Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

>>Vem aí a TV Brasil
>>Sem legislativo

Senado pós-Renan

Os jornais consideram certa a saída definitiva de Renan Calheiros da presidência do Senado.

As edições de hoje discutem abertamente a sucessão, já em pleno andamento.

O PMDB tenta manter o cargo, mas o PSDB já avisou que não aceitaria a volta de José Sarney.

O senador pelo Rio Grande do Norte Agripino Alves se apresentou, mas não conseguiu entusiasmar como nome de consenso.

Jarbas Vasconcelos, senador dissidente no PMDB, começa a ganhar espaço.

O problema é sua independência.

Como no Congresso tudo se resolve nos conchavos, a autonomia de Jarbas Vasconcelos não interessa à maioria.

Pensando no futuro

Segundo a Folha de S.Paulo, Renan Calheiros já confidenciou a amigos que considera perdida sua guerra.

Ele pretende reassumir seu lugar de senador amanhã,  para testar as chances de evitar a cassação.

Sua segunda alternativa seria perder o mandato mas preservar os direitos políticos.

Um Renan menos arrogante deverá se apresentar no plenário, como estratégia para a negociação de uma saída apenas provisória.

Amigos de Renan Calheiros sondam a possibilidade de os processos serem suspensos, em troca de sua saída definitiva da presidência do Senado, mas os adversários não dão sinal de trégua.

A ala mais moderada encomendou à assessoria jurídica do Senado um estudo para saber se Renan ainda pode renunciar ao mandato e escapar da cassação.

Mais processos

O quase ex-presidente do Senado já começou a sentir o que é a condição de ex: ele não viajou para Maceió no final de semana porque já não pode pegar carona nos aviões da FAB e evita os vôos comerciais para não passar por constrangimentos.

Além disso, Renan e sua mulher, Verônica, estão se mudando da residência oficial da presidência do Senado.

É o fim das mordomias.

Renan tem poucos dias para decidir pela renúncia. Depois de atrasar os processos em que é acusado de quebra do decoro parlamentar, ele agora precisa correr se quiser evitar o prejuízo maior.

Ontem mesmo, a mesa diretora mandou o Conselho de Ética iniciar imediatamente o quinto processo, e uma sexta acusação será apresentada depois de amanhã, quinta-feira, pelo PSOL.



O clima apresentado pelos jornais indica que até mesmo os antigos aliados de Renan querem vê-lo o mais rápido possível longe da Praça dos Três Poderes.

Vem aí a TV Brasil

A polêmica sobre a criação de uma nova rede nacional de televisão pelo governo federal promete esquentar neste final de ano.

A novidade no sistema aberto de televisão pode mudar o cenário da mídia eletrônica no Brasil, onde a concentração e o cruzamento da propriedade dos meios preocupa muitos observadores.

Faltam poucos meses para a entrada do sinal da TV Brasil, criada pelo governo federal como alternativa às redes privadas de televisão.

Mas ainda não se sabe se ela poderá, mesmo, ser chamada de TV pública.

Esse é o tema do debate comandado por Alberto Dines.

Dines:

– O presidente da República assinou na quinta passada a Medida Provisória que cria a Empresa Brasil de Comunicação, detentora da TV-Brasil, a Rede Pública de TV. Em 2 de Dezembro começam as transmissões, seis meses depois, em junho de 2008 a grade de programas deverá estar consolidada. Há ainda um longo caminho a percorrer no tocante às associações entre a nova TV-Brasil e outras emissoras educativas e culturais, sobretudo a Rede Cultura, da Fundação Padre Anchieta. De qualquer forma, estamos prestes a ingressar em nova fase da televisão brasileira quando o telespectador passará a contar com uma alternativa mais sólida à TV comercial. Pode ser o início do processo de desconcentração e diversificação da nossa mídia eletrônica com conseqüências diretas no enriquecimento da programação e do seu conteúdo. Mas pode significar um sutil retrocesso estatista. Essa e outras questões serão esclarecidas logo mais à noite no ‘Observatório da Imprensa’ quando a jornalista Tereza Cruvinel, na sua primeira participação pública na qualidade de presidente da TV-Brasil, será sabatinada por um grupo de jornalistas. Às vinte e duas e quarenta, ao vivo, em rede nacional, pela TV-Cultura e TV-E.

Luciano:

Uma pesquisa, muitas versões

Os três principais jornais do País deram tratamentos diferentes para a mesma notícia, o resultado da pesquisa Sensus-CNT sobre a avaliação do atual governo e as perspectivas da sucessão presidencial de 2010.



O Globo e a Folha de S.Paulo deram maior destaque às chances dos possíveis candidatos à sucessão.

O Estado de S.Paulo preferiu destacar a ‘leve queda’ na popularidade do presidente Lula da Silva.

Os três jornais observam que o governo continua com uma avaliação positiva, mas o Estado dá mais importância para a oscilação para baixo no índice de aprovação e na popularidade do presidente.

A Folha faz a mesma observação, mas pondera que, segundo o Instituto Sensus, a margem de erro indica que, na verdade, o quadro é de estabilidade.

Nenhum dos três jornais considera o cenário de escândalos em que foi feita a pesquisa, o que deve afetar negativamente os políticos em geral.

Sem Legislativo

Uma das curiosidades interessantes do novo estudo é que mais de 45% dos entrevistados defende a unificação da Câmara e do Senado.

Como reflexo provável das notícias de irregularidades que se acumulam nos últimos meses, cerca de 19% declarararam ser favoráveis à extinção da Câmara dos Deputados, enquanto 23,3% defendem a extinção do Senado.

Os brasileiros que defendem o fim do poder Legislativo, com a extinção do Senado e da Câmara, são 12,6% da população.

A informação deveria acender uma luz amarela nas redações.

A fiscalização da imprensa sobre o comportamento dos parlamentares talvez tenha que ser temperada com alguma reflexão sobre o funcionamento da democracia.

Campanha antecipada

No meio das questões sobre o desempenho do governo, os pesquisadores também procuraram saber quais seriam as preferências do eleitorado para a sucessão presidencial, marcada para 2010.

José Serra, Aécio Neves e Geraldo Alckminn aparecem como os candidatos mais cotados, todos da oposição, enquanto Ciro Gomes desponta como a mais bem posicionada alternativa entre os possívesis candidatos governistas.

Mas a pesquisa mostra também que o presidente Lula seria a maior influência na escolha dos eleitores: quase 11% dos entrevistados declararam que só votariam em um candidato indicado por ele.



Há muita água ainda para correr por baixo da ponte antes da próxima eleição presidencial, mas a pesquisa provavelmente vai mexer com os egos de plantão.