Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

>>Sigilo excessivo >>Polícias mudam

Congresso gastador


O recuo dos presidentes da Câmara e do Senado diante da decisão do Supremo sobre aumento salarial dos parlamentares deve ser aproveitado pela imprensa para discutir os diferentes tipos de despesas do Congresso.


Sigilo excessivo


O repórter da Folha de S. Paulo Rubens Valente aponta dificuldades criadas para o jornalismo pelo sigilo decretado por autoridades judiciais.


Rubens:


– O que me preocupa, nesse capítulo da liberdade de informação, é a tendência crescente dos juízes de vários graus, e dos procuradores, também, promotores, de usar o sigilo como regra nas investigações. Até mesmo casos de homicídio são considerados sigilosos, hoje em dia. De forma que prejudica o acesso do jornalista à informação real, à informação que está no processo. Para o jornalista construir uma reportagem que seja mais fiel aos fatos ele precisa necessariamente ter acesso a todos os fatos, todos. Claro que eu não prego aqui o fim total do sigilo, não é isso. Mas quando uma investigação judicial vem a público, na forma de uma operação de grande escala, quando essa investigação vem a público ela deveria ser acompanhada de um esclarecimento completo sobre os fatos, completo. Para que o repórter, primeiro, possa fazer o seu juízo, sua apuração mais rigorosa, e depois para que o leitor possa ter todo o conjunto da informação investigada. E não pedaços que são vazados aqui e ali. Isso prejudica o entendimento do caso inteiro e prejudica os réus, os investigados, também. Eu sei de muitos casos em que os réus, eles mesmos, tentam extinguir o sigilo do processo, para que todos possam ler o que está escrito ali. E mesmo assim são derrotados, até com parecer contrário do Ministério Público. É uma lei da mordaça já em atividade, embora não exista uma lei específica.


Investigação ampliada


As investigações sobre ligação de policiais com criminosos no Rio de Janeiro apenas começaram. Outros tipos de crime vão aparecer, em outras áreas da Região Metropolitana do Rio. Até aqui, o foco principal foram os caça-níqueis e a Zona Oeste da capital.


Polícias mudam


A cientista social Silvia Ramos, coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro, vê com esperança o futuro da polícia fluminense.


Silvia Ramos:


– Esses episódios recentes do Rio de Janeiro, embora pareçam muito terríveis, porque estão sendo presos quantidades enormes de policiais, não só em números, mas também quem está sendo preso, na verdade esses episódios provocam de fato uma grande esperança. Uma esperança de que as polícias entenderam que é preciso mudar, e de que as polícias do Rio de Janeiro entenderam que é preciso enfrentar dois problemas graves. Um, é que são as polícias mais violentas do Brasil, e das mais violentas do mundo, e outro que são polícias com alto grau de problemas de corrupção. Essas coisas estão ligadas e eu acho que essas prisões sinalizam alguma coisa que os próprios comandos estão compreendendo, e espero que esse novo governo que vai entar compreenda que é preciso enfrentar, e não esconder.


São Francisco


Vai recomeçar a batalha da transposição do Rio São Francisco. E até hoje se conhecem mal o projeto e suas implicações socioeconômicas e ambientais.


Jornais na Rússia


O editor do Observatório da Imprensa Online, Luiz Egypto, fala das vicissitudes do jornalismo na Rússia.


Egypto:


– É cada vez mais difícil fazer jornalismo independente na Rússia. A edição do Observatório que está na web traz um relato sobre os percalços vividos pelo Novaya Gazeta (que significa “novo jornal”), um diário de oposição ao governo de Vladimir Putin, e que teve três de seus jornalistas assassinados nos últimos seis anos. O caso de maior repercussão foi a eliminação da repórter Anna Politkovskaya, executada em outubro, na porta do edifício onde morava.


O Novaya Gazeta foi criado em 1993 por um grupo de 30 jornalistas, e chegou a atingir o primeiro lugar em circulação entre os jornais russos. Recebeu apoio político e financeiro do ex-primeiro ministro e Prêmio Nobel da Paz Mikhail Gorbachev. Mas depois da morte de Anna, e das incontáveis ameaças que recebe, o editor Dmitri Muratov chegou propor à Redação o encerramento das atividades do jornal.


A sugestão não foi aceita. E o Novaya Gazeta mantém-se em pé sobretudo porque é controlado por jornalistas, e não por um empresário sem vínculos com a Redação. Desde o início da era Putin, em 2000, treze jornalistas foram assassinados na Rússia.


Mercados cativos


A Comissão de Constituição e Justiça do Senado pode aprovar hoje uma nova reserva de mercado que tornaria mais difícil o investimento estrangeiro em TV paga e internet. A proposta tramitou no Congresso sem uma ampla discussão pública.