Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1280

2012 está no ar

Entre tantos produtos e ideias em aquecimento para o calendário que estreia hoje, três fatores prometem fazer jus ao título de “ano-novo”. A ver:

1.A chegada de cotas nacionais de produção independente ao horário nobre e ao empacotamento dos canais pagos, fruto da Lei 12.485, que entra em prática a partir de março, afetará a olho nu o conteúdo do que você paga para ver. De quebra, promete aquecer o mercado de produção independente no Brasil.

2.A exclusividade da Record sobre os direitos de transmissão da Olimpíada de Londres na TV aberta já causa expectativa entre anunciantes e delegação olímpica sobre como sua arquirrival, a Globo, noticiará, ou não, os méritos abraçados por atletas brasileiros nos Jogos que vêm aí, em junho próximo. A julgar pela omissão da emissora nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, em 2011, também exclusivos da Record e sem imagens vistas na tela do plim-plim, convém apostar que o negócio supere o jornalismo na importância do espaço editorial reservado ao assunto. Ao mesmo tempo, Guadalajara provou que falta muito à Record para acertar o ritmo de transmissão de um evento desse naipe. Mas, um alento: Londres contará com opções na TV paga, a começar pelo próprio SporTV, das Organizações Globo, que ficou de fora do Pan de 2011.

3.A chegada de Fátima Bernardes ao horário matutino diário, com um novo programa de variedades – sem afastá-la do jornalismo, como ela mesma indicou ao deixar a bancada do Jornal Nacional – endossará de vez a tendência ao comportamento nas manhãs da TV aberta, espaço que por décadas a fio teve o conteúdo infantil como prioridade. O TV Globinho será resumido a edições semanais, aos sábados, deixando TV Cultura e SBT livres para seduzir a criançada que não dispõe de TV paga.

Espaço para crescer

Quanto ao novo programa da senhora William Bonner, muito se fala sobre um TV Mulher do século 21 e uma faceta Oprah Winfrey reservada à apresentadora, boa de câmera e de prosa.

Apesar da redução infantil na Globo, a emissora põe em cena ainda este semestre a nova versão do clássico Sítio do Picapau Amarelo, agora em animação e com produção feita fora de casa. A obra é da Mixer e também vai ao ar pelo canal pago Cartoon Network, endossando um modelo de negócio cada vez mais comum: a parceria entre pagos e abertos. Ajuda a pagar a conta do produto, dizem os executivos.

Dono da maior audiência na TV paga, o público infantil também motiva as Organizações Globo a criar um canal infantil na TV por assinatura: vai se chamar Gloob e estreia em abril.

O boom da TV paga no País, aliás, que em 2011 deu ao Brasil a liderança em números absolutos na América Latina, com 12 milhões de assinantes e largo potencial de crescimento, tem incentivado o terreno da animação, produção que nunca foi o forte da TV brasileira. Agora, Peixonauta, por exemplo, sucesso no Discovery Kids visto também pelo SBT, é produto exportação.

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[Cristina Padiglione é colunista do Estado de S.Paulo]