Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

A guerra em torno da identidade sexual

“Todo mundo tem direito à vida. E todo mundo tem direito igual” (Lenine, em “A rua da passagem”)

Nos últimos anos, principalmente nos últimos meses, tem se acirrado uma guerra em nosso país, tendo a identidade sexual (ou melhor, as homossexualidades) como fator de disputa dessa briga, que é verbal e também física, infelizmente. Juntam-se a essa questão facetas étnicas, religiosas, de identidade de gênero e também um caráter de defesa nacionalista. Como vemos, a questão perpassa por diversos meandros, configurando-se como um “objeto complexo”. Um desses lados a ser pensado é o fato de que tal guerra se realiza em grande medida nas redes sociais. Então, participam da briga os haters, isto é, os “odiadores”, internautas fundamentalistas, aqueles que têm verdades prontas e acabadas e que por isso não escutam o outro, já que seus sentidos sobre o mundo já estão fechados; apenas rejeitam, agridem. Mas tudo é colocado sob o rótulo de liberdade de expressão, de liberdade religiosa. Minha preocupação é que esteja se consolidando no Brasil uma cultura nazifascista.

Assim, para pensarmos acerca dessa problemática, cenas de capítulos do último final de semana da telenovela global Babilônia – que vem inserindo em sua trama a discussão sobre as homossexualidades e os preconceitos sobre essas, desde o beijo gay entre duas senhoras, mostrado no primeiro capítulo – podem ser oportunas. Nos episódios de sexta-feira e sábado passados três cenas mostraram como se posiciona quem é contrário às homossexualidades e também quem não vê nenhum problema nelas. A personagem Consuelo, mãe de um político corrupto, Aderbal, ao perceber que o restaurante para o qual tinha sido convidada é de Estela, mulher de Tereza, senhoras casadas há mais de 30 anos, fica indignada, pois considera que a lesbianidade é uma ameaça à integridade moral. Para Consuelo, também senhora e aspirante à celebridade, mulher lésbica é “invertida”, “pederasta”, “fanchona” e “caminhoneira” – todas, palavras usadas em tom pejorativo. Para ela, Tereza e Estela são “sapatonas”, mulheres “sapatas” e “idosas”, uso também em tom de desprezo/menosprezo.

Para Consuelo, as senhoras casadas vivem em pecado, pois não têm uma família normal; a relação delas é depravação, libertinagem e indecência, que pode levar ao desencaminhamento, e o restaurante é um antro de perdição, tornando-se um gueto “gayzista”. Todos os seus significados acerca da homossexualidade são gritados para Estela e Tereza em público no restaurante. Pede, também aos gritos, que ninguém coma nada ali, pois haveria pó de lésbica na receita, o que, segundo ela, faria todo o mundo virar pederasta. Para ela, a família das lésbicas é tratada como “essa gente”. Tereza reage às expressões de Consuelo, afirmando que indecência é a ignorância, a estupidez e a burrice. Cogita também processá-la por injúria. Luiz Fernando, amigo de Consuelo, ainda a aconselha, pontuando que existem diferentes comportamentos em nossa sociedade, ideia não aceita por ela, que prefere se questionar sobre que sociedade é esta na qual vivemos, em referenciação a nossa atual sociedade de superdiversidade identitária.

Ideais anti-homossexuais e anti-minorias

Essas cenas em Babilônia são bem felizes porque nos mostram os diversos lados da guerra sexual vivenciada aqui no país. De um lado, uma pessoa conservadora-fundamentalista, que pautada em dogmas religiosos, quando esses a convém, e convém à imagem política de seu filho, e em nome da liberdade de expressão e liberdade religiosa se considera no direito de ofender/agredir outros que não seguem os mesmos preceitos. Para essa, o outro não é ouvido; não há diálogo com ele. Nessa guerra, há a pessoa apaziguadora, que não se posiciona em nenhum dos lados, posiciona-se apenas tentando mediar. Existe também a pessoa ofendida, agredida, por sua orientação sexual, e que até se surpreende com a violência sofrida em público, e que também reage, considerando como ignorância as verdades do agressor e encontrando no âmbito jurídico a possibilidade de defesa, através de abertura de processo contra o violentador. E há ainda quem considera Consuelo como gente que não vale o lugar que ocupa no mundo, saindo em defesa das homossexualidades, tratando pessoas como Consuelo também como “essa gente”, expressão usada para tratar o outro como sujeito abjeto. Esse tratamento está em ambos os lados.

O autor dessa novela das 9 e os atores das cenas citadas estão de parabéns por nos dar a possibilidade de ver na TV aquilo que está acontecendo diariamente na vida dos gays e lésbicas aqui no Brasil. É uma possibilidade para a reflexão. Logo, é possível afirmarmos que a narrativa televisiva é bem oportuna por que nos dá a dimensão do absurdo de posturas como as de Consuelo, de acreditar que uma comida conteria “pó de lésbica”, que faria todos que provassem dela se desencaminhar, isto é, tornarem-se gays – a cena dialoga com a celeuma sobre o filme comercial da Boticário para o dia dos namorados, que colocou casais homossexuais protagonizando recebimentos de presentes, e o boicote sobre essa empresa proposto por cristãos fundamentalistas. Cenas assim chegam a ser humorísticas. Mas, no cotidiano de um gay não o são; são ofensivas, agressivas e terríveis, pois têm como objetivo negligenciar, apagar e até exterminar os gays da convivência social.

Posturas como as de Consuelo também passaram nos últimos anos a acreditar que está se constituindo uma ditadura gayzista, no sentido de que, em virtude dos direitos civis que os gays têm conseguido (os quais, na concepção dela, os gays não deveriam ter), tais como direito à legalização da união civil, direito à adoção de crianças e adolescentes, direito ao atendimento pelo Sistema Único de Saúde, inclusive para cirurgia de redesignação sexual, direito a ser chamado pelo nome social em instituições públicas, dentre tantos outros, os homossexuais, os travestis, os transexuais, os bissexuais, por exemplo, estariam impondo seus modos de ser sobre os heterossexuais, denominados de “pessoas de bem”. Os homossexuais seriam, então, “pessoas do mal”.

Pela denominação de “gayzista”, essa cultura de direitos seria uma ditadura, por que impediria o outro, o heterossexual, de exercer seus direitos, suprimindo-os e ou os restringindo, sendo, portanto, autoritária. Essa seria expressa em casos como i) personagens gays em novelas, em filmes, ii) personagens gays em filmes comerciais, iii) garantias de direitos civis, iv) a luta pela criminalização da homofobia, v) possibilidade de processar alguém por injúria, por difamação, por agressões físicas e verbais, em decorrência da orientação sexual, dentre tantas outras coisas. A utilização do morfema gramatical “ista”, em “gayzista”, é uma alusão a regimes político-filosóficos ditatoriais, tais como o fascismo e o nazismo, de posturas fascistas, nazistas; teríamos, assim, essa postura gayzista no movimento em defesa das homossexualidades. Para sujeitos que pensam como Consuelo, de Babilônia, existiria nessa ditadura uma “cristofobia” e posturas anti-heterossexuais, heterofóbicas. Daí terem surgido, como contraposição, movimentos como “Marcha pela família” e “O dia do orgulho hétero”; projetos de lei como o Estatuto da Família e o Estatuto da Religiosidade. Nessa guerra, diz-se que as lutas são pelo bem da família, pelo orgulho hétero e pelo bem do Estado. Posturas fundamentalistas como as da mãe de Aderbal chegaram aos legisladores e parecem insuflar a população brasileira a uma cultura pautada em ideais anti-homossexuais, anti-minorias.

Uma cultura homofóbica

Na construção inverídica de que existe heterofobia e cristofobia, decorrendo dessas a necessidade de uma “marcha pela família”, um “dia do orgulho hétero” e da agora cogitada bolsa para “ex-gays”, bem como as propostas de lei para um “estatuto da família”, que exclui as famílias não heterossexuais, e para um “estatuto da religiosidade”, que criminalizaria oposições aos dogmas religiosos, por exemplo, seus propositores colocam-se numa posição de vítima, aquela mesma posição há muito ocupada pelos homossexuais e por toda a população LGBT, devido à intolerância, a não aceitação, ao preconceito e à violência que sofrem ao longo da história. Com essa postura, esses sujeitos, como Consuelo, não enxergam que a cidadania em nosso país é heterossexual, pois o respeito e a consideração à dignidade da pessoa humana ficam praticamente restritos aos heterossexuais, e que os direitos civis conquistados pelos gays nos últimos tempos soam quase como migalhas, já que são garantidos por um viés e derrubados por outros, através de manobras de legisladores que encabeçam a representatividade de pessoas com essa mentalidade. Ou seja, esse tipo de representante não legisla em favor dos homossexuais; opõe-se a legislações que garantam direitos civis a esses. Os fundamentalistas não são vítimas e estão se constituindo em algozes.

A manobra mais recente é a tentativa de retirar dos planos educacionais, nacional, estaduais e municipais, qualquer referência aos estudos de gênero e sexualidade, com o argumento de que estão salvando as crianças de se tornarem gays e salvando a família tradicional, o país e a humanidade. Querem, ao contrário, uma “educação moral e cívica”, como já aconteceu aqui no Brasil durante o regime ditatorial. Entretanto, o que, de fato, tem acontecido aqui no Brasil pela população LGBT é a busca pela des-heterossexualização da cidadania, luta que não cria uma heterofobia, tampouco uma cristofobia, apenas reivindica respeito e espaços para uma vida digna, na crença de que “todos têm direito à vida, e todos têm direitos iguais”.

Porém, a postura de salvação da família, como a que aqui mencionamos, que é uma posição contra as homossexualidades, fundada em preceitos religiosos, negligencia dados relevantes e alarmantes de nossa cultura, tais como o fato de que mais de 40% dos casos, no mundo, de agressão contra gays, lésbicas, travestis, transexuais etc. ocorrem no Brasil, país no qual os estados de Roraima, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Pernambuco, Amazonas, Piauí, Rondônia e Sergipe são considerados os dez estados mais perigosos para homossexuais, conforme mapa publicado no PostBrasil, a partir de pesquisas do mapa da violência, do Ipea e GGB, de 2013, para o qual a cada 28 horas morre um LBGT aqui no Brasil, vítima de violência.

Dessa maneira, a acusação de construção de uma ditadura gayzista não se sustenta. Ao contrário, no outro lado, é bem perceptível os indícios de uma cultura de extrema direita que, em nome do nacionalismo, permite-se tradicionalista (aqui em tom pejorativo), racista, eugenista, não político-liberal, antissocialista e antidemocrática, traços do fascismo, de Mussolini, e do nazismo, de Hitler. Assim, parece estar se instalando uma cultura homofóbica, que, em nome da nação, da liberdade de opinião e da liberdade religiosa, violenta, agride, difama. É uma cultura nazifascista no Brasil. Essa, sim, é um regime político-filosófico que objetiva exterminar os gays, alegando uma conspiração gayzista. Mas não só! Objetiva exterminar também os negros, os pobres, e todo aquele pertencente às chamadas minorias sociais. Essa cultura violenta e mata.

Legisladores declinam o conhecimento científico

Para continuar pensando nessa cultura que está se fortalecendo em nosso país, trago outra cena de Babilônia, na qual Luiz Fernando, amigo de Consuelo, ao narrar em casa, à família, o escândalo causado pela mãe do prefeito de Jatobá, na trama televisiva, seus filhos, duas crianças, têm reações importantes nesse contexto de adversidades para a comunidade LGBT, aqui no Brasil: a filha, criança de uns 11 anos, indaga se o que ele conta é mesmo sério, ou seja, questiona se de fato a cena grotesca protagonizada por Consuelo foi mesmo verídica, incrédula de que coisa assim possa acontecer, e o filho, garoto de uns nove anos, diz que a atitude de Consuelo é “meio medieval”. Dessa última fala, algumas questões se apresentam: os sujeitos que têm protagonizado esse tipo de comportamento, a meu ver homofóbico, conseguem entender o que disse o garoto ao afirmar que a atitude da senhora perante às mulheres lésbicas é algo “meio medieval”? Ou, os protagonistas dessa cultura nazifascista conhecem a história? Conhecem o quão foi nefasta a consolidação da autoridade eclesiástica, em seu propósito de guiar os cristãos à salvação, no período da Idade Média, no qual qualquer pensamento contrário aos dogmas religiosos era visto como heresia e, assim, era combatido, vigiado, julgado e punido, com a vida? Será que conhecem as ideias fascistas de Mussolini, na Itália? Conhecem as ideias de Hitler e o holocausto?

Acredito que os líderes, principalmente legisladores e líderes religiosos, que insuflam a essa cultura nazifascista conhecem sim a história e buscam que aqui no Brasil isso possa acontecer, favorecendo o grupo a que pertencem. Portanto, agem com desonestidade intelectual, ou seja, declinam o conhecimento histórico de o quanto foram maléficas para a humanidade as posturas antes mencionadas. Já seus seguidores, possivelmente desconheçam ou pouco conheçam os fatos e o conhecimento histórico, e, assim, refutam pelo simples prazer da oposição, ou simplesmente por que preferem as verdades prontas, particularmente as oriundas do saber religioso. Essas pessoas se enquadram no que Neil Degrasse Tyson, em entrevista à revista Veja, edição 2.433, 2015, denomina de “polícia do pensamento”, isto é, a tentativa de ter e exercer poder pela força de seus pensamentos, impondo o que todos podem e devem acreditar: algumas deliberadamente, outras por falta de uma compreensão leitora e de raciocínio crítico. Repudiam o conhecimento científico-acadêmico, afastando-se dele, ou mesmo o repudiando, como é o caso recente de demonização dos estudos de gênero e sexualidade, compreendidos sob a noção de “ideologia de gênero”, entendida, então, como uma política gay para transformar crianças e jovens em homossexuais e que, assim, deve ser abolida da educação escolar. Em Alagoas, por exemplo, declarações de legisladores deixam bem explícito o quanto desconhecem os saberes produzidos academicamente sobre gêneros e sexualidades e quanto tais saberes se fazem importantes na educação sistematizada. São esses os ares dessa cultura nazifascista que está se configurando aqui no Brasil.

Essa cultura nazifascista ganha vida na cibercultura, seja nas redes sociais, seja nos textos jornalísticos com espaços para comentários. Recentemente em uma publicação sobre a atriz transexual que performatizou a crucificação, na última Parada gay de São Paulo, houve uma avalanche de comentários, quase todos preconceituosos e homofóbicos, inclusive pedindo/desejando a morte dela. Praticamente nada se falava ou se discutia sobre a temática da reportagem, qual seja, a tentativa da atriz de processar pessoas que mentiram e a difamaram, provocando contra ela ataques de ódio. Mas, sobre isso não houve diálogo, não houve escuta! Esses internautas são e podem ser denominados de haters, que em tradução bem literal significa “odiadores”, os policiais de pensamentos contrários aos seus. Na atitude desses sujeitos está, agregada a verdades prontas, “a fantástica arte de não saber interpretar um texto”, como ironiza Flávio Chongas, em seu vídeo “Interpretação de textos”, do Log “Na Internet, Pega Leve”, nº 03, no qual discorre sobre a má compreensão de textos na Internet. Para esse articulista, o que tem muito acontecido na internet é a “interpretação” de ataque, na qual o leitor, um hater, lê o início e o final do texto, inventa todo o meio, e, assim, responde ao que inventou, dando sentido às suas ideias já pré-programadas. Nervoso, exalta-se, xinga e faz gracinha com o outro, de ideias diferentes das suas, provocando desgastes desnecessários. É bem o que vemos nos espaços online com qualquer texto que se refira às homossexualidades. Para esse tipo de leitor/internauta, mas não só no mundo virtual, Chongas aconselha: “Antes de responder ou comentar, pare, tome um tempo, reflita e faça uma pergunta para seu interior: ‘será que foi isso mesmo que ele quis dizer?’ Eu vou ler de novo!” Logo, na internet (e no mundo em que vivemos) “Pega leve!”

E o que fazer frente à serpente que está preste a tomar forma e ganhar vida? O que podemos/devemos fazer frente aos haters e a essa cultura nazifascista, principalmente nós, professores das Letras, pedagogos, historiadores e demais profissionais da educação? As iniciativas de sátira através do humor são um caminho: recentemente duas cenas humorísticas nos possibilitaram reflexão de quão esdrúxula é a ideia de que através de um perfume o sujeito pode “se tornar gay”. Duas cenas humorísticas protagonizadas, uma no Zorra Total, programa humorístico global, e outra em vídeo de circulação no Facebook, pelo humorista Tirulipa. Na primeira, um senhor, que se autodenomina pai de família, casado há 23 anos, vai a uma loja de perfumes em um shopping reivindicando justiça, pois, informa que ao usar a fragrância comprada por seu filho, jovem rapaz, teria sentido tesão por seu motorista e passado o dia todo o agarrando. Para esse senhor, esse seu comportamento é a prova do crime de que há um processo de homossexualização no país, visando acabar com a família brasileira. Portanto, aquele perfume transformava qualquer macho numa bicha desvairada, como aconteceu com ele. Risos! No entanto, na construção da sátira, a atendente e o filho informam-lhe que aquele perfume não era daquela loja. Já no vídeo do Tirulipa, ele duvida que um perfume possa transformar um homem heterossexual em um homem homossexual. Mas, para surpresa do telespectador, ele torna-se efeminado ao usar a fragrância. Nisso, constitui-se o humor. Risos! As duas cenas tratam as homossexualidades de maneira singular e estereotipada, na figura do masculino efeminado (provavelmente situada na compreensão dos conversadores-fundamentalistas), mas são importantes no que se propõem: ironizar o pensamento grotesco contra os gays.

Iniciativas como essas, bem-humoradas, são de fato importantes para que possamos refletir acerca das ideias nazifascistas em andamento em nossa cultura. No entanto, no enfretamento a essa cultura que está sendo construída em nosso país e no enfrentamento aos haters, precisamos voltar aos livros, voltar aos livros de história, pois, conforme acreditamos, o conhecimento, e o conhecimento histórico, pode nos ensinar, para que não se repitam barbáries como as já vivenciadas. Precisamos, então, fazer frente às ações dessa cultura nazifascista, antes que a serpente se torne grande demais. Assim, fico me perguntando: que ações podem ser feitas frente a atitudes como a de Consuelo? Apenas calar? Processar? Como lidar com legisladores que declinam o conhecimento científico? Por fim, que diálogos podemos estabelecer com aqueles que não nos escutam? Cuidado! Não insira em meu texto coisas que eu não disse: não disse, por exemplo, que as pessoas religiosas são nazifascistas.

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Ismar Inácio dos Santos Filho é professor de Letras na Ufal-Campus do Sertão