti. Buratti e sua ex-mulher poderiam falar sobre os chamados dólares de Cuba. Se entrou dinheiro do exterior na campanha eleitoral, seja de Cuba ou de qualquer outro lugar, o PT pode perder o registro partidário.


O estilo será a máquina?


O editor do Observatório da Imprensa Online, Luiz Egypto, aponta os inconvenientes de se imaginar que a tecnologia substitui a qualidade intelectual e profissional dos jornalistas.


Egypto:


– Que a internet provocou uma mudança radical na atividade jornalística, disso ninguém duvida. Mas é preciso ir devagar com o andor para não transformar uma tecnologia inovadora em camisa-de-força embotadora da criatividade.


A plataforma digital conferiu enorme agilidade aos processos de produção e distribuição das informações. Mas no que toca ao jornalismo propriamente dito, não haverá traquitana tecnológica capaz de substituir a necessária qualidade da apuração, a exatidão dos dados coletados, o compromisso da fidedignidade com as fontes e a clareza do texto. Estes fundamentos continuam valendo, são anteriores à internet e fizeram a história do melhor jornalismo em papel.


Mas uma tendência preocupante foi apontada em matéria do New York Times do domingo passado, da qual a edição online deste Observatório publica um resumo. Editores de veículos na Web começam a insistir no uso de palavras-chaves para títulos e leads de matérias, de modo a melhor posicioná-las nos resultados de motores de busca, como Google e Yahoo!.


O estilo é o homem? Se a moda pega, o estilo será… a máquina!


Opinião pública


Alberto Dines mostra em artigo no site do Observatório da Imprensa que a mídia foi acusada injustamente pelo deputado João Paulo Cunha em seu discurso de defesa no plenário da Câmara. Segundo Dines, se a imprensa tivesse feito as pressões de que é acusada, João Paulo poderia ter sido cassado, não absolvido.


Dines cita o pai da imprensa brasileira, Hipólito José da Costa, para reagir à tentativa de linchamento do conceito de opinião pública.


Culpas e provas


No quadro criado pelo relatório da CPI e pela denúncia do Ministério Público, abre-se uma zona de afastamento entre o presidente Lula e o PT, embora um dos acusados, o ex-ministro Luiz Gushiken, continue no Palácio do Planalto.


Gushiken, ao contrário de José Dirceu e José Genoíno, diz que vai provar que é inocente. Dirceu e Genoíno dizem que ninguém pode provar que são culpados.



O poderoso Dirceu


Frase de José Dirceu ontem em Florianópolis, citada hoje no jornal Valor: “Estou fazendo tudo que posso para reeleger o presidente”.


Lula não embarca


Ainda não foram feitas reportagens que expliquem direito o caso da Varig. Felizmente, o presidente Lula se recusa a abrir o cofre para tapar buracos feitos pelos gestores da empresa.


Banco Rural, esse desconhecido


Cada vez que o Banco Rural é acusado por alguma autoridade de ter tido papel decisivo no valerioduto e no “mensalão”, sente-se mais a falta de reportagens que mostrem a trajetória desse banco, filho de uma empreiteira de obras públicas, a Construtora Rabello. Seu proprietário, Sabino Corrêa Rabello, pai da atual presidente, Kátia Rabello, havia sido um dos construtores de Brasília. Na década de 1960, a construtora se desdobrou em várias empresas, entre elas as empreiteiras Tratex e Servix e o Banco Rural.


Juscelino Kubitschek foi prefeito nomeado de Belo Horizonte, entre 1940 e 1945, governador de Minas Gerais, entre 1951 e 1955, e presidente da República, entre 1956 e 1961. Em todas esses mandatos fez grandes e notáveis obras. E sempre uma das construtoras que convocou foi a Rabello, mãe do Banco Rural.


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