Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Uma sacudida em ‘The Newsroom’

Alison Pill não sabia se The Newsroom viveria para ver uma segunda temporada – que estreia nos EUA no domingo (14/7), e no Brasil no dia seguinte, às 22h, pela HBO. A atriz, que vive Maggie Jordan, a produtora inteligente, mas simplória, associada ao poderoso âncora Will McAvoy (Jeff Daniels), havia terminado de filmar a primeira temporada antes que ela começasse a ir ao ar, em junho de 2012. Na época, estava convencida de que o criador, Aaron Sorkin, e seus colegas de elenco, entre eles Daniels, Emily Mortimer, Dev Patel e Sam Waterson, tinham criado uma excelente série de TV.

Depois, vieram as resenhas, cada uma aparentemente mais devastadora que a anterior. Pill mal acreditava. “Era uma série tão boa, inteligente. Havia tantas outras coisas na TV que não chegavam ao pé dela, que não tinham a quantidade de trabalho investida, as ideias. No meio do verão, eu realmente não tinha ideia se voltaríamos”, relembra. “Não pensei que as pessoas odiariam tanto”, diz, por telefone de sua casa, em Los Angeles. “Mas outras pessoas a amaram de verdade. De modo que fiquei ansiosa sobre uma segunda temporada, e agora estou para uma terceira.”

A atriz acertou na mosca: os espectadores ou amam ou desprezam The Newsroom. Não há meio termo. Alguns vibram com os diálogos afiados de Sorkin e o desempenho de um elenco de veteranos do cinema, encantados com a disposição da série de se envolver com a cultura política e social da atualidade. Outros a consideram moralizante, óbvia e verborrágica.

“Discussão política”

“Minha irmã odeia a série”, admite Pill, rindo. “Muitos amigos meus não gostam. No começo, foi difícil lidar com isso. Mas agora percebo que isso não importa, porque muitos que a odeiam continuam assistindo.”

Ela afirma comemorar o fato de que até quem não gosta assiste. “Pelo menos existe uma discussão sobre o que está errado hoje nos noticiários, o papel da mulher na mídia noticiosa e na televisão. Prefiro fazer parte da discussão a ser ignorada só por fazer uma série apenas simpática com bons atores.”

O título do primeiro episódio da nova temporada, First Thing We Do, Let’s Kill All the Lawyers (Antes de mais nada, vamos matar todos os advogados) sugere que Sorkin não aliviou. Dito isso, Pill menciona mudanças importantes em relação ao ano passado. “Há uma mudança de uma matéria noticiosa semanal para cada episódio para uma matéria que se estende por toda a temporada”, adianta. “Isso alterou a dinâmica da narrativa e, portanto, as cenas que estamos fazendo. Os que odeiam, provavelmente, continuarão odiando”, prossegue. “Quem não conhece Aaron Sorkin e acha que ele é enfadonho e pretencioso vai continuar achando.”

Para a atriz, a série faz o público se questionar. “É discussão política. Trata do que há de errado no mundo. Ela não diz como melhorá-lo, mas pergunta como podemos fazer isso.” Ela também dá a dica da transformação de Maggie. “No começo, ela ainda é a garota desajeitada. No final, vai ficar irreconhecível.” 

******

Ian Spelling, do New York Times