Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Nova MTV começa de forma conservadora

O fim da MTV Brasil e o lançamento, na mesma semana, de uma versão brasileira da MTV original oferecem uma boa oportunidade para refletir sobre o que se pode esperar, em 2013, de uma emissora cujo público-alvo é sua excelência, o jovem.

Apesar de carregar a palavra “música” no nome, não faz mais sentido, a esta altura, avaliar a MTV pela sua qualidade musical. Tanto a emissora original quanto a finada franquia brasileira evoluíram ao apostar em diferentes formatos para além do videoclipe.

Mas, uma vez que a MTV Brasil fracassou, fechando as portas depois de 23 anos, seria natural esperar que a matriz oferecesse um caminho alternativo ao ganhar uma versão brasileira na TV paga.

Olhando por este ângulo, os primeiros seis dias da nova MTV frustraram a expectativa de quem sonhou com algo ousado ou inovador.

É pouco tempo, reconheço, para uma avaliação, mas a grade oferecida pela nova emissora na sua estreia sinaliza uma opção conservadora em matéria de televisão.

Os abusados “South Park” e “Beavis and Butt-Head” se fazem presentes na programação, é fato, mas parecem estar ali apenas para servir de contraponto a uma série de programas chatinhos e politicamente corretos, como “Catfish”, reality destinado a mostrar os perigos do namoro on-line, ou “Friendzone”, sobre jovens que sentem algo a mais pelos amigos.

A opção pela dublagem, tendência na TV paga, dá um ar de Discovery à MTV. O pouco que há de espontaneidade nos dramas juvenis ganha a aparência de programa científico ou policial, diante da narração dramatizada em versão brasileira.

A nova MTV também não surpreende com programas que parecem destinados a preencher espaço, como as reprises de séries exibidas até na TV aberta, tipo “Dawson’s Creek” e “The O.C.”, além de “Vampire Diaries”.

Made in Brazil

Em matéria de conteúdo produzido no país, há pouco, até o momento, para avaliar. “Coletivation” é o título do principal programa made in Brazil. Atração diária traz o cantor Fiuk e o comediante Patrick Maia no estúdio, diante de convidados, por uma hora.

O objetivo parece ser manter as conversas em banho-maria, um feito que eles conseguiram diante de Emicida e Rafinha Bastos. O ponto “alto”, até o momento, foi uma declaração da cantora Anitta sobre puns.

Gostei mais de “Papito in Love”, programa humorístico disfarçado de reality show, no qual Supla procura encontrar uma namorada entre 14 candidatas. Ainda assim, não chega a ser uma atração original. O programa lembra muito, pelo tom escrachado, o reality “Flavor of Love”, protagonizado pelo músico Flavor Flav, do Public Enemy.

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Mauricio Stycer é colunista da Folha de S.Paulo