Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Um novo show no vídeo

Demorei a entender a que tinha vindo o novo Vídeo Show. Transmitido todas as tardes pela Rede Globo desde 1983, o programa apareceu reformulado em novembro de 2013, com Zeca Camargo no comando. A atração perdeu a tradicional bancada e passou a ser um programa de entrevistas, praticamente. As entradas que mostram os bastidores dos programas globais continuam no script e são puxadas pelos repórteres Otaviano Costa, Dani Monteiro, Marcela Monteiro, Didi Effe e Patrícia De Jesus. Mas, o que realmente mudou no Video Show?

Dizer que a colocação de uma plateia no cenário é uma grande mudança não convence. E isso porque o apresentador e os convidados mal interagem com quem está assistindo a atração das cadeiras. Em suma, Camargo abre o programa chamando um ator ou atriz do elenco da Globo. Outros artistas, como cantores, não-vinculados diretamente à emissora, a exemplo de Preta Gil, já foram chamados, também. Então, começa todo um resgate de contribuições do convidado à teledramaturgia brasileira: atuação em novelas, entrevistas no “Fantástico”, pontas em seriados e coisas do tipo. E todo o programa gira em torno de uma homenagem ao artista em questão.
Quando chamou Caio Blat ao palco, por exemplo, Camargo usou a plateia como cobaia para que o ator pudesse mostrar o quanto ainda recordava suas habilidades como maquiador, herdadas do personagem Abelardo, da novela Da Cor do Pecado. Outro episódio que contou com a participação da plateia foi o que teve Nívea Stelmann como convidada especial. A atriz está grávida de 36 semanas e foi homenageada pelo público presente no auditório, que a recepcionou com chupetas na boca. Não deixa de ser divertido, principalmente porque o apresentador demonstra desenvoltura para lidar com as celebridades, sejam elas novas no pedaço, como Nathalia Dill, ou aquelas que, praticamente, fundaram a televisão brasileira, como Eva Wilma.

“Daqui a pouco ninguém vai aguentar”

O problema, com tanta abertura para descontração, é o risco de pagar mico e deixar o telespectador com aquela clássica sensação de vergonha alheia. Camargo diz não se importar com as críticas negativas e está se divertindo com o novo caminho que ele mesmo escolheu, após trabalhar 18 anos no jornalismo da Globo.

Logo no início das mudanças, o colunista do portal UOL Flávio Ricco considerou arriscado o novo formato. “O Vídeo Show foi perigosamente transformado num Zeca Camargo Show. É ele quase o tempo todo no ar, falando o tempo todo, interagindo e à frente de praticamente todas as situações. Não existe caminho mais arriscado para o programa, mesmo com as alterações realizadas, e para o próprio. Daqui a pouco ninguém vai aguentar. Nem ele, nem o programa”, disse.

Será? Cabe aos telespectadores acompanhar para ver até onde vai a empolgação.

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Taís Brem é jornalista, Pelotas, RS