Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Gaspari diz que imprensa lincha Vavá


Leia abaixo os textos de quarta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 20 de junho de 2007


GOVERNO LULA
Elio Gaspari


Mangabeira e o folclore da corrupção


‘O PROFESSOR Roberto Mangabeira sabe. Quando um presidente empossa um ministro que dois anos antes chamou o seu governo de ‘o mais corrupto da história nacional’, a turma da ladroagem tem motivo para festejar. Não festejará estimulada pela subjetividade vulgar dos larápios. Fará isso baseada na velha e boa bibliografia acadêmica. É de 1968 o conceito de ‘folclore da corrupção’, enunciado pelo economista sueco Gunnar Myrdal, Prêmio Nobel de 1974.


Myrdal mostrou que, numa sociedade em mudança, a construção de uma idéia imperfeita e fatalista da extensão das roubalheiras termina por prejudicar a moralidade pública e os esforços de servidores honrados.


Outro estudioso do assunto achou um exemplo no interior da Índia. A sabedoria convencional dizia que os funcionários dos serviços de regularização de propriedades fundiárias eram corruptos. Vai daí, os camponeses pagavam propinas a atravessadores que em nada interferiam na liberação de títulos de terra. Há gente disposta a passar jabaculês para apressar a emissão de carteiras de identidade no Brasil, mesmo em lugares onde esse serviço funciona perfeitamente.


Só um louco diria que em Pindorama a corrupção é um problema folclórico, mas é certo que sem aquilo que o economista Roberto Campos chamava de ‘reversão das expectativas’ a faxina de um governo é algo inatingível. Se a prisão de um compadre do presidente, de um juiz do Superior Tribunal de Justiça, de desembargadores e juízes é recebida pela sociedade como um indicador de que a roubalheira aumentou, aumentará a roubalheira.


Enquanto viveu na oposição política, na superstição econômica e na treva administrativa, Nosso Guia, como Mangabeira, tocou o bumbo do folclore da corrupção. (Com proveito para ambos.) Oito anos antes do enunciado de Myrdal, os brasileiros elegeram para a presidência da República um bufão que tinha uma vassoura como símbolo de campanha. Em 2002, a filha de Jânio Quadros foi à Justiça para rastrear as contas de seu pai em bancos suíços.


Cinco anos de poder foram suficientes para que a nação petista se acomodasse à sabedoria de um velho revolucionário chinês: ‘Se você combate pouco a corrupção, destrói o país. Se combate muito, destrói o partido’. Um presidente que não tolerasse a desonestidade intelectual jamais poderia ter o professor Mangabeira no ministério nem uma bancada de senadores (noves fora Eduardo Suplicy) associada à ética de Epitácio Cafeteira.


Uma coisa é sofrer as manipulações dos senadores em benefício de Renan Calheiros. Dói, mas não mata. Outra é olhar para o que estão fazendo e concluir que todos os parlamentares, políticos e servidores públicos são ou virão a ser bandidos. Esse comportamento parece que não dói, mas mata a fé do cidadão no Estado de Direito.


O folclore da corrupção é um grande negócio, para os corruptos.


SERVIÇO: Quase todas as idéias deste artigo saíram do livro ‘Corruption by Design -Building Clean Government in Mainland China and Hong Kong’ (Corrupção como Projeto – Construindo Governos Limpos na China e em Hong Kong), da professora Melanie Manion. Para conforto de Mangabeira, a editora é a Harvard University Press.’


Kennedy Alencar, Felipe Seligman, Andréa Michael


Governo quer restringir vazamento de grampo


‘Para restringir vazamentos e seu potencial de dano, o governo planeja criar três categorias de transcrição das escutas telefônicas, dar acesso aos advogados apenas da parte que diz respeito a seu cliente e colocar uma marca técnica em peças do inquérito para apontar de onde partiu o vazamento.


As gravações telefônicas seriam divididas em três partes, que seriam apresentadas à Justiça, a quem caberia dar ou não publicidade a essas peças.


A primeira divisão diz respeito a conversas irrelevantes. Exemplo: o telefone residencial de um suspeito capta conversas de familiares sobre assuntos sem conexão com a apuração.


A segunda divisão trataria de aspectos que, a princípio, também não têm relevância, mas que poderão vir a ter. Exemplo: uma conversa entre dois suspeitos a respeito de um assunto trivial, como uma festa de aniversário de familiares. Apesar de não se tratar de algo suspeito, a conversa mostraria uma ligação entre investigados.


Por último, as gravações que captaram conversas comprometedoras. A idéia do governo é que somente essas conversas se tornem públicas. O juiz só autorizaria a divulgação da parte que diz respeito ao cliente do advogado, ao contrário do que é feito hoje, quando o advogado tem acesso a todos os grampos.


Segundo a Folha apurou, essas foram as principais conclusões da reunião de ontem entre o advogado-geral da União, José Antônio Tóffoli; o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza; o diretor da PF, Paulo Lacerda; e os secretário-executivo e secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto e Pedro Abramovay, respectivamente.


Tóffoli afirmou que os grampos precisam de aperfeiçoamento, mas ressaltou a importância do procedimento nas investigações. ‘Em matéria de interceptação telefônica, temos que analisar de que maneira se separa aquilo que interessa à investigação daquilo que são conversas pessoas’, disse, ao sair da reunião na Procuradoria Geral da República.


Segundo ele, ‘nenhuma lei diz administrativamente qual é o procedimento [para a separação de assuntos relacionados à investigação e pessoais]. A autoridade pública se sente insegura em como fazer isso’. Daí o debate para disciplinar regras.


A Folha apurou que foi discutida a possibilidade de uma marca técnica nos grampos, como um sinal de áudio que seria imperceptível à audição humana. Essa marca seria dada em gravações distribuídas.


Na reunião, Paulo Lacerda afirmou que não é correto atribuir à PF a origem de todos os vazamentos. Na Operação Xeque-Mate, monitoramento da PF teria constatado que advogados teriam sido os principais e mais freqüentes vazadores dos grampos.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Enorme potencial


‘O ‘Financial Times’ publica hoje e postou ontem um especial sobre o Brasil. No site, contava-se ontem uma dúzia de reportagens, por quantidade igual de jornalistas, com títulos como ‘EUA passam a dividir o entusiasmo do Brasil’, sobre biocombustíveis, ‘Uma nova era de nacionalismo’, sobre as novas sete irmãs do petróleo, como a Petrobras, e ‘Economia importa mais’, sobre a cena política. Os temas saltavam das telecomunicações, com o país de ‘campo de batalha chave’ dos grupos espanhol e mexicano, mais um brasileiro ao fundo, para a indústria do cinema, com nomes como Fernando Meirelles e Walter Salles e o estímulo das estatais. E o ‘FT’ prometia ainda mais para hoje, sobre esse Brasil de ‘enorme potencial’.


BRICS E O AQUECIMENTO


Na manchete do site do ‘Guardian’, ‘China passa EUA como maior emissor de dióxido de carbono’, que causa o efeito estufa. A avaliação é da agência holandesa de meio ambiente, com base em dados de empresas de petróleo e de sua congênere americana. O jornal sublinha que ‘o anúncio vem em meio à negociação’ de um novo tratado sobre o aquecimento, em que ‘um dos pontos polêmicos tem sido encontrar um meio de incluir a China e outras economias em desenvolvimento como a Índia e o Brasil’.


‘NÃO SAIO’


O dia abriu com manchete do portal UOL para o blog de Fernando Rodrigues, ‘Renan será aconselhado a renunciar ou se afastar da presidência’. E assim foi. Depois, abrindo o ‘JN’, ‘cresce a pressão’.


Mas Renan ‘afirma que fica na presidência do Senado’, na manchete do UOL, à noite. ‘Não saio. Estou tranqüilo. Pressão, só da imprensa’.


PÓS


Mais do que ‘pressão’, a Reuters Brasil destacou a movimentação do dia como ‘Oposição aperta o cerco a Renan e já discute renúncia’. Ouviu de José Agripino Maia, do DEM, que ‘ele pensa mais nele próprio que no Senado’.


Helena Chagas, no Blog dos Blogs, avisou que já existe um ‘teste de clima para Roseana’ como um Plano B no Senado.


POR AQUI


A Rede Globo está no ar com um comercial anunciando sua ‘nova casa’ em São Paulo. É ‘a maior rede de TV do país investindo na maior cidade do país’. Em suma, ‘São Paulo, a gente se vê por aqui’.


HITLER


De Alexandre Garcia no ‘Bom Dia Brasil’ de segunda: ‘Na Alemanha nazista, Hitler escreveu nos campos de concentração, ‘o trabalho vos libertará’… Quem sabe se escreve agora nos aeroportos a frase de Marta Suplicy’.


PARTIDO


A reação maior a Garcia veio do blog de José Dirceu. Postou que as Globos agem ‘como se fossem um partido, só não vê quem ainda tem ilusões’. O petista pergunta ‘o que pretendem, organizar o discurso da oposição?’.


O vídeo ‘tupiniquim’ que lançou o novo site


Do ‘Washington Post’ ao ‘Financial Times’, passando por sites e blogs brasileiros, destaque para o lançamento ontem das novas páginas do YouTube para nove países, inclusive o Brasil. Antes, o serviço fechou com canais como a BBC e a France24 e clubes como Real Madrid e Milan para postar imagens.


Por aqui, como noticiou o portal da Globo, ‘Malhação’ agora está no YouTube’. Mas na Reuters Brasil o diretor para o Brasil no Google avisou que não será a única rede de televisão a postar suas imagens. É assim que começa.’


INTERNET
Álvaro Fagundes


YouTube lança a versão brasileira do site de vídeos


‘O YouTube lançou ontem a versão para o Brasil do mais visitado site de vídeos da internet. A empresa, comprada pelo Google em 2006, também criou versões para outros oito países, como Japão e Reino Unido, na tentativa de aumentar a sua audiência e, conseqüentemente, o lucro com publicidade.


Ao criar versões para públicos diferentes, o site permite que as empresas de publicidade possam atingir mais facilmente seus públicos-alvo. Com a mudança, hoje uma mesma página do YouTube brasileiro (br. youtube. com) tem propagandas em português e, na versão americana, em inglês -geralmente de empresas diferentes.


Com os novos portais, o YouTube tenta conter o avanço de rivais em certos países. Apesar de liderar com certa folga nos EUA, ele tem disputa acirrada na França e na Alemanha.


A novidade, porém, pode trazer novos problemas jurídicos para o YouTube, já que parte de seu conteúdo é material que é colocado pelos usuários sem autorização dos donos, como vídeos de séries e trechos de filmes. Ao criar portais específicos, o site ficará ainda mais exposto às legislações locais de direitos autorais.


Nos EUA, a Viacom entrou com um processo em março deste ano contra o YouTube em que pede US$ 1 bilhão pelo site reproduzir, sem sua autorização, vídeos de empresas dela, como Nickelodeon e MTV. E as ligas francesa e inglesa de futebol também entraram na Justiça por motivo semelhante.


A versão brasileira do site foi traduzida para o português e nela o usuário pode ver quais os vídeos postados por usuários daqui foram mais acessados ou comentados, por exemplo. Isso significa que nem todos os vídeos são de material em português.


Por exemplo, nesta semana, o vídeo mais visto na versão nacional foi um clipe das cantoras americanas Avril Lavigne e Lil’ Mama, com 128.653 acessos. A segunda era de uma entrevista de Freddie Mercury para a Rede Globo, em 1985. Em termos mundiais, o vídeo mais acessado nos últimos sete dias, do rapper americano Unk, teve 1,436 milhão de visitas.


Parcerias locais


Além da versão brasileira, o YouTube anunciou ontem acordos para a veiculação de vídeos da Globo e dos portais Terra e iG, que terão uma página própria para seu material.


No caso da emissora de TV, ela reproduzirá material inicialmente apenas vídeos da novela ‘Malhação’. Segundo a Central Globo de Comunicação, trata-se de uma ‘exibição limitada, em caráter experimental, enquanto não se fecha o acordo de parceria formal’.’


Tatiana Resende


Três grandes redes vão vender pela internet


‘Três grandes redes do varejo, Carrefour, Wal-Mart e Casas Bahia, devem começar a vender produtos pela internet no próximo ano, aproveitando o crescimento de consumidores que fazem compras pela rede.


Segundo a e-bit, empresa que faz o acompanhamento do comércio eletrônico nacional, foram 7 milhões no ano passado, 46% a mais do que em 2005. Já o faturamento do setor, que chegou a R$ 4,4 bilhões em 2006, teve crescimento de 76% na mesma comparação.


O Carrefour, que lidera o ranking de redes supermercadistas, prevê o início das vendas pela web até o final do primeiro semestre de 2008, segundo o diretor de serviços da rede no Brasil, Alexandre Ribeiro.


A data, os produtos que serão vendidos e os locais de entrega serão definidos até o próximo mês. De acordo com Ribeiro, os modelos a serem seguidos serão os que o Carrefour tem na França e na Espanha.


Até novembro, no entanto, a rede já entra na web com um site oferecendo pacotes turísticos, ampliando as vendas que já acontecem em 21 unidades do Carrefour no Estado de São Paulo, em parceria com a CVC.


Na rede americana Wal-Mart, Carlos Fernandes, vice-presidente da Divisão de Especialidades, disse apenas que ‘2008 é uma data provável’. O estudo sobre a inserção da empresa no comércio eletrônico fica pronto em dois meses.


O Grupo Pão de Açúcar, que perdeu a liderança do setor para o Carrefour neste ano, já vende produtos pela internet desde 1995. Hoje, as operações virtuais respondem por menos de 1% das vendas totais da companhia (R$16,5 bilhões em 2006), mas a meta é alcançar R$ 1 bilhão em quatro anos. De acordo com a empresa, de janeiro a novembro do ano passado, as vendas no site Extra.com.br tiveram um crescimento de 144% com relação ao mesmo período de 2005.


Nas Casas Bahia, líder nacional no setor varejista de eletrodomésticos, eletroeletrônicos e móveis, a entrada no comércio eletrônico está condicionada à ampliação da base de clientes com cartões de crédito com a bandeira da empresa. Já foram emitidos 2,5 milhões de plásticos, e a meta é vender pela internet quando essa marca chegar aos 4 milhões, o que pode acontecer já em 2008, segundo projeções da empresa.


Segundo os últimos dados divulgados pelo IBGE, o Brasil tinha 32,1 milhões de usuários de internet em 2005 -21% da população. A idade média das pessoas que acessam a rede era de 28,1 anos, com uma média de 10,7 anos de estudo.


Segundo a e-bit, o faturamento referente ao Dia dos Namorados, comemorado neste mês, atingiu R$ 227 milhões, um aumento de 47% em relação ao ano passado.’


PUBLICIDADE
Folha de S. Paulo


Brasil leva seus primeiros Leões de Ouro em Cannes


‘O Brasil conquistou ontem seus primeiros Leões de Ouro no 54º Festival de Publicidade de Cannes, que acontece até sábado no balneário francês. No total, o Brasil já tem 12 Leões, sendo três ouros na categoria outdoor. Os outros são de bronze.


A agência F/Nazca levou mais prêmios até agora, com um ouro e um bronze. Apesar de o Brasil ter inscrito 13% menos anúncios do que em 2006, o país é um dos maiores participantes do festival, atrás apenas de EUA e Inglaterra. Neste ano, o país inscreveu 2.203 peças.


Os dois Grand Prix da categoria outdoor foram concedidos a campanhas que priorizaram a interatividade, segundo Mariana Sá, diretora de criação da DM9DDB, jurada da competição. Na campanha do banco sul-africano NedBank, placas de captação de energia solar iluminavam o painel e alimentavam o bairro onde estava exposto.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


TV enfrenta queda, mas Globo cresce 1%


‘Apesar da queda de faturamento do conjunto das redes de TV, a Globo registrou um crescimento de 1% com publicidade no primeiro trimestre, segundo relatório oficial da empresa dirigido a credores.


Nos três primeiros meses de 2007, o mercado publicitário como um todo (TV aberta e paga mais jornais, revistas, internet, mídia exterior, rádio, cinema e guias e listas) caiu 1,8% em relação ao mesmo período de 2006, ano de Copa do Mundo (que alavanca as vendas), conforme o Projeto Intermeios. A TV aberta, que responde por 60% do mercado, retraiu 0,7%.


O dados da Globo incluem a TV Globo e os canais pagos da Globosat. A Globo/Globosat teve um faturamento líquido com publicidade de R$ 967,2 milhões, o equivalente a 27% de todo o mercado no trimestre (R$ 3,6 bilhões). O resultado foi apenas R$ 9,9 milhões maior do que no primeiro trimestre de 2006. Segundo o relatório da Globo, esse crescimento se deve em boa parte ao aumento de ações de merchandising.


No total, entre publicidade e TV paga, a Globo faturou R$ 1,3 bilhão. O melhor desempenho foi o das vendas de programação de TV paga, devido ao crescimento da base de assinantes, que subiu de R$ 157,4 milhões no primeiro trimestre de 2006 para R$ 198,7 milhões.


Ainda segundo o relatório, as dívidas da Globo, que eram de US$ 2,2 bilhões em 2004, somam agora US$ 666 milhões.


PRÓXIMOS CAPÍTULOS 1 Taís (Alessandra Negrini), a gêmea má de ‘Paraíso Tropical’, tentará matar a gêmea boa e se passar por ela, mas acabará virando ‘presa’ de Olavo (Wagner Moura). Taís tentará afogar Paula, em alto-mar. Mas a mocinha será salva por Fred (Paulo Vilhena), que estará mergulhando com Olavo.


PRÓXIMOS CAPÍTULOS 2 Olavo, então, manterá Paula dopada em uma clínica. E forçará Taís a ajudá-lo a destruir Daniel (Fábio Assunção).


PRÓXIMOS CAPÍTULOS 3 Após a tentativa de afogamento, Taís enfrentará uma tempestade e ficará à deriva. Resgatada em uma ilha, fingirá ser Paula e simulará sofrer de síndrome de pânico, para disfarçar o desconhecimento dos hábitos diários da irmã.


MENOS Foi de 36 pontos na Grande São Paulo a audiência do primeiro capítulo de ‘Sete Pecados’. O resultado foi inferior ao da estréia de ‘Pé na Jaca’ (41). Mas a nova novela das sete foi prejudicada pela baixa audiência de ‘Pé na Jaca’, que foi favorecida, na estréia, pelo bom ibope de ‘Cobras e Lagartos’. A média geral de ‘Pé na Jaca’ foi de 29,5 pontos, quase 10 a menos do que ‘Cobras’.


REPRISE Baixou uma Márcia Golschmidt em Hebe Camargo. Seu ‘Hebe’ exibiu anteontem a história de um homem casado com duas mulheres, atração de Márcia em novembro de 2004. Por falar em Márcia, seu novo programa deu quatro pontos na primeira semana, 55% a mais do que a Band tinha no horário.’


Thiago Ney e Ronaldo Evangelista


‘O entrevistador é um ruído’, diz Faro


‘O programa ‘Ensaio’, iniciado em 1969 na Tupi e hoje exibido nas noites de quinta-feira na Cultura, tornou-se um marco tanto da televisão quanto da música brasileira. De Elis Regina a Tim Maia, de Chico Buarque a Racionais MC’s, praticamente todos os mais conhecidos rostos da MPB foram focalizados em close pelas câmeras do programa, em entrevistas em que não se ouve as perguntas do entrevistador, apenas as respostas do entrevistado.


O entrevistador é Fernando Faro, mas pode chamá-lo também de jornalista (trabalhou nos extintos ‘Última Hora’ e ‘A Noite’), apresentador, radialista (foi ele quem levou os primeiros textos teatrais ao rádio brasileiro, nos anos 50), produtor de shows (fez o último de Elis, além de um em Angola com Chico Buarque e Dorival Caymmi, em 1980), produtor de discos (de Eduardo Gudin e Cristina Buarque)… Amanhã, Faro completa 80 anos e ganha um especial da Cultura. A seguir, o apresentador fala à Folha. Como no ‘Ensaio’, leia só as respostas do entrevistado.


FERNANDO FARO – Li uma vez, acho que foi Marshall McLuhan [teórico dos meios de comunicação], que a gente tem que ter cuidado com a informação e com o ruído da informação. O apresentador é um ruído enorme, um barulho enorme numa entrevista. Resolvi fazer isso depois de uma entrevista, em 1959, com um bandido chamado Jorginho. Eu estava no telejornal da TV Paulista quando o Jorginho foi preso. Fui na delegacia entrevistá-lo. Disseram: ‘Você não pode entrar na cela’. Dei o microfone para o Jorginho e fiquei do lado de fora, com o gravador. E comecei a perguntar várias coisas. Peguei o material, que tinha apenas as respostas dele, e editei. Gostei daquilo. E comecei a fazer tudo com esse formato, só com o entrevistado falando.


FARO – A idéia dos closes também veio do McLuhan. Ele dizia que uma [tomada] geral de televisão é só uma imagem. Você não vê nada. Você comprova isso em um jogo de futebol: você não sabe como é a cara dos jogadores. Aí eu disse: ‘A solução é o close e o meio-close’. Eu lembrava também que Picasso usava close e meio-close.


FARO – Gravei programa com o Vinicius de Moraes, o Martinho da Vila, que foi um escândalo. Tinha acabado de fazer com o Vinicius. Quando disse que ia fazer programa com o Martinho, os caras começaram a virar a cara. Mas o programa do Martinho deu uma barbaridade de audiência. O do Vinicius tinha dado 45, 48 pontos. O do Martinho deu uns 60. Naquele tempo [meados dos anos 70], colocava-se muito acadêmico na TV. Eu coloquei gente da rua. Depois que deu audiência, todo mundo se acalmou.


FARO – Fiz os festivais da Tupi, pois fui o diretor musical da TV de 1968 a 1972. Uma vez chegou alguém e disse: ‘O general mandou te chamar’. O general era o encarregado da censura. Num programa, o ‘Móbile’, eu coloquei uma água-viva, sem texto, sem nada, e uma mão jogando sal, que dissolvia a água-viva. Disse: ‘General, não tinha texto, não tinha música’. E ele: ‘É, mas a gente te conhece. Você estava querendo dizer que a água-viva é o povo, e o sal é o governo que esmaga as pessoas’.


FARO – Sempre me preocupei com o tamanho deste país. Sou de Sergipe. Tinha coisas lá que o país todo tinha de saber. A TV pública deve cobrir as manifestações [culturais] que acontecem no país. São regiões heterogêneas, multiculturais, cada uma tem coisas para mostrar.


FARO – Uma vez eu cheguei pro Briamonte, que foi o primeiro maestro do Eduardo Gudin, para fazer um arranjo. Disse: ‘Bria, é o seguinte: você está deitado, dormindo, aí acorda e uma escola de samba vem passando. Ela vem descendo, passa e vai embora’. Ele me disse: ‘Nunca vi ninguém fazer arranjo com uma imagem’.


FARO – O Chico Buarque era muito tímido. Ele não olhava para a câmera. Diziam que ele tinha olhos bonitos, então botei a câmera no chão. O Chico não falava. O Milton era igual.


FARO – Tem duas pessoas que eu queria levar ao programa e não levei. Uma é a Hebe Camargo. Um tempo atrás estive com ela e disse: ‘E o programa?’. ‘Não vai dar para fazer, eu estou velha, não vou agüentar aqueles closes.’ Eu disse que fazia do jeito que ela quisesse, não precisava dos closes.


A segunda é a Rita Lee. Não levei porque não falei com ela, quero falar. No tempo em que eu fiz o programa ‘Divino Maravilhoso’, uma vez nós fomos para o Rio com os Mutantes. E aí ficamos amigos. Mas de lá para cá nunca mais falei com ela.


FARO – A Elis viveu em minha casa um tempo. Ela sempre foi assim, estava conversando com você e de repente ficava vesga se não gostava de algo. Uma vez foi um cara lá em casa me vender um carro. Ela ficou olhando e começou a ficar vesga. Aí eu cheguei e falei pro cara: ‘A gente conversa outra hora’. Cheguei pra Elis e perguntei o que houve. Ela: ‘Pô, você não viu a aura desse cara, ele não presta’.’


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Chico Buarque e Gilberto Gil participam de homenagem


‘Em uma entrevista ou manifestação artística, muitas vezes o erro é mais valioso que o acerto. A quebra do programado e o inesperado revelam mais do que qualquer planejamento. Fernando Faro sabe disso, e é assim que sempre trabalhou: buscando a vida pelas entrelinhas da arte. Em seus programas, a busca é sempre pela espontaneidade, por aquele momento em que o ensaio vai por água abaixo e a criatividade serve à improvisação.


No especial ‘Faro 80’, gravado anteontem para ser exibido amanhã, aniversário do jornalista e produtor, na TV Cultura, às 20h, não faltaram momentos espontâneos. Artistas como Paulinho da Viola, Velha Guarda da Portela, Toquinho, Rolando Boldrin, Vanessa da Mata e Davi Moraes cantaram em homenagem a Faro e lembraram histórias. Chico Buarque e Gilberto Gil mandaram vídeos de congratulações. Inezita Barroso e Jair Rodrigues marcaram presença. Vídeos e fotos históricas foram mostradas.


Tudo muito importante, em um lugar como o Brasil -com tanta história e tão pouca afeição à memória cultural- e para uma pessoa como Faro -tão fundamental no registro de tantas pessoas, músicas, histórias e detalhes, e sempre tão atento às novidades, com um conhecimento que abrange tempo e espaço muito grandes, como definiu Chico Buarque.


Só é pena que seus principais ensinamentos, de espontaneidade, naturalidade e leveza, não tenham sido bem assimilados por seus pares. Em tudo que o programa ganha pelas intenções, perde pela realização, com roteiro simplista e falta de charme de uma apresentadora como Cuca Lazzarotto. A maior homenagem ainda é tirar os DVDs do ‘Ensaio’ da estante e assisti-los, e torcer para mais lançamentos no formato.’


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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 20 de junho de 2007


CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA
Cuidado, frágil


Cristina Padiglione


‘Um documento a ser distribuído pela Agência de Notícias da Infância (Andi) nos próximos dias, obtido com antecedência pelo Estado, será uma das principais sustentações da entidade no encontro que ocorre hoje em Brasília entre contestadores e favoráveis à portaria 264, que reajusta os termos da classificação indicativa na TV. O novo estudo reúne uma série de entrevistas coletadas pela Andi entre profissionais que são responsáveis pela classificação indicativa em outros países. A idéia é mostrar que o controle sobre a programação de TV no Brasil ainda é muito frágil em relação a nações reconhecidamente democráticas como França, Austrália, Estados Unidos e Inglaterra.


Em nenhuma delas se pratica a auto-regulação reivindicada pelas emissoras de TV daqui: prevalece, nesses países, o controle exercido por órgãos cujos representantes são nomeados pelo governo, com uma cartilha de regras que estabelece vínculo explícito entre faixas etárias recomendadas e horários. Na Inglaterra e na França, esses órgãos – Ofcom (Office of Comunications) e CSA (Conseil Supérieur de l’Audiovisuel) -, têm até poder para cassar a licença de um canal que persistir nas infrações cometidas. No Brasil, a classificação indicativa está longe de conferir tal poder ao Departamento de Classificação Indicativa do Ministério da Justiça. Abusos como a farsa do PCC no Domingo Legal só são punidos via Ministério Público e se o Judiciário acatar a denúncia.


A obrigação de vincular um programa recomendado a determinada faixa etária a horários preestabelecidos é o ponto mais contestado pelas emissoras de TV no Brasil. As concessionárias temem que um dispositivo como esse sirva de pretexto para o Ministério Público pedir, por exemplo, a cassação da concessão de uma emissora de TV. Alegam que o vínculo seria inconstitucional e que fere a liberdade de expressão.


Segundo o diretor do Departamento de Classificação Indicativa do Ministério da Justiça, José Elias Romão, o vínculo não pode ser considerado ilegal e continuará em vigor na portaria, a não ser que o Superior Tribunal Federal (STF), onde a questão ainda será alvo de avaliação, determine o contrário. De toda forma, desde abril, a vinculação entre faixa horária e etária está suspensa por meio de mandado de segurança concedido pelo juiz João Otávio Noronha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).


O objetivo da Andi ao apresentar a palavra de estudiosos de outros países é justamente contestar qualquer argumentação sobre censura ou cerceamento à liberdade de expressão.


O Estado procurou saber, com representantes da Abert, quais argumentos o grupo pretende apresentar na reunião de hoje, mas não obteve retorno. Além de Andi e Abert, a mesa de exposição será ocupada pelo Ministério Público, na figura da subprocuradora-geral da República Ela Wiecko, e pela Comissão dos Direitos Humanos, da Câmara. A audiência será aberta à participação de outros grupos – entre os que confirmam presença, a Associação Brasileira de Pediatria, a Associação Brasileira de TVs Públicas (Abepec) e a Associação Brasileira de Canais Universitários (ABTU). O ministro da Justiça Tarso Genro, que poderá antecipar para hoje a viagem que faria amanhã, deve delegar a missão de ouvir os dois lados ao secretário Antônio Biscaia.


PRESSÃO PROTELA PORTARIA


Assinada pelo então ministro Márcio Thomaz Bastos, a portaria 264 deveria ter entrado em vigor em 13 de maio. Na antevéspera, o atual ministro, Tarso Genro, resolveu ceder ao pedido das emissoras de TV e adiou em 45 dias os dois principais termos da portaria: a vinculação de horário a faixa etária, que agora pede inclusive respeito a fusos horários locais, e a exposição, antes de cada programa, de símbolos que identifiquem a que faixa etária se destina aquela atração (Globo e Cultura já têm adotado tais símbolos).


De maio para cá, o MJ se reuniu isoladamente com a Abert e com representantes da sociedade civil. O encontro de hoje, no Auditório Tancredo Neves, será o primeiro entre as duas partes após a vitória da Abert.’


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Nos EUA, rede foi obrigada a pagar US$ 24 milhões


‘Em março de 2006, uma decisão da Federal Communications Commision (FCC), entidade que monitora as emissoras de TV nos Estados Unidos, multou a CBS pela exibição de cenas no seriado Whithout a Trace. Motivo: o canal exibiu, às 21 horas (nos fusos Central e na área das Montanhas Rochosas), material explicitamente composto de cenas com garotos e garotas participando de uma orgia sexual. A informação, como outras punições aplicadas pelo FCC aos canais de TV nos Estados Unidos, faz parte do estudo que a Andi apresenta na audiência de hoje no Ministério da Justiça. A mesma CBS foi condenada a pagar multa de US$ 550 mil por causa daquele peito que Janet Jackson oportunamente deixou escapar no show do intervalo da final do Super Bowl (aliás, o intervalo mais caro da TV americana), em 2004. Os cinco membros do FCC são indicados pelo governo Bush. Ex-comissária do FCC, Gloria Tristani, diz, em entrevista à Andi, que caso uma emissora violar as leis federais que proíbem a transmissão de cenas de sexo entre as 6 h e as 22 h, a Comissão Federal de Comunicação assume uma função arbitral para obrigar o cumprimento da lei, podendo inclusive aplicar multas de até US $ 325 mil por infração. Mas em fevereiro de 2007, a FCC impôs uma multa de US$ 24 milhões à Univisión, a maior rede de emissoras hispânicas dos EUA, porque preencheu horário destinado ao público infantil com novelas, inserindo inclusive publicidade destinada a adultos. Foi a maior multa aplicada pela FCC em sua história. Na Austrália, a AMCA, Australian Media and Communication Authority elabora uma pré-classificação antes da transmissão para preenchimento de cotas de programas voltados para crianças com menos de 7 anos e de novelas para adolescentes. Só na programação para adultos é que as duas emissoras públicas e as três redes privadas estão autorizadas a auto-regular a classificação indicativa dos seus programas. A ACMA também tem entre suas atribuições o controle das atividades da internet no país. A Austrália, com Canadá e EUA, teve de adaptar sua classificação indicativa de programas de TV ao complexo sistema de fusos horários do País, termo mais contestado pelas emissoras de TV brasileiras na Portaria 264. Na Inglaterra, o Ofcom (Office of Communications) ‘age como um juiz imparcial entre o autor da reclamação e a emissora’, conta Trevor Barnes à Andi.’


INTERNET
Renato Cruz


YouTube em versão brasileira


‘Google lança versão local do site de vídeos, com canal da novela Malhação, da Globo


O Google anunciou ontem a versão brasileira do YouTube, seu serviço de compartilhamento de vídeos. Além de traduzir o site para o português, a empresa anunciou três parceiros nacionais: iG, Terra e Globo. Foi criado um canal com trechos da novela Malhação.


‘Um número significativo de usuários fala português’, disse Chad Hurley, co-fundador do YouTube. Ele e Steve Chen, também co-fundador, participaram ontem de videoconferência para o Brasil, a partir de Paris, onde anunciaram os sites internacionais.


O acordo com redes de televisão é importante para o YouTube, porque protege o site de ações na Justiça por causa de vídeos delas colocados no site sem autorização, por usuários. A Viacom, dona da MTV e da Nickelodeon, tem uma ação de US$ 1 bilhão contra o YouTube na Justiça.


Isso quer dizer que o acordo com a Globo evita problemas no Brasil? A rede de TV preferiu não responder, se limitando a dizer, por escrito, que o canal da Malhação é ‘uma exibição limitada em caráter experimental, enquanto não se fecha o acordo de parceria formal’.


A empresa também não respondeu se planeja aumentar o conteúdo ou se a iniciativa concorre com o Globo.com, que tem como ponto forte os vídeos produzidos pela emissora. ‘É bastante significativo lançarmos a versão brasileira do YouTube com uma parceria com a Globo’, disse Alexandre Hohagen, diretor-geral do Google no Brasil.


O Brasil e o Japão foram os únicos países fora da Europa a ganharem uma versão local do YouTube ontem. ‘A versão em língua local cria um ambiente muito melhor para a venda de publicidade’, afirmou Hurley. O Brasil, com cerca de 35 milhões de usuários de internet, é um mercado importante (ver matéria ao lado). ‘Em números absolutos, é maior que a Espanha, maior que a França, duas vezes a Austrália’, destacou Hohagen.


O executivo disse que, para ele, foi mais difícil fechar as parcerias de conteúdo do que traduzir o site. ‘Algumas conversas levaram seis meses, outras dois meses’, disse o diretor do Google. A localização do site levou um mês de trabalho. Qualquer vídeo colocado no YouTube aparece em todas as versões regionais. A diferença, além da língua, está no resultado das buscas, que privilegia o conteúdo gerado no país do usuário.


‘Queremos transformar o YouTube em uma experiência local e os nove novos idiomas são só o começo’, prometeu Hurley. O movimento de internacionalização deve continuar nos próximos meses. A meta é atender a 140 países na língua local. Os países europeus que ganharam ontem uma versão local do YouTube foram França, Irlanda, Itália, Holanda, Polônia, Espanha e Reino Unido.


Perguntado sobre sua opinião sobre o Joost, serviço de vídeo dos criadores do Skype, Hurley disse que o conceito é ‘muito diferente’. ‘O Joost procura replicar a experiência da TV na internet’, disse. ‘O YouTube tem como base vídeos do usuário, sem a necessidade de se baixar um software.’ COLABOROU ANDREI NETTO, DE PARIS’


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Brasil ganha 4 milhões de internautas por ano


‘O Brasil deve chegar ao fim do ano com 37 milhões de internautas, segundo estudo da Interactive Advertising Bureau Brasil. Um crescimento de 12% sobre os 33 milhões que havia em 2006. ‘A gente percebe uma movimentação muito grande este ano’, disse Lilian Viana, diretora do Comitê de Marketing da IAB Brasil. O número inclui o uso em casa, no trabalho, em escolas e outros pontos de acesso.


Nos últimos quatro anos, o total de internautas no País cresceu 67%. A entidade resolveu publicar trimestralmente os indicadores, pois seus associados, vinham trabalhando com números de fontes diversas, o que acabava confundindo os anunciantes. Ela utiliza informações do Ibope NetRatings, IDC e Projeto Intermeios.


No ano passado, a publicidade online somou R$ 361 milhões, o que corresponde a 2% do total do bolo publicitário no País. Para 2007, a IAB Brasil projeta um crescimento de 30%, para R$ 470 milhões. O número ainda não inclui os links patrocinados, anúncios de texto que aparecem, por exemplo, do lado dos resultados de busca do Google. O próximo relatório da entidade já deve trazer os números referentes aos links patrocinados em suas estimativas.’


Lorena Vieira


Carrefour inicia em 2008 vendas pela internet no Brasil


‘O Carrefour iniciará vendas pela internet no Brasil no primeiro trimestre do próximo ano. O País será o terceiro mercado do grupo a contar com a operação virtual. O novo canal deverá seguir o modelo da França e da Espanha, os dois países onde o Carrefour vende pela internet.


Entre as três maiores redes de supermercados do Brasil, apenas o Pão de Açúcar vende pela internet atualmente. O grupo de Abílio Diniz foi pioneiro na web, ao criar o extinto site Amélia no final de 1999. No entanto, sua operação online representa hoje cerca de 1% do faturamento. No começo deste ano, o Wal-Mart também revelou sua intenção de abrir loja virtual ainda em 2007.


O projeto do Carrefour está sendo finalizado e ainda não estão definidas as categorias de produtos que estarão disponíveis na rede.’Temos a expectativa de que essas vendas tenham participação significativa no total de não-alimentos no prazo de dois a três anos’, diz, sem informar números, o diretor de serviços da empresa, Alexandre Ribeiro. Na França e Espanha, a participação de produtos alimentícios é pequena.


A empreitada na internet deverá ter início antes, ainda no final deste ano, com a venda de pacotes de turismo. Será uma ampliação do que já é oferecido pelo Carrefour nas lojas – atualmente, a rede de supermercados tem 21 unidades em parceria com a operadora CVC. A intenção da empresa é fechar o ano com 40 a 50 lojas. Sem revelar dados, Ribeiro diz apenas que o faturamento desse segmento deverá dobrar entre 2007 e 2009.


A área de serviços e novos negócios, que englobará a operação da internet, foi responsável por mais de 15% dos R$ 12,9 bilhões de faturamento do grupo no País no ano passado, totalizando R$ 2 bilhões. ‘A perspectiva é que a parcela cresça. O avanço será maior que o do negócio principal da rede’, acredita o executivo.


A área mais representativa desse segmento é a de postos de gasolina. Inaugurados a partir de 1994, eles responderam por mais de 50% dos R$ 2 bilhões. A rede possui 71 postos – sendo oito independentes, fora das unidades do Carrefour. ‘Esses são ainda uma experiência iniciada recentemente’, diz Ribeiro. Mais oito postos serão abertos em 2007, todos instalados nas unidades da rede varejista.


O segmento de farmácias próprias também é promissor. De acordo com o diretor, o faturamento deve saltar de aproximadamente R$ 220 milhões em 2006 para R$ 500 milhões em 2009. Atualmente, a rede possui 64 drogarias. Até o final deste ano, serão 102. ‘É normal ter um crescimento grande, porque esses serviços ainda são recentes’, afirma.’


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Site torna públicos fatos inéditos sobre censura


Outros dois jovens jornalistas que não caíram nas balelas de ‘mercado saturado’, ‘tudo já foi dito’, ‘não há mais nada a revelar’ e coisas do tipo que estão à espera dos ouvidos assim que os formandos saem das universidades.


Lucas Mota e André Rocha ainda estavam na Faculdade de Jornalismo na Universidade Mackenzie quando começaram a pesquisar sobre a censura na MPB. Em busca de material, acabaram indo parar nos arquivos nacionais do Rio e de Brasília. Os documentos que amealharam trazem à tona a rotina de trabalho da Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP) durante a ditadura militar.


Depois do trabalho pronto, resolveram que ele não estava de fato concluído. As informações precisavam chegar a pesquisadores, músicos, produtores e leitores, para que certos erros históricos não se repetissem. Aí, criaram o inédito site Censura Musical, que dá a qualquer brasileiro documentos inéditos que colheram em suas pesquisas pelos arquivos antigamente proibidos.


Em entrevista ao site, a ex-censora Odete Lanziotti relata a existência de certa divisão de censores dentro da própria DCDP. ‘Uns mais ligados à política, outros mais focados na questão da moral e dos bons costumes’, diz André Rocha. Há diversos documentos jamais vistos. Por exemplo: uma carta de Chico Buarque para Salvador Priolli, na época dono do Canecão, no Rio. No documento (leia ao lado), Chico se mostra preocupado com o repertório do show que está ensaiando, em virtude da liberação do conteúdo do espetáculo.’


TELEVISÃO
Keila Jimenez


High School na TV


‘High School Musical, filme que virou espetáculo musical e a maior febre entre os adolescentes nos últimos tempos, ganhou apostas na TV. A Record exibe no domingo, às 13 horas, o show da trupe gravado no estádio do Morumbi, em maio. Produzido pela Disney, o espetáculo levou mais de 40 mil pessoas ao estádio.


A Record já vendeu duas das três cotas de patrocínio nacional da exibição, e as três cotas locais.


Já a Band preferiu produzir sua própria versão da novela musical. Batizada de Dance, Dance, Dance, o folhetim terá protagonistas na faixa de 20 anos, que viverão o dia-a-dia em uma escola de artes cênicas. A trama terá autores de peso, como a colombiana Juana Uribe, autora do sucesso Betty, a Feia.


Dance, Dance, Dance, que estréia ainda este ano, deve começar a ser gravada em agosto e já tem protagonista: Juliana Baroni. Comenta-se nos bastidores que a atriz ganhará um salário de R$ 50 mil mensais para atuar na produção.


A Band logo deve abrir testes para escolher parte do elenco que, além de atuar, terá de saber cantar e dançar.


Entre-linhas


Em tempo, o Comando Maluco, do SBT, registrou média de 6 pontos no sábado passado, ficando por três minutos em segundo lugar, empatado com a Record.


Para comemorar o programa número 400, Zorra Total vai fazer um especial no dia 30. Maria Clara Gueiros, do quadro Márcia & Leozinho, vai passar por todos os quadros do programa, em uma de suas escapadas noturnas.


O Multishow começa a exibir este mês a coletânea Briograffiti, de Rita Lee, para comemorar antecipadamente o aniversário de 60 anos da cantora. Dia 28, o canal coloca no ar Ovelha Negra, em julho Baila Comigo e Cor de Rosa Choque em agosto.


Sete Pecados estreou com bom índice de audiência. Segundo o ibope consolidado da Grande São Paulo, a novela obteve 36 pontos de média e 53% de participação do público.


A segunda temporada da versão americana da comédia The Office e a terceira temporada da série Will & Grace são lançadas hoje em DVD pela Universal Pictures.


Por falar em DVD, a Som Livre lança a primeira temporada da série nacional Mothern, no ar no GNT. São dois discos com os dez episódios.


A série House terá a participação do músico Dave Matthews no episódio que será apresentado amanhã, às 23 horas, no Universal Channel.’


Leila Reis


Brasileiro vê menos TV do que a média mundial


‘Foi-se o tempo em que uma novela registrava 60, 70 pontos de média no Ibope. Isso traz a sensação de que uma parte da audiência fugiu da frente da TV para fazer outras coisas. Mas não é isso que diz o Ibope, o único instituto a medir audiência de TV no Brasil. Antonio Ricardo Ferreira, diretor do Ibope Mídia, lança mão de dados para mostrar que o número de televisores ligados vem aumentando, assim como o de horas que o brasileiro passa na frente da TV. Diz que houve transferência da audiência de umas para as outras nos últimos anos: ‘O SBT e a Rede TV! perderam, enquanto a Record, Globo, Bandeirantes e TVs públicas ganharam.’


A televisão perdeu audiência nos últimos anos?


Pelo contrário, o Painel Nacional de Televisores* do Ibope mostra que, em 2001, a média do total de aparelhos ligados era de 31,9%; e em 2006, foi de 34,4%.


Por que então as tradicionais maiores audiências – as novelas da Globo – têm caído?


Na prática, essas audiências têm sido transferidas para outras emissoras. O SBT e a Rede TV! perderam audiência, enquanto a Globo, Record, Bandeirantes e as TVs públicas (TVE/Cultura) ganharam.


Quanto tempo a TV toma da vida do brasileiro?


Ano passado o brasileiro passou, em média, 3h43 por dia na frente da televisão, há cinco anos passava 3h15/dia. Nossa média é menor do que a mundial que é 3h53 (2005). Os japoneses são os que mais vêem TV: 5h11 por dia. Depois vêm os americanos (4h31), Argentina (4h26), Itália (3h57), Canadá (3h42), Reino Unido (3h39) e França (3h26). A diferença é que eles vêem mais TV paga porque a programação da aberta é ruim.


A TV paga não tomou público?


O número de assinantes de pay TV subiu – de 3 milhões (2001) para 4,5 milhões (2006) – mas a participação na audiência é insignificante diante dos 40 milhões de domicílios com TV aberta.


Por que a TV por assinatura não cresce no Brasil?


A boa qualidade da aberta, mais o preço alto da pay TV e a condição econômica do País fizeram com que ela não crescesse.


É justo o Ibope ser responsabilizado pela má qualidade da TV?


Existem programas ruins e de qualidade que têm boa audiência. Então a premissa de que a guerra pela audiência piora a TV é falsa.


Que programas o senhor considera bons e ruins hoje?


Os telejornais e novelas são bem-feitos. Os programas policialescos e alguns humorísticos são muito apelativos.


Mas a onda dos policialescos já passou…


Não, no Nordeste. No Recife e em Fortaleza há programas do gênero líderes na hora do almoço.


Já houve tentativas de entrar no mercado de medição da audiência. Por que não deram certo?


A aferição é um sistema complexo, que exige muita tecnologia. O Nielsen tentou entrar no Brasil, mas esbarrou no fato de não fazer medição em tempo real, que passou a ser uma exigência do mercado brasileiro. O Ibope acabou comprando a operação do Nielsen em toda a América Latina. O Datanexus conseguiu fazer o real time, mas não desenvolver outras ferramentas.


O real time não existe no primeiro mundo?


Não, só está disponível em São Paulo, Buenos Aires e Santiago (operações do Ibope) e começa em agosto no Rio e, em novembro em Campinas. Em todo o mundo, os dados de audiência só são conhecidos no dia seguinte.


Não seria melhor ter mais de um instituto medindo a audiência?


Já tivemos concorrentes, mas o mercado optou por nós. E é assim em todos os lugares do mundo. O Nielsen Media faz nos Estados Unidos. Agb Nielsen opera na Inglaterra, Austrália, China e Itália. O GFR opera a Alemanha, e o Media Metrie, na França.


*que representa o universo de 17.270.800 domicílios das regiões metropolitanas de São Paulo, Rio, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza, Belém e Goiânia, além de Volta Redonda, Petrópolis, Campos, Uberaba, Uberlândia, Juiz de Fora, Governador Valadares e Campinas.’


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