Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

E mais uma edição…

O formato do reality show Big Brother já foi abandonado em vários países, mas aqui no Brasil ele parece seguir confiante: o programa do gênero mais antigo da TV aberta, o BBB estreou esta semana a 13ª temporada. São 12 anos, praticamente uma geração. Do BBB1 ao atual, a base da atração é a mesma: uma casa e participantes, estereótipos da sociedade do consumo e da imagem, de diferentes extratos e contextos confinados. Na prática, pouca coisa mudou da primeira edição. Mas será que podemos dizer o mesmo da audiência?

Os números revelam que ela vem caindo, e muito. A estreia desta semana marcou 24,6 pontos. A do ano passado registrou 32,8. O BBB1 registrou 48,7 pontos no Ibope. É certo que a novidade passou, que a internet e as redes sociais se popularizaram desde então, ocupando mais o tempo livre das pessoas, que a TV por assinatura cresceu (pouco, mas cresceu) e que a sociedade, penso eu, se cansou. É lógico que sexo e briga elevam a audiência. Não é sem razão que a produção de qualquer reality show procura sempre apostar nestes dois itens. Mas creio que, além de estas histórias serem repetitivas, o gosto do público parece estar mais exigente.

Quando vemos o sucesso que a novela Avenida Brasil conseguiu – por meio de uma boa trama, encantou o público, prendendo a atenção de crianças, jovens e adultos –, fica claro que o que a audiência quer é uma história que surpreenda, sem apelação. Acho que o público de hoje, mais participativo e interativo, não se convence e se satisfaz com qualquer coisa. E mais do que isso: aos poucos percebe que há limites e que é ele quem tem o poder para definir quais são.

O telespectador continuará a dar “aquela espiadinha”, às vezes por simples falta de opção, mas certamente será fisgado por outra produção que instigue a sua atenção, que o surpreenda, o alimente, o teste. É isso que ele quer. Não mais do mesmo. O canal que apostar nisso vai sair na frente. Está na hora de a TV brasileira inventar novos formatos. E ouvir a audiência.

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[Marcus Tavares é professor e jornalista especializado em Educação e Mídia]