Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Depois da Primavera

Num fim de tarde de agosto de 2011, quando os rebeldes líbios já haviam tomado o palácio do ditador Muammar Gaddafi em Trípoli, uma equipe da Al Jazeera English descansava no lobby de um hotel de luxo na cidade. Um produtor desceu do quarto e juntou-se aos colegas. “Vocês não vão acreditar no que estava passando na CNN”, lançou, ao se acomodar à mesa. “Uma reportagem sobre o zoológico de Trípoli!”. Risada geral.

O rapaz emendou: “Enquanto a gente acompanhava os rebeldes hoje de manhã, fazendo imagens exclusivas de combates na periferia, os americanos estavam empacados, sem conseguir nada melhor do que filmar leões enjaulados”. Todos concordaram: a Al Jazeera estava deixando para trás os demais canais internacionais de notícia. E a conversa mudou de rumo.

Dois meses depois, a Al Jazeera anunciava, em primeira mão, a morte de Gaddafi nas mãos de insurgentes.

Desde 2010, a Primavera Árabe tem feito mais do que projetar a emissora de volta ao centro das atenções mundiais, de onde havia sido deslocada desde a “guerra ao terror” de George W. Bush (2001-09). As revoltas selaram o ápice de reconhecimento popular e profissional nos 17 anos de vida do canal fundado pela monarquia do Qatar, um minúsculo país cujo território equivale à metade do Estado de Sergipe abençoado com a terceira maior reserva de gás natural do mundo.

Com recursos ilimitados e domínio sem igual dos temas regionais, a estação percebeu antes de todo o mundo a magnitude da revolta na Tunísia, em dezembro de 2010, e humilhou a concorrência na cobertura da insurreição no Egito, um mês depois.

Enquanto suas acanhadas rivais árabes insistiam em negar a realidade, a Al Jazeera capitalizava a imagem de primeira TV árabe “independente” e escancarava o terremoto social e geopolítico em curso. Para acompanhar as revoltas, milhões de lares no Oriente Médio sintonizavam a emissora, cujo nome significa “a ilha”.

O canal reinava também na internet, superando o “New York Times” em acessos diários graças aos blogs ao vivo e arrebanhando multidões de seguidores no Twitter e no Facebook. Internautas eram estimulados a postar vídeos e informações, criando uma fonte constante de notícias.

Fora do mundo árabe, as atenções recaíram sobre a outra Al Jazeera, em inglês, criada sem grande repercussão em 2006. Presente em 130 países, ainda não tem distribuição no Brasil. Em árabe ou em inglês, as reportagens não escondiam a simpatia pelos protestos, o que retroalimentava o fervor das massas árabes, submetidas, desde a Independência, conquistada meio século antes, a regimes opressores, incompetentes e corruptos.

Detestados pelos regimes ainda em vigor, profissionais da Al Jazeera eram espancados e presos em Túnis na e no Cairo, sentindo na pele o drama dos manifestantes. Algo profundo estava acontecendo, e a TV do emir que queria ser influente e amado na região era parte integral da mudança.

Em março de 2011, a então chefe da diplomacia americana, Hillary Clinton, engoliu a seco a queda de amigos ditadores na Tunísia e no Egito e disse que a Al Jazeera mostra “real news” –notícias de verdade. O canal, enfim, se livrava do estigma de “TV do Bin Laden”.

As constantes gravações enviadas por jihadistas, entre os quais o próprio Bin Laden, a seus correspondentes e reproduzidas mundo afora lhe rendeu a pecha de “porta-voz da Al Qaeda”, apesar dos laços privilegiados de Bush com o emir do Qatar, Hamid bin Khalifa al Thani. O presidente republicano nunca sinalizara arrependimento pelos bombardeios americanos que destruíram escritórios da Al Jazeera no Afeganistão e no Iraque, em 2001 e 2003, respectivamente –este último tendo matado um jornalista e ferido outro.

A coroação mais vistosa –o reconhecimento dos pares americanos– veio em seguida. Naquele mesmo 2011, a escola de jornalismo da Universidade Columbia, símbolo máximo de prestígio no “métier”, entregou seu prêmio anual à Al Jazeera English pela cobertura dos protestos.

“As revoltas árabes foram, sem dúvida, uma oportunidade para nós. Era uma história enorme, e todo mundo queria entender o que estava realmente acontecendo”, me disse o britânico Al Anstey, 46, diretor geral do canal em inglês, no sofá de sua espaçosa sala, no mezanino da redação central, em Doha. Veterano das gigantes agências noticiosas Reuters e Associated Press, Anstey é um britânico alto e cordial, que naquela manhã usava paletó sem gravata. “A Primavera Árabe trouxe muita gente até nós, e muitos ficaram.”

No calor das mudanças que pipocavam pela região, com revoltas derrubando autocratas e deflagrando guerras civis, pouco importava se a opinião pública árabe soubesse desde sempre que a Al Jazeera não passava de um instrumento de prestígio para o Qatar.

Na Líbia, os rebeldes agitavam a bandeira roxa e branca qatariana, enquanto caças enviados por Al Thani engrossavam os bombardeios ocidentais a Trípoli. A mesma emissora que passara anos militando contra intervenções estrangeiras no Oriente Médio agora participava de um ataque internacional para derrubar Gaddafi.

Naquele momento, no entanto, não fazia diferença se a emissora em árabe chamava as forças leais ao regime de “milícias pró-Gaddafi” e as vítimas rebeldes de “mártires”. O que valia era a luta pela liberdade, martelada na tela por analistas e âncoras como causa comum a os povos da região. O Qatar e sua TV internacional pareciam estar do lado certo da história.

Baque

Essa percepção popular sofreu um primeiro baque com a eclosão, ainda no primeiro semestre de 2011, dos protestos no Bahrein, pequena e abastada petromonarquia do golfo Pérsico. O cenário se repetia: protestos em massa contra um regime autoritário, repressão, violência e mortes. Mas, desta vez, a revolta não merecia destaque na Al Jazeera. Vozes oposicionistas ficaram de fora da programação.

A omissão deixou claro o desconforto do sunita Qatar com os manifestantes bareinitas, na maioria xiitas. Protestos xiitas na Arábia Saudita também foram ignorados ou menosprezados. Para as monarquias árabes, seguidores do islã xiita são uma ameaça alimentada pelo Irã, o poderoso e incômodo rival persa que domina a outra margem do golfo Pérsico.

Quando os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita mandaram soldados para ajudar o Bahrein a reprimir os protestos, o primeiro-ministro do Qatar, Hamad Jassim ibn Jaber, disse em entrevista à Al Jazeera em árabe que se tratava de uma operação de “assistência e apoio”. E exortou a oposição bareinita a aceitar a oferta de diálogo feita pelo governo.

Um embaixador ocidental conhecedor do Qatar resume um sentimento que se espalhou após os protestos no Bahrein: “A máscara caiu, e ficou evidente que a Al Jazeera está alinhada aos interesses das monarquias sunitas do golfo”.

Embora concorrentes com agendas muitas vezes conflitantes, as dinastias reais mantêm um pacto em torno de objetivos comuns: sobrevivência, estabilidade para exportar gás e petróleo, propagação de uma ideologia islamita sunita, com níveis diferentes de conservadorismo, além da resistência às pretensões hegemônicas do Irã.

A cobertura dos levantes nos países aliados ao Qatar recebeu uma enxurrada de críticas na mídia internacional. Em maio de 2011, reportagem do “Washington Post” destacava a diferença entre o bem-sucedido trabalho jornalístico no início da Primavera Árabe e a perda de credibilidade exposta no Bahrein. Depois, “The Economist”, “The Guardian” e “New York Times” e outros também apontaram falhas e contradições.

“Vejo que você está aderindo ao coro”, diz Al Anstey, com ironia, quando levanto a questão do Bahrein. O chefe da emissora em inglês nega ingerência política em questões editoriais. E afirma que os críticos deveriam ver “Shouting in the Dark”, documentário filmado clandestinamente na capital bareinita que evidencia a brutalidade policial contra manifestantes antirregime. O trabalho faturou vários prêmios internacionais de jornalismo em 2011 e enfureceu o governo de Manama.

“Essa produção, sozinha, dá prova da nossa independência. Se faltasse independência, não teríamos exibido”, explica Anstey. Mas “Shouting in the Dark” nunca foi ao ar no canal árabe, carro-chefe da emissora que tem audiência estimada em 70 milhões de espectadores no horário nobre, sobretudo no Oriente Médio e na Europa.

“Há mais linhas vermelhas na Al Jazeera Árabe”, me contou, por e-mail, o britânico Hugh Miles, autor de um livro sobre a Al Jazeera. “Por causa do idioma, ela é politicamente mais sensível e também mais poderosa e, por isso mesmo, mais controlada.”

Debandada

O Bahrein deflagrou uma crise interna na emissora e uma debandada nos postos de comando. Um dos primeiros a pedir demissão foi Ghassan Ben Jeddo, chefe da sucursal em Beirute. Ele alegou sentir-se “eticamente desconfortável” com a linha editorial adotada pelos chefes. Em seguida, quem renunciou foi o próprio diretor-geral da rede, o palestino Waddah Khanfar, alegando já ter atingido a meta de alçar a Al Jazeera na elite do jornalismo mundial.

Muitos, porém, atribuem sua saída a embaraçosas revelações do WikiLeaks, em 2010. Telegramas secretos da diplomacia dos EUA mostram que o Qatar usava o poder de sua emissora internacional como instrumento de barganha na relação de forças com o aliado americano. Khanfar foi substituído por um parente do emir, no cargo até hoje.

Nova leva de funcionários pediu as contas alegando insatisfação com outro tema: o alinhamento cego aos rebeldes islamitas na cobertura da guerra na Síria. Repórter experiente, Ali Hashem foi embora após ter sido impedido de falar sobre a formação de grupos armados na oposição síria –segundo ele, a intenção era não comprometer a versão veiculada na TV de um levante pacífico contra Assad.

No conflito aberto que hoje assola o país, quem comanda a linha de frente anti-Assad são combatentes da Al Qaeda, entre os quais muitos jihadistas estrangeiros. O Qatar fornece armas, dinheiro e apoio diplomático à rebelião síria.

A cobertura síria também foi a gota d'água para Aktham Suliman, que abandonou seu posto de correspondente em Berlim após denunciar “editores ocultos que ninguém conhece, mas cuja influência todo mundo sente”.

Anstey evita pronunciar-se sobre ex-funcionários. Mas insiste em que a cobertura na Síria só não é mais equilibrada porque o regime de Assad se recusa a permitir a atuação da Al Jazeera sob seu controle. Com isso, equipes de reportagem só podem circular em áreas insurgentes.

Mal-estar

O mal-estar acerca da estação aumentou após a circulação de um vídeo na internet (veja em bit.ly/massalma) que registra a recente morte de um repórter que cobria o conflito acompanhando rebeldes em Deraa, ao sul de Damasco. Ele é abatido por tropas leais ao regime enquanto corre para atravessar uma rua deserta. A gravação comprometeu a Al Jazeera por várias razões. Primeiro, o jornalista não vestia colete à prova de bolas nem usava nada que o identificasse como profissional de imprensa. Além da falta de equipamento, ele mostrou despreparo ao se arriscar em área de fogo cruzado, contrariando precauções básicas em cobertura de guerra.

O mais embaraçoso foi a revelação de sua identidade. Mohammed al Musalma era um militante oposicionista que acabara recrutado para ajudar na cobertura local. Um homem engajado numa das partes do conflito que estava cobrindo. “Se não há mais distinção entre ativistas e jornalistas, então todos estão em perigo”, disse Suliman, ex-correspondente em Berlim, à revista alemã “Der Spiegel”.

A Al Jazeera afirma que al Musalama era um colaborador sem vínculos formais com a empresa. “Por isso não fizemos muito estardalhaço acerca de sua morte”, justificou um representante.

Nos últimos meses, as críticas se voltaram para a visão positiva da Al Jazeera na cobertura dos governos islamitas eleitos no rastro das revoluções tunisiana e egípcia. A linha editorial contrasta com a crescente insatisfação popular acerca da inépcia e do autoritarismo dos novos dirigentes, segundo escreveu Ahmed E. Souaiaia, professor da Universidade Iowa.

O pesquisador em comunicação Ibrahim Saleh, da Universidade do Cabo, traça o diagnóstico da transformação. “[O canal] começou como um sonho que virou realidade quando mudou todo o cenário da mídia e ofereceu esperança de real sabedoria de reportagem. O tempo expôs a hipocrisia e a propaganda em vez dos padrões profissionais”.

Audiência

Muito se especula em torno da audiência da Al Jazeera, cujos dados são guardados como segredo de Estado. Mas a emissora admite registrar uma queda significativa nos últimos dois anos. Para o especialista em mídia palestino-americano Jamal Dajani, o fenômeno traduz com clareza a decepção dos telespectadores. “A popularidade caiu após o pico de 2011”, me disse ele, por e-mail.

A emissora garante ter mantido a liderança entre redes de notícia árabes e atribui a diminuição da audiência ao fim do monopólio estatal da mídia na Tunísia, no Egito e na Líbia, que gerou uma proliferação de jornais e canais de TV independentes. Os veículos de imprensa pós-revolucionários aderiram ao jornalismo mordaz e crítico que um dia foi marcada registrada da estação qatariana.

“Desde a Primavera Árabe houve uma explosão de canais focados em temas domésticos. A verdade é que não podemos competir com eles na cobertura de notícias locais”, admitiu o sudanês Salah Eddin Elzein, diretor do Centro de Estudos da Al Jazeera, órgão de planejamento estratégico e promoção intelectual da emissora. “Isso nos trouxe um desafio e nos obrigou a refletir sobre maneiras de preservar nossa vantagem competitiva.”

A estação nega ter sido abalada pelas críticas, mas admite preparar uma reformulação editorial, técnica e logística. Empresas de auditoria e consultores privados trabalham há meses com diretores e editores para pavimentar o caminho rumo a uma nova Al Jazeera. “Estamos envolvidos no processo. Essa reestruturação é parte de um plano estratégico, é uma transformação completa”, diz Elzein.

Miles, o autor do livro sobre a emissora, afirma que a reconstrução da marca é uma necessidade. “Sua reputação foi muito prejudicada, por isso estão mudando”.

Um representante da estação diz que se trata de ajustes de rotina. Entre as mudanças, ele cita a uma nova identidade visual e a maior convergência entre as plataformas tradicionais e digitais. Dentro de um ano e meio o resultado completo será visível, prevê.

O futuro também passa por uma presença maior da Al Jazeera English na América Latina, onde a difusão ainda é menor do que no resto do mundo. “Precisamos e queremos estar no mercado brasileiro, e já começamos a trabalhar nisso”, diz Anstey. “Mas a distribuição no Brasil é complicada.” O país tem cerca de 10 milhões de descendentes de árabes.

Além dos canais em árabe e inglês, a Al Jazeera tem uma emissora voltada para os Bálcãs e anunciou planos de transmitir em francês e turco. Fala-se, ainda, num futuro serviço em espanhol. Canais esportivos pagos já representam alguma fonte de renda. Para os céticos, a expansão multilíngue atende o plano do Qatar de ampliar sua influência para o resto do mundo. A tese é corroborada pelos bilhões de dólares investidos na Europa em áreas tão diversas quanto esporte, imóveis e luxo.

Mas a meta mais ambiciosa da Al Jazeera passa pela recente aquisição da americana Current TV, criada sem sucesso pelo ex-vice-presidente Al Gore. O objetivo é claro: conquistar o mercado doméstico nos EUA. A Al Jazeera comprou escritórios suntuosos em várias cidades do país, onde se tornou um dos raros veículos a fazer contratações em massa.

Num cenário de crise mundial para o jornalismo, a TV do Qatar oferece salários acima da média e infraestrutura de sonho para reportagens no mundo inteiro. A empresa diz ter 3.000 funcionários, dos quais 400 jornalistas, espalhados por 60 redações nos cinco continentes. A CNN tem algo como 4.000 funcionários e 45 escritórios pelo mundo.

A sede da Al Jazeera ocupa um quarteirão inteiro numa área afastada alguns quilômetros do centro da soporífera Doha. No portão principal do complexo, há um incessante vaivém de sedans e picapes de luxo que abundam no país da renda per capita mais alta do mundo, de US$ 102.800 anuais (no Brasil, a renda per capita é de US$ 12.000).

A redação do serviço inglês é moderna e confortável e tem profissionais de todas as idades e biotipos, de mais de 60 nacionalidades, segundo a empresa. Lembra uma típica redação ocidental, com leve predominância de mulheres, poucas árabes, na maioria anglo-saxãs. No mezanino que abriga as salas do editores, o ambiente silencioso lembra mais uma empresa do que uma redação.

“Gosto de trabalhar aqui e me sinto perfeitamente confortável com o que fazemos”, diz a britânica Laura Kyle, já maquiada para assumir seu turno na bancada do telejornal. “Trabalhei na TV estatal chinesa e sei exatamente o que é um órgão de propaganda. Posso garantir que, aqui, isso não existe.”

Ex-funcionária do “International Herald Tribune”, a neozelandesa Yasmine Ryan é produtora do site em inglês e blogueira. “Venho da velha mídia', jornais defasados e em declínio. Hoje até a BBC é engessada. Na Al Jazeera tudo é dinâmico, a empresa se expande e temos recursos para fazer jornalismo de verdade.”

O serviço árabe fica num prédio menor, ao lado, simples e antigo. Há menos mulheres e mais homens, sempre vestindo os trajes tradicionais –túnica branca e “keffieh” na cabeça. Um funcionário aponta para o carpete e conta uma anedota. Em 2000, o então ditador egípcio Hosni Mubarak visitou a redação. “Aqui, neste exato local, Mubarak parou e disse: É esta caixinha de fósforo que causa tanto barulho?'“.

Uma salinha abriga uma espécie de museu para visitantes. O acervo inclui livros, equipamentos de transmissão usados em guerras nos anos 90 e objetos pessoais de repórteres mortos em campo, chamados de “mártires”.

Apesar das ressalvas, a Al Jazeera ainda é capaz de brilhar. Sua cobertura da ascensão chinesa, da repressão em Mianmar e da guerra no Mali continua sem igual. Em janeiro, o correspondente do canal em inglês no Brasil, Gabriel Elizondo, foi um dos primeiros a chegar a Santa Maria (RS) após o incêndio na boate que matou 241 pessoas. Suas reportagens foram visivelmente mais completas e precisas que as da concorrência.

A TV também produziu nos últimos meses investigações com valor de acervo histórico sobre a ascensão do clã Assad na Síria e as negociações secretas entre Israel e Jordânia após o atentado fracassado do Mossad contra o líder do Hamas em 1997. Dajani, o especialista em mídia, lembra que a Al Jazeera é uma das raras TVs a oferecer até hoje cobertura extensiva da Primavera Árabe.

“A neutralidade completa é um mito no mundo árabe”, afirma. “O Líbano tem uma dúzia de canais por satélite, cada um representa uma ideologia sectária diferente. No Ocidente também sempre há algum viés, principalmente quando se trata de linhas político-partidárias.”

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Samy Adghirni é correspondente da Folha de S.Paulo em Teerã.