Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Impasse tira MTV da Sky

Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 17 de junho de 2008


 


TV PAGA
Renato Cruz


Sky tira a MTV, do Grupo Abril, do ar


‘A Sky tirou o sinal da MTV, canal do Grupo Abril, de suas operações, com a exceção da Grande São Paulo, desde o fim do mês passado. A Net Brasil – que negocia a programação para a Sky, a Net Serviços e outras empresas, como a TV Cidade – não chegou a um acordo para a renovação do contrato que venceu no fim de 2007. A Sky argumentou, em comunicado, que a melhor proposta da MTV Brasil dobrava o custo do canal para a Sky, em oito meses de negociação.


A Abril discorda da posição da Sky. ‘Recebemos uma proposta em 29 de maio, dizendo que, se não aceitássemos, iríamos ser tirados do ar’, afirmou André Mantovani, diretor-geral do Grupo TV da Abril. Segundo ele, a Net Brasil ofereceu um reajuste correspondente à metade do IGP-M e que acabasse a obrigatoriedade de incluir o canal no pacote básico.


Mantovani disse que a última oferta da Abril seria de aumentar o valor da MTV de R$ 0,43 para R$ 0,52 por assinante (um aumento de 21%), devolvendo a diferença na forma de anúncios na MTV. A oferta também incluía os outros dois canais do Grupo Abril – Fiz e Ideal – gratuitamente por 90 dias, cobrando depois R$ 0,44 por assinante (por canal), devolvendo, durante 18 meses o valor em anúncios da Sky nas revistas da Editora Abril. Os dois canais não estão hoje na Sky.


A Sky informou que não reconhece os valores divulgados pela Abril e que a última oferta recebida da empresa triplicaria o preço do canal. ‘A Sky se viu forçada a declinar desta proposta abusiva que fatalmente acabaria por onerar seus assinantes’, informou a empresa, em comunicado. ‘Foram, portanto, as ações da própria MTV Brasil que causaram a atual situação e todos os problemas relacionados à distribuição do canal.’


Mantovani, da Abril, apontou que a Globo, sua concorrente, tem 78% de participação de mercado de TV paga, se contar sua posição minoritária na Sky e o controle da Net.’


 




VENEZUELA
O Estado de S. Paulo


Apresentador da opositora RCTV é morto em Caracas


‘O jornalista venezuelano Javier García, da rede de televisão opositora Rádio Caracas Televisão (RCTV), foi encontrado morto em seu apartamento em Caracas, de acordo com a imprensa local. García foi assassinado a punhaladas. Ele foi o segundo jornalista opositor morto na Venezuela neste mês. No dia 3, Pierre Fould Gerges, vice-presidente do jornal Relatório Diário da Economia – que publicou uma série de denúncias de corrupção em estatais e na administração pública – levou pelo menos dez tiros quando voltava para casa no carro de seu irmão, diretor do jornal.


No caso de García, porém, as suspeitas iniciais são de que se tratou de um crime comum, segundo a polícia. García, de 37 anos, apresentava o noticiário matutino da RCTV, que era a emissora de maior audiência da Venezuela até ser retirada do ar, em 27 de maio de 2007, depois que o governo se negou a renovar a sua concessão. Desde então, a emissora vem transmitindo sua programação na televisão por cabo. A RCTV emitiu nota oficial lamentando o assassinato e ressaltando que as circunstâncias do crime ainda não estão claras.


O corpo de García foi achado por seu irmão, que foi até sua residência, após dois dias sem receber notícias do jornalista. Ele tinha três facadas no peito e duas na coxa direita, segundo a imprensa venezuelana. O chefe da polícia local, Wilfredo Borras, disse que um vigia do edifício será convocado para fazer o retrato falado de um homem que, segundo ele, tentou sair do prédio com uma mala, após ter ido ao apartamento de García.


O ministério público venezuelano anunciou ontem ter iniciado as investigações sobre a morte de García, em coordenação com a Divisão de Homicídios do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (CICPC).O incidente causou comoção na opinião pública venezuelana – que protesta contra os crescentes índices de violência.


Apesar das suspeitas de que os responsáveis pela morte de García sejam criminosos comuns, o episódio faz aumentar a tensão que tem caracterizado o trabalho da imprensa na Venezuela. Em constante choque com o presidente venezuelano, Hugo Chávez, os profissionais de TV, jornais, revistas e rádio acusam o governo de motivar, ou pelo menos não reprimir, a ação de grupos que atacam meios de comunicação opositores. Chávez, por seu lado, acusa a imprensa de ter colaborado com a tentativa de golpe contra o seu governo, em 2002.


Ainda ontem, o diretor da controladoria-geral da República da Venezuela, Clodosbaldo Russián, defendeu a decisão de seu gabinete de tornar inelegível para o exercício de funções públicas 400 pessoas – entre eles, opositores que pretendiam se candidatar para as eleições de novembro para deputados, governadores e prefeitos.’



 


TELES
Gerusa Marques


Ouvidoria da Anatel está vaga


‘Mais um fator surgiu na semana passada para agravar o complicado quadro de nomeações para a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel): venceu na última quinta-feira o mandato de Aristóteles dos Santos, o ouvidor da agência. Como ele já esteve por quatro anos no cargo, não pode ser reconduzido mais uma vez. O mais cotado para ocupar a vaga, segundo fontes, é Nilberto Miranda, que ocupa hoje o cargo de assessor da Ouvidoria.


Miranda foi chefe de gabinete do conselheiro Plínio de Aguiar Júnior, em 2005, e depois assumiu a Superintendência Executiva da Agência, em 2006, quando Aguiar presidiu da Anatel. Em julho passado, quando Ronaldo Sardenberg foi nomeado presidente do órgão, Miranda foi transferido para a Ouvidoria.


O assessor é ligado à ala sindical do PT e chegou a ser indicado em 2006 pela Federação Interestadual dos Trabalhadores em Telecomunicações (Fittel) para assumir uma vaga de conselheiro da Anatel. Seu nome, porém, não emplacou.


Caso Miranda seja confirmado para o cargo de ouvidor, significará a continuidade da gestão de Aristóteles dos Santos, que também foi indicado pela Fittel, entidade à qual foi filiado. Contaram, ainda, com o apoio da ala sindical os conselheiros da Anatel Pedro Jaime Ziller e Plínio de Aguiar Júnior. O presidente da Anatel foi escolhido pessoalmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o conselheiro Antônio Bedran entrou na cota do PMDB, apoiado pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa.


Aristóteles Santos ficou em evidência em dois momentos durante seus quatro anos de mandato. O primeiro deles foi em 2006, durante a campanha presidencial, quando participou de um programa do PT, sem se identificar como ouvidor. O segundo foi no início do ano, quando defendeu a criação de uma ‘grande empresa nacional’, antes de Oi e Brasil Telecom anunciarem o negócio.


Também circulou no governo a tese de que a Ouvidoria, canal de interlocução do usuário dos serviços de telecomunicações com o órgão regulador, deveria ser ocupada por alguém com perfil mais jurídico.’



 


PUBLICIDADE
Marili Ribeiro


Brasil ganha três bronzes em Cannes


‘O Brasil estreou na 55ª edição do Festival Internacional de Publicidade de Cannes com três Leões de bronze. Ganhou em uma categoria em que nunca havia sido premiado: as campanhas para a área de promoções. Essa categoria foi criada pelos organizadores do Festival há três anos, como parte de uma nova tendência. Nos últimos anos, o Festival tem ampliado o número de categorias, o que resultou, este ano, em um recorde de trabalhos inscritos, com 28 mil peças.


Dois dos troféus do Brasil ficaram com a agência Bullet pelo trabalho para a marca Kibon. Foi uma ação de estímulo às vendas, batizada de ‘iPod no palito’. Embora o recurso tenha um formato publicitário clássico – já que o consumidor poderia, ao comprar um simples sorvete, acabar ganhando um tocador de músicas -, a tecnologia usada na ação motivou a escolha da campanha pelo júri. A embalagem com o iPod era igualzinha à que continha sorvete e nem apalpando com vontade se descobria a diferença.


Outra ação vencedora foi desenvolvida para o Instituto Ecológico Ipê, pela agência Fabra Quintero. Um simples adesivo, com efeito visual de impacto, sensibilizou os jurados. Trata-se de um ninho de aves em um tronco de árvore. A peça pode ser colada em qualquer móvel e provocar questionamentos sobre o uso da madeira.


O representante brasileiro no júri de Promo Lions, Mentor Muniz Neto, sócio da Bullet, uma das agências vencedoras, conta que a disputa foi dura. ‘O Brasil ainda não tem um jeito de pensar promoções inovadoras como outros países estão fazendo. Ações que tenham relevância mais global’, diz.


Um exemplo é a campanha que venceu o Grand Prix em Promo Lions este ano, criada pela agência BBDO de Nova York para o canal HBO. A ação começou com uma projeção em uma fachada de um prédio de Nova York, que estimulava o consumidor a acompanhar a história ali exibida na internet, para depois, acompanhar a série no HBO. Ao todo, a categoria distribuiu 37 Leões, sendo 7 de ouro, 13 de prata e 17 de bronze.


Na categoria Direct Lions, que premia as campanhas de marketing direto, o País não conseguiu passar para a final, mesmo tendo classificado nove trabalhos na lista preliminar. O presidente do júri, o brasileiro Márcio Salem, dono da agência Salem, admitiu que o País não apresentou idéias que justificassem o reconhecimento. ‘As campanhas dos outros nessa área estavam mais consistentes e bem amarradas.’


O Grand Prix foi para um trabalho de grande repercussão. Tudo começou com um anúncio impresso criado para a comemoração dos 60 anos da independência da Índia, feito pela agência JWT de Mumbai para o jornal The Times of India. O anúncio suscitou uma discussão entre a velha Índia, a das castas sociais imutáveis, e a chamada nova Índia, a dos empreendedores que compram grandes empresas nos quatro cantos do mundo.


Em uma ação de marketing direto, o jornal resolveu convocar quem quisesse ajudar na construção de uma nova Índia para participar de uma seleção para se eleger um representante político. Apareceram 34 mil candidatos. E eles acabaram virando parte de um grande show televisivo, com debates, mais de 100 milhões de votos eletrônicos e a eleição de um médico como o melhor representante das novas idéias. ‘Foi quase um Big Brother eleitoral’, diz Mário D?Andréa, vice-presidente da JWT do Brasil.


Ao todo, a categoria Direct Lions entregou 48 troféus, sendo 17 ouros, 13 pratas e 18 bronzes. Nas outras áreas do Festival continua a expectativa, uma vez que o País tem peças em todas as listas preliminares, com destaque para as 71 peças em anúncios impressos e 56 em outdoor. Mas tem também dez campanhas finalistas na categoria rádio e sete em projetos de mídia. Um bom desempenho, parecido com o do ano passado. O jornal O Estado de S. Paulo é o representante oficial do Festival de Cannes no Brasil.’


 




MILÍCIA
Clarissa Thomé


Preso suposto líder de tortura


‘Depois de permanecer 14 dias foragido, o inspetor de Polícia Civil Odinei Fernandes da Silva se entregou ontem à Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco). Conhecido como Zero Um, ele é acusado de chefiar a milícia na Favela do Batan, na zona oeste, e de ter comandado a tortura a uma equipe de reportagem do jornal O Dia. Ele negou todos os crimes.


O inspetor se apresentou acompanhado do advogado André Gomes. Prestou depoimento durante cerca de 45 minutos. Disse que só conhecia a milícia pela imprensa e que, no dia da tortura aos funcionários de O Dia, estava numa festa com a família, de onde saiu ‘muito embriagado’. ‘Aliás, que tortura? Não há laudo físico atestando que houve tortura’, questionou o advogado.


Gomes disse que seu cliente está sendo alvo de represálias por sua atuação sindical quando ainda era agente penitenciário e por denúncias de corrupção que teria feito entre 1999 e 2005, antes de ingressar na Polícia Civil. Sobre Odinei ter sido citado num relatório da Anistia Internacional por tortura de presos, reagiu: ‘Não há provas. Esse é um relatório feito por americanos, que torturam no mundo todo’.


Gomes questiona ainda o fato de a repórter e de o fotógrafo do jornal carioca terem reconhecido seu cliente por foto. ‘As vítimas alegam que foram torturadas por homens encapuzados. Como podem tê-lo identificado?’ Segundo o titular da Draco, Cláudio Ferraz, a equipe de O Dia reconheceu o policial ‘pela voz, pelo procedimento e pela compleição física’.


O inspetor é o segundo preso pela tortura da equipe do jornal. Em 4 de junho, a polícia anunciou a prisão de David Liberato de Araújo, presidiário que estava em regime semi-aberto. Ele seria o segundo homem na hierarquia da milícia.


Uma repórter, um fotógrafo e um motorista de O Dia foram seqüestrados por milicianos da Favela do Batan, quando faziam uma reportagem infiltrados na comunidade.


O secretário de Estado de Segurança, José Mariano Beltrame, disse que Odinei será expulso da Polícia Civil. ‘Queremos extirpar esse elemento da corporação’, afirmou.’



 


MODA
O Estado de S. Paulo


Web, rádio e jornal na cobertura do ‘Estado’


‘O Grupo Estado fará uma cobertura da São Paulo Fashion Week com todas as suas empresas. Repórteres e colunistas de O Estado de S.Paulo e do Jornal Tarde, como Lilian Pacce, Sonia Racy, Chris Mello, Deborah Bresser e Felipe Machado, entre outros, vão participar da cobertura, que será feita em tempo real no blog, hospedado no portal Estado.com.br, além de contribuírem com reportagens para os impressos, o que permitirá um balanço diário. No blog haverá espaço ainda para a TV Estadão. Já o site Limão (www.limão.com.br) promete interação direta com o internauta por meio do concurso Limonize-se.


A Rádio Eldorado (92,9 FM) vai transmitir entrevistas exclusivas com estilistas e especialistas da moda ao vivo, diretamente do estúdio montado dentro do lounge. O programa Trilhas e Tons apresentará, diariamente, às 17 horas, os pontos altos de cada desfile.


O lounge do Grupo Estado, presente na São Paulo Fashion Week pela quinta vez consecutiva, seguirá em sintonia com o tema do evento, o centenário da imigração japonesa. Os arquitetos Conrado Heck e Rodrigo Briareu criaram um ambiente com elementos da cultura nipônica. Uma das paredes estará coberta com 15 televisores de plasma de diversos tamanhos, que exibirão vídeos produzidos pela Agência Meteoro.’



 


TELEVISÃO
Julia Contier


Memória Roda Viva


‘Um dos maiores acervos de entrevistas da TV, se não do jornalismo brasileiro, agora está disponível para consulta na internet. O Memória Roda Viva (www.tvcultura.com.br/rodaviva ou www.rodaviva.fapesp.br) colocou na web 205 entrevistas dos mais variados temas e épocas para interessados em geral. Ayrton Senna, Fidel Castro, Luís Carlos Prestes e Lula são algumas das pérolas que podem ser encontradas no site.


‘O projeto surgiu quando eu estava escrevendo o livro o Melhor do Roda Viva, há dois anos. Na época, ficou evidente que as entrevistas ficavam melhores lidas do que assistidas’, disse Paulo Markun, presidente da Fundação Padre Anchieta , ontem, no lançamento do site.


Com um investimento de R$ 500 mil, fruto de uma parceria entre a Cultura, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o site fornece o conteúdo da entrevista no formato de texto, com acréscimo de verbetes, fotos e um vídeo com o entrevistado.


A Cultura pretende disponibilizar todas as entrevistas do Roda Viva na web até 2009.’



 


Thaís Pinheiro


Astros terá jurados provisórios


‘Astros, do SBT, terá novos jurados a partir de agosto. A única mulher da banca, Cyz Zamorano, gravou na última semana participações suficientes para exibições até julho e já entrou em licença-maternidade. A idéia inicial é que um convidado substitua a moça a cada semana. Astros, versão trash de Ídolos, tem mantido bons índices de audiência desde a estréia, em 9 de abril. Na quarta-feira passada, mesmo com a final da Copa do Brasil, a atração registrou 8 pontos de média no Ibope, com 11 de pico. O programa vai ao ar às quartas, às 22h30.’



 


INTERNET
Arnaldo Jabor


Há um ‘sub-eu’ rolando na internet


‘Ando pela rua e as pessoas me abordam: ‘Adorei o seu artigo que está circulando na internet! Maior sucesso!’ Pergunto, já com medo: ‘Que artigo?’ ‘Esse texto genial que você escreveu, que se chama A Mulher Impulsiona o Mundo: ‘É você mulher, quem impulsiona o mundo. É você quem tem o poder, e não o homem. É você quem decide. Bendita a hora em que você saiu da cozinha.’ Não me agüento e digo: ‘Você acha que eu ia escrever uma bobagem dessas?’ Aí, o admirador do texto apócrifo, fã de um ‘Jabor virtual’, se encolhe ofendido: ‘Mas… tem coisas legais…’ E eu, implacável: ‘Acho uma bosta…’ Pronto! O sujeito sorri amarelo e vira meu inimigo para sempre.


Já reclamei aqui desses textos apócrifos, mas tenho de me repetir. Não dá mais. Todo dia surge na internet uma nova besteira, com dezenas de emails me elogiando pelo que eu não fiz. Vou indo pela rua e três senhoras me abordam – ‘Teu artigo na internet é genial! Principalmente quando você escreve: ‘As mulheres são tão cheirosinhas; elas fazem biquinho e deitam no teu ombro…’’ ‘Não fui eu…’, respondo. Elas não ouvem e continuam, sideradas: ‘Modéstia sua! Finalmente alguém diz a verdade sobre as mulheres na internet! Mandei isso para mil amigas! Adoraram aquela parte: ‘Tenho horror à mulher perfeitinha. Acho ótimo celulite. Querem estar sempre na moda, malhadas, mas não estão com nada, pois a imperfeição humaniza…’’ Repito que não é meu, mas elas (em geral barangas) replicam: ‘Ah… nem vem… É teu melhor texto…’ – e vão embora, rebolando, felizes. Há mais: ‘O cheirinho delas é sempre gostoso, mesmo que seja só xampu. O jeitinho que elas têm de sempre encontrar o lugarzinho certo em nosso ombro.’ Ou: O amor não é chegado em fazer contas, quando a mão dele toca tua nuca, tu derretes feito manteiga, pois o amor é uma raposa… (?).


Vejam este que surgiu e acaba assim: ‘As mulheres de hoje lutam para ser magrinhas. Elas têm horror de qualquer carninha saindo da calça de cintura tão baixa que o cós acaba!’ …Luto diuturnamente contra cacófatos e jamais escreveria ‘cós acaba!’ Mas, para todos os efeitos, fui eu. A internet é a vala comum dos autores; lá eu sou amado como uma besta quadrada, um forte asno… (dirão meus inimigos: ‘Finalmente, ele se encontrou…’)


Dentro da web, sou campeão mundial de lugares-comuns:


‘Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!’


Ou: ‘A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore, dance e viva intensamente antes que a cortina se feche!’


Ainda sobre a mulher: ‘São escravas aparentemente alforriadas numa grande senzala sem grades.’ Fui eu, a mula virtual, que escreveu tudo isso. E não adianta desmentir.


E não publicam só textos safadinhos, mas até coisas épicas, como uma esplendorosa Ode aos Gaúchos que eu teria escrito, o que já me valeu abraços apertados de machos bigodudos em Porto Alegre, quebrando-me os ossos: ‘Tchê, tua escritura estava macanuda, trilegal!’ Eu nego ter escrito aquele ditirambo meio farroupilha aos bigodudos, mas nego num tom vago, para não ser esculachado: ‘Tu não escreveste? Então tu não amas nossas ‘prendas’ lindas, e negas ter escrito aquele pedaço em que tu dizes ‘que a gente já nasce montado num bagual’? Aquilo fez meu pai chorar, e o pedaço em que falas que ‘por baixo do poncho também bate um coração?’ Tu tá tirando da reta, tché?’ – e me aponta o dedo, de bombachas e faca de prata.’


Não sou gay (ainda), mas esse texto me cobre com uma fresca chuva de purpurina. Logo depois, aparece outro artigo onde ‘eu-virtual’ teria escrito: ‘Antigamente o homossexualismo era proibido no Brasil. Depois passou a ser tolerado. Hoje é aceito como coisa normal. Eu vou-me embora antes que passe a ser obrigatório.’ Ou seja, sou gay e homofóbico ao mesmo tempo.


Meu fantasma na internet também escreve sobre auto-ajuda; dou conselhos sobre sacanagem, para cornos e idiotas. Vejam: ‘Não dá para ficar somente com a cereja do bolo – beijar de língua, namorar e não ser de ninguém. Para comer a cereja é preciso comer o bolo todo. ‘Ficar’, também é coisa do passado. A palavra de ordem hoje é ‘namorix’. A pessoa pode ter um, dois e até três namorix ao mesmo tempo!’


Também aconselho cornos, potenciais ou realizados: ‘Um dia, você será corno, a menos que nunca deixe uma ‘mulher moderna’ insegura; senão, ela liga pra aquele ex-bom de cama, cafajeste, mas ‘grandessíssimo’, e pronto: lá vai você mugindo… Mulher insegura é uma máquina colocadora de chifres. Se não conseguir prendê-la, assuma seu ‘chifre’ em alto e bom som!’


‘Eu’ também dou conselhos aos burros. Ex: ‘Gente chata essa que quer ser séria, profunda. Putz! Deixe a seriedade para lá. No dia-a-dia, pelo amor de Deus, seja idiota!’


Mas o pior são artigos escritos em meu nome por inimigos covardes para me sujar. Há um texto rolando nos computadores – há mais de um ano – que diz coisas como: ‘Brasileiro é babaca. Elege para o cargo mais importante do Estado um sujeito que não tem escolaridade e preparo nem para ser gari. Brasileiro é um povo trabalhador. Mentira. Brasileiro é vagabundo por excelência. Um povo que se conforma em receber uma esmola do governo de 90 reais mensais para não fazer nada, não pode ser adjetivado de outra coisa que não de vagabundo. 90% de quem vive na favela é gente honesta e trabalhadora. Mentira. Muito pai de família sonha que o filho seja aceito como ‘aviãozinho’ do tráfico para ganhar uma grana legal. Se a maioria da favela fosse honesta, já teriam existido condições de se tocar os bandidos de lá para fora, porque podem matar 2 ou 3 mas não milhares de pessoas. O brasileiro merece! É igual a mulher de malandro – gosta de apanhar …’


Ou seja: admiram-me pelo que eu teria de pior; sou amado pelo que não escrevi. Na internet, eu sou machista, gay, homofóbico, idiota, corno e fascista. É bonito isso?’


 


 


 


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 17 de junho de 2008


 


 


LUTO
Carlos Heitor Cony


Jamelão


‘RIO DE JANEIRO – José Bispo do Santos, que é Jamelão para todos os efeitos, declara-se na prorrogação, diz que está no lucro. Apesar disso, reclama que a Mangueira quer aposentá-lo como puxador de samba, ele que continua sendo o maior de todos, consenso e referência das escolas de samba.


Jamelão também reclama quando o classificam como ‘puxador’ de samba. Ele se define como intérprete de samba-enredo, mas é bem mais do que isso. Assisti, há tempos, a um programa especial sobre ele. Apesar de malfeito, fiquei, como sempre, comovido com a sua voz, voz arrancada de dentro dele, caixa de ressonância da dor, do ciúme, da distância.


Jamelão parece autor das músicas que canta, embora poucas sejam realmente de sua autoria, como o clássico ‘Fechei a Porta’. Mas quem garante que seus dois maiores sucessos, ‘Folha Morta’, de Ary Barroso, e ‘Matriz e Filial’, de Lúcio Cardim, não são dele?


Sua interpretação é tão sincera, tão dolorosa em alguns momentos, que as duas canções passam a ser dele, metabolizadas pela sua voz, pelo seu jeito de dizer a letra, de ir do grave ao agudo, até mesmo desafinando um pouco, mas na hora certa de desafinar.


Um de seus sonhos, parece que ainda não realizado, é gravar um disco só com músicas de Lúcio Cardim, que se tornou vítima preferencial do próprio Jamelão -tudo o que ele fez acabou pertencendo mais ao intérprete do que ao autor.


É o caso daquele ‘quem sou eu?’ que começa o ‘Matriz e Filial’. O ‘eu’ em tom grave é Jamelão puro, é só dele, ninguém mais tem o direito de se proclamar ‘Eu’. Com a voz arrancada das entranhas da terra, de um mundo que só ele viveu. (Esta crônica foi publicada em 12.02.05)’



 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


O medo


‘Lula prometeu duas vezes combater a inflação, no ‘Café com o Presidente’ e na BM&F, e em ambas foi parar no site do ‘Wall Street Journal’ e noutros.


A inflação das commodities -comida e petróleo- é uma ‘maldição’ também para os países produtores, escreveu ontem o ‘WSJ’ de papel, focando o Brasil. Provoca excessiva valorização do real e até o avanço de soja e gado na Amazônia. Agora, com Lula disposto a elevar os juros, a valorização será ainda maior.


O ‘Financial Times’ também deu longa reportagem sobre como a América Latina subsidia combustíveis pelo ‘medo da inflação’, que vem dos anos 70 e 80, quando ela ‘corroeu o tecido social’. De todo modo, a distorção é bem maior em países como o Chile. ‘Os preços estão próximos do mercado global, no Brasil.’


EUA INVEJAM TUPI


Na manchete do site do ‘FT’, ‘apesar da indicação da Arábia Saudita de que elevaria a produção ao maior nível em 25 anos’, o petróleo voltou a encostar em US$ 140.


Os preços em alta e a falta de reação à oferta saudita coincidem com a pressão crescente dos republicanos para que os EUA liberem a exploração no mar, notou o ‘WSJ’. No mesmo jornal, Mary Anastasia O’Grady ecoou outros colunistas conservadores e cobrou que Washington siga o modelo brasileiro, citando recente visita do presidente da Petrobras à redação do ‘WSJ’. No título da coluna, ‘Por que o Brasil não tem vergonha de explorar seu petróleo’.


PELO MILHO


Vinod Khosla, bilionário investidor em etanol, escreveu ontem no ‘Washington Post’ em defesa do que anda indefensável: etanol de milho.


Não em si mesmo, como revela aos poucos o texto, mas como um passo na direção do etanol de celulose -que ‘em poucos anos’, diz ele, chega ao mercado sem subsídios e em condições de concorrer com derivados de petróleo.


CONTRA A CANA


Já o ‘Los Angeles Times’ veio até o país para a reportagem, também ontem, ‘O custo humano do boom dos biocombustíveis do Brasil’. Destaca que ‘muitos cortadores da cana-de-açúcar usada para biocombustíveis enfrentam condições primitivas’.


Para um cientista político, ‘muito da competitividade do Brasil se deve a exploração’ até de ‘trabalho escravo’.


‘DIETA DA DESTRUIÇÃO’


O ‘Guardian’ deu trecho do livro ‘Por que a indústria do alimento faz mal ao planeta’ (Penguin). ‘Grandes áreas da Amazônia são cortadas para satisfazer nosso consumo de soja’, afirma, culpando ADM, Cargill e Bunge pela ‘dieta’


O HERDEIRO


Dado por decadente após os recentes recuos, Hugo Chávez chegou a Cuba para encontrar Fidel Castro. Por coincidência, é apresentado por John Lee Anderson, na ‘New Yorker’, como ‘herdeiro de Fidel’, com ‘crescente influência’ global


‘ANGRY LEFT’


Do ‘NYT’ à ‘New Yorker’, de republicanos a democratas, amontoam-se os obituários em louvor de Tim Russert, âncora da rede NBC que até dias atrás era seguidamente criticado na campanha -em especial pelos partidários de Hillary Clinton.


E já é outro jornalista da NBC, uma estrela ascendente de seu canal de notícias, Keith Olbermann, que chama críticas e holofotes, até perfil na nova ‘New Yorker’ (acima). Dias atrás, ele bateu Bill O’Reilly, da Fox News, em ‘segmento demográfico chave’. É chamado de ‘esquerda raivosa’.


‘ATITUDE’


A campanha está no ar, afinal. Marta Suplicy estreou ontem em comerciais na TV aberta, sobre o trânsito que a ‘cada dia fica pior’. Surge ela e diz, ‘não podemos deixar que isso aconteça’, São Paulo parar. Seu bordão é ‘nova atitude’’



 


MILÍCIA
Luisa Belchior


Inspetor acusado de torturar jornalistas se entrega à polícia


‘O inspetor da Polícia Civil apontado como o chefe da milícia que teria torturado uma equipe de reportagem do jornal ‘O Dia’ na favela do Batan (zona oeste do Rio) se entregou ontem à polícia. Odinei Fernando da Silva, que era considerado pela polícia foragido desde o último dia 4, negou participação no crime e disse estar sendo vítima de perseguição, de acordo com a Draco (Delegacia de Repressão ao Crime Organizado), que investiga o caso.


Além de Silva, Davi Liberato de Araújo, apontado pela polícia como o segundo na hierarquia da milícia da favela do Batan, foi preso no último dia 4.


Os dois, segundo a polícia, participaram da série de torturas aplicadas a uma equipe de reportagem do jornal ‘O Dia’ que havia se infiltrado por 14 dias na favela do Batan para fazer reportagem sobre a rotina dos moradores sob o mando da milícia. Araújo cumpria pena em regime semi-aberto por receptação e também negou participação nas torturas.


Ao depor, Silva negou qualquer envolvimento na tortura dos jornalistas e também afirmou não pertencer à milícia da favela do Batan, apesar de ter nascido e crescido lá, segundo a polícia. Alegou que, na noite em que a equipe do jornal foi capturada e torturada, ele estava em uma festa fora da favela.


O inspetor afirmou ainda estar sendo perseguido por um grupo criminoso ligado ao deputado estadual do Rio Chiquinho da Mangueira (PMDB), por ter sido responsável por denúncias contra o deputado em 2007, conforme a Draco.


O deputado Chiquinho da Mangueira negou as acusações e disse que, em 2003, Silva o acusou de fazer visitas a presidiários, mas que nunca chegou a conhecê-lo. ‘Eu fui aos presídios, mas porque era secretário de Esportes do Rio e fazíamos um projeto social em presídios. Ele está querendo se agarrar a uma história para desviar o foco do criminoso, que é ele.’


Lotado na 22ª Delegacia de Polícia (Penha), o inspetor Silva já respondeu na Justiça por tentativa de homicídio e chegou a ser citado em relatório da Anistia Internacional sobre uso de brutalidade no sistema penitenciário quando era agente penitenciário, segundo o delegado da Draco Cláudio Ferraz, que investiga o caso.’


 




TV PAGA
Folha de S. Paulo


Retirada do ar, MTV ameaça recorrer à Justiça contra Sky


‘Com os sinais de sua programação cortados pela operadora de TV paga Sky, a MTV Brasil ameaça ir à Justiça, caso a operadora não retome negociações para a renovação de seu contrato, vencido em dezembro e prorrogado até o mês passado.


Há cerca de 15 dias, a Sky suspendeu o canal para cerca de 1,7 milhão de assinantes no Brasil e preservou o sinal apenas na cidade de São Paulo, onde a transmissão é aberta. Em comunicado, a Sky afirmou que a suspensão se deve a uma proposta de reajuste considerada abusiva feita pela MTV Brasil, que pertence ao Grupo Abril. A operadora de TV por satélite é controlada pelo grupo americano Liberty Media, do empresário John Malone, com 74%, e pela Globo, com 26%.


A Sky afirma que vinha tentando renegociar o contrato com a MTV havia oito meses. Segundo a operadora, a melhor proposta dobraria o custo da MTV para a Sky e condicionaria a renovação do contrato à inclusão de dois outros canais do Grupo Abril (Fiz e Ideal). Pelo comunicado, com esses canais, o custo para os assinantes da Sky quadruplicaria, mas os valores não foram revelados.


Ontem, a MTV abriu sua proposta. Segundo André Mantovani, diretor-geral do grupo TV da Abril, houve um aumento de custos proposto à Sky devido aos investimentos na programação do canal. ‘É justo receber uma remuneração adequada pelos investimentos’, diz.


Segundo Mantovani, a proposta da MTV era elevar de R$ 0,43 mensal por assinante para R$ 0,52. A diferença seria veiculada como anúncio da Sky na MTV. A Sky afirmou não reconhecer essa proposta. No caso da inclusão dos dois canais extras, o preço seria de R$ 0,44 mensal por assinante sem custos para a Sky nos três primeiros meses. Depois, o valor seria revertido em anúncios da Sky nas revistas do Grupo Abril por 180 meses. A operadora diz ter rechaçado a oferta.


Ainda segundo Mantovani, essa proposta foi enviada à Sky no dia 29 de maio. No dia seguinte, diz ter recebido uma carta da operadora considerando que valeriam os termos do contrato vencido, com um reajuste correspondente a 50% do IGP-M, muito abaixo do que propôs a MTV. Caso contrário, ainda segundo Mantovani, a Sky retiraria o canal do ar.


A Sky diz que fez uma contra-oferta, prevendo a volta dos termos do contrato anterior com um outro índice de reajuste e lembrou que a prorrogação do contrato entre as duas partes venceria no final daquele mês.


No dia 30 de maio, o Grupo Abril diz que enviou um ofício dizendo que a MTV continuaria nas negociações. Mas, no dia seguinte, o canal saiu do ar.


Mantovani afirma que, caso a operadora não retome as conversas, o Grupo Abril poderá entrar com medidas judiciais por conta do prejuízo causado aos anunciantes, cujas marcas não estão em exibição.


Reações


A Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Radiodifusão) criticou a Sky, que ainda transmite em DTH (satélite) a MTV para São Paulo. A associação qualifica o ato de ilegal, porque representaria uma apropriação indevida do sinal.


‘A suspensão da MTV mostra os efeitos nocivos da concentração de mercado’, diz o deputado Jorge Bittar, autor do projeto de lei (PL 29) que permite a operadoras de telefonia vender TV por assinatura e que também regulará a distribuição de canais fechados para garantir acesso às produções nacionais. ‘No caso do Campeonato Brasileiro de Futebol, Sky e Net têm exclusividade na transmissão e obrigam os programadores (que montam as grades) a adquirir seus outros canais para terem acesso aos jogos’, diz Bittar. ‘É principalmente por isso que estamos estabelecendo uma política de cotas, para garantirem que conteúdos nacionais cheguem a todos.’’



 


Luciana Otoni


Projeto de lei impõe cotas de programação


‘A Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara pode aprovar amanhã projeto de lei que estabelece cotas para programação nacional na TV paga. O assunto põe em lados opostos empresas do setor de TV por assinatura e produtores de audiovisual de conteúdo brasileiro.


O relator do projeto de lei 29, deputado Jorge Bittar (PT-RJ), rejeitou as sugestões de supressão ou modificação das cotas, mantendo os dois tipos de modelo que obrigam as TVs por assinatura a veicularem programação de conteúdo nacional.


Ele acatou algumas sugestões, mas evitou alterar o conteúdo do seu relatório.


O primeiro tipo de cota proposto incide sobre os pacotes de canais. Esse modelo estabelece que 25% dos canais que compõem o mix ofertado aos assinantes de TV paga devem ser programados por empresa brasileira que veiculem diariamente um número expressivo de horas de conteúdo nacional.


Pelo menos uma hora diária desse conteúdo deverá ser de produtora independente.


O segundo tipo de cota abarca todos os canais que no horário nobre apresentem conteúdo qualificado (filmes, seriados, novelas). Nesse modelo, os canais terão de veicular 3,5 horas por semana de conteúdo brasileiro.’


 



PUBLICIDADE
Cristiane Barbieri


Chineses estréiam em festival de Cannes


‘No ano de sua estréia oficial no Festival Internacional de Publicidade de Cannes, os chineses ganharam atenção proporcional ao tamanho de seu mercado. No país que recebe o terceiro maior volume de investimentos em propaganda do mundo, comunicação ainda é um mistério tanto para agencias e anunciantes multinacionais quanto para os próprios chineses.


Propaganda foi liberada naquele país apenas em 1978, com o fim da Revolução Cultural, e no ar há apenas uma certeza: ‘As empresas chinesas querem mudar a percepção de que a China é apenas a fábrica barata do mundo’, afirma ShuFen Goh, diretora da agência de pesquisa R3. ‘Seu objetivo é criar marcas globais poderosas e de maneira rápida.’


A R3 acaba de concluir uma ampla pesquisa com 400 executivos de empresas anunciantes e agências de propaganda presentes na China. Entre outras conclusões, o levantamento mostra que esse é o mercado mais infiel e afeito a cópias do mundo. Cerca de 25% dos clientes trocam de agência em menos de um ano e 60% deles mudariam os fornecedores de comunicação, mesmo estando satisfeitos com o trabalho. ‘Para os chineses, o principal valor da propaganda é criatividade, apesar de não saberem bem se isso é apenas a boa idéia ou a campanha que vende mais’, afirma Goh.


Com relação às ‘inspirações’, existem na China nada menos do que três agências Ogilvy, entre dezenas de outras similares às irmãs mais famosas do Ocidente, mas sem presença oficial naquele país.


Também ha versões de programas como ‘Sex and The City’, com direito às mesmas Carrie, Miranda, Samantha e Charlotte em versões de cabelo lisos, pretos e olhos puxados, entre muitas outras formas de comunicação parecidas. ‘Os chineses admiram tanto a comunicação do Ocidente que dizem homenagear seus ídolos com os mesmos nomes’, diz Cesar Vacchiano, vice-presidente da empresa de pesquisas Grupo Consultores.


Para chegar a esse público, os especialistas da área apostam principalmente em comunicação digital e móvel. Com 530 milhões de usuários, a China é o maior mercado de telefonia móvel do mundo, sendo que 41% das pessoas do país têm telefone. Nas áreas rurais, o número de assinantes aumenta em 6 milhões a 7 milhões ao mês. ‘Os jornais para celulares estão ficando populares no Japão’, diz Pully Chao, presidente da agência Saatchi&Saatchi China. ‘Muitas empresas começam a desenvolver serviços educacionais, de previsão do tempo e de agricultura, pelo celular, para os moradores do interior da China.’


Já as campanhas publicitárias das mais diferentes marcas para a Olimpíada de Pequim são mostradas com muito orgulho pelos chineses.’


 




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Jornal da Índia ganha principal premiação


‘No ano em que os mercados emergentes ganharam mais destaque em Cannes, o primeiro prêmio importante do festival foi dado à Índia.


O jornal ‘The Times of India’ ganhou o Grand Prix de marketing direto, com a campanha ‘Lead India’, feita pela JWT India, com nada menos do que 27 votos, dos 30 jurados. A partir de um anúncio publicado na primeira página do ‘The Times of India’, em janeiro de 2007, o jornal convocava os indianos a celebrar os 60 anos da independência do país participando politicamente, manifestando opiniões e agindo ativamente pela melhoria do país. Numa segunda fase da campanha, convocou os cidadãos a se tornarem líderes políticos e recebeu nada menos do que 34 mil inscrições. A iniciativa tornou-se febre nacional: os candidatos criaram sites, plataformas, foram a debates de TV e oito deles foram eleitos por 100 milhões de SMS (mensagens via celular) como líderes do país.


Apesar de o Brasil não ter levado nenhum dos 38 leões concedidos à categoria de marketing direto, na de marketing promocional o país conquistou seus três primeiros bronzes, dos 49 distribuídos. Foram dados às campanhas do iPod no palito, feita para a Kibon e do Instituto de Pesquisa Ecológica Ipê. Hoje, serão divulgados os ganhadores das categorias outdoor, rádio e mídia. Amanhã, os vencedores de mídia impressa.’


 


 


PEQUIM 2008
Folha de S. Paulo


Comitê esconde quando tocha passará no Tibete


‘A organização dos Jogos Olímpicos de Pequim se recusou a confirmar que o artefato visitará o Tibete no próximo dia 21, conforme foi anunciado pelo diário ‘Beijing News’ ao citar um voluntário que carregaria a tocha. ‘Não podemos confirmar [esta informação]’, disse Zhang Liang, do comitê organizador dos Jogos. Manifestantes pró-Tibete protestaram em diversos países e até fizeram com que a organização do revezamento transportasse a tocha para o interior de um ônibus.’



 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Novelistas lavam roupa suja na imprensa


‘A disputa entre Globo e Record no horário mais nobre da TV brasileira fez emergir uma antiga rivalidade entre os autores João Emanuel Carneiro, 38, de ‘A Favorita’ (34 pontos no Ibope), e Tiago Santiago, 45, de ‘Os Mutantes’ (19 pontos).


Os dois não se bicam desde 2004, quando a Globo lançou Carneiro autor-solo. Magoado por não ter sido promovido, Santiago foi para a Record.


Nos últimos dias, Santiago e Carneiro trocaram farpas em público. Carneiro disse ao jornal ‘O Globo’ que não iria para a Record porque faz ‘novelas bem melhores’ na Globo. A ‘O Estado de S.Paulo’, Santiago teria classificado ‘A Favorita’ como ‘novelinha medíocre’. A Folha ouviu os dois lados:


FOLHA – Qual a sua opinião sincera sobre ‘Os Mutantes’?


JOÃO EMANUEL CARNEIRO – Não tenho opinião porque nunca a assisti. Acho que não tenho o perfil do público de ‘Os Mutantes’, já que passei dos dez anos [de idade] e não pertenço à classe D ou E. Já Tiago Santiago parece que está assistindo à minha novela. Tenho certeza de que ele vai acabar gostando.


FOLHA- O que você está achando de ‘A Favorita’?


TIAGO SANTIAGO – Não vejo a novela do João Emanuel porque é no mesmo horário que ‘Os Mutantes’ e ‘Amor e Intrigas’, que me parecem opções bem mais interessantes e divertidas. Ele erra feio ao acreditar que somos vistos apenas por crianças e pelas classes mais baixas.


CORTESIA 1 Um dia depois de o ministro Hélio Costa ter visitado o SBT, na quinta passada, o Ministério das Comunicações publicou no ‘Diário Oficial’ portarias concedendo canais de TV à rede de Silvio Santos em Pelotas, Bagé e Rio Grande, três importantes cidades gaúchas. As portarias foram republicadas ontem.


CORTESIA 2 O ministro, ao conceder as retransmissoras, quebrou um galhão para o SBT. Impediu que a rede ficasse sem sinal em parte do interior do Rio Grande do Sul. Há um mês, venceu o contrato do SBT com a TV Nativa, sua afiliada em Pelotas.


OUTRO LADO A assessoria do SBT diz que Hélio Costa esteve na emissora apenas para falar a funcionários sobre TV digital.


TECLADO Pesquisas feitas pela Globo na semana passada, para avaliar a aceitação de ‘Ciranda de Pedra’, apontam mudança de comportamento do telespectador às 18h: nesse horário, quem agora manda no televisor são os adolescentes, que preferem a internet a ver novela de época.


REVOLUÇÃO O MST e a Via Campesina criaram uma ‘brigada’ para produzir documentários e programetes de TV. O último, uma passeata contra Yeda Crusius (RS), já está no site do MST.


CHOCOLATE Na estréia de Fabiana Scaranzi (ex-Globo), o ‘Domingo Espetacular (Record) perdeu para o ‘Pânico na TV’ (Rede TV!) durante 28 minutos. Ficou em quarto lugar, atrás também do SBT e da Globo.’



 


Márvio dos Anjos


Tatuadora charmosa retorna em ‘LA Ink’


‘Para quem gostava de ‘Miami Ink’, ‘Los Angeles Ink’ é um reality show, digamos, suplementar. Ele deriva do seu anterior trazendo o retorno da charmosa tatuadora Kat von D a Los Angeles, sua cidade natal.


Após brigar com a turma de Miami, ela decide criar seu próprio estúdio na terra de Hollywood. Esperta, recheia isso com outras talentosas artistas da pele -o que promete ser um show de embates hormonais-, restando apenas um homem, Corey, no time de tatuadores.


Há dúvidas sobre a capacidade de Kat von D segurar o show. Apesar de ser um personagem interessantíssimo, ela não tem vigor para ser atração principal. Como colírio eventual do masculinizado ‘Miami Ink’, era até musa, mas às vezes soa forçada.


‘Miami Ink’ nunca foi uma série de se acompanhar febrilmente -a não ser que você seja alguém epidérmica ou profissionalmente interessado em tatuagem. Sua fórmula, em que cada cliente vira um episódio dentro do episódio, não ajuda na ‘fidelização’ de quem não é fissurado. Em suma, se não há eliminação, a gente não gosta.


A qualidade e o debate artístico, no entanto, são curiosos e colaboram para que se olhe o labor com mais profundidade. Enfim, é algo legal para se ver quando se está zapeando -ou se a primeira tattoo ainda parece um desafio enorme.


LOS ANGELES INK


Quando: hoje, às 20h, 12 anos


Onde: People + Arts’


 


 


INTERNET
Marco Aurélio Canônico


Baby Tube


‘Se as crianças entram cada vez mais cedo na internet e os vídeos on-line são uma das coisas que mais as atraem, por que não garantir um ambiente controlado, uma espécie de ‘Baby Tube’, para que elas naveguem sem ver nada inadequado?


Essa foi a idéia que levou o canadense Ron Ilan a lançar, no mês passado, o site de vídeos infantis Totlol (www.totlol.com), voltado a crianças de seis meses a seis anos de idade.


Pai de um garoto de dois anos e de uma menina de nove meses (‘Ambos fãs ávidos de vídeos on-line’, diz ele), Ilan criou o Totlol para entretê-los, mas acrescentou uma novidade em relação aos vários sites infantis existentes: deixou a moderação dos vídeos a cargo da comunidade de pais.


Funciona assim: o responsável pela criança se registra no site -como em qualquer outro de comunidade- e, após criar sua conta gratuitamente, passa a poder submeter os vídeos que acha pertinentes (qualquer um da galeria do YouTube, ou seja, um mundo de opções).


Os vídeos submetidos vão para uma fase de ‘exibição’, onde ficam acessíveis para que os demais pais os qualifiquem e comentem sobre eles. Só os que são aprovados pela comunidade ficam acessíveis.


‘O site existe há apenas quatro semanas e já tem uma comunidade de algumas milhares de pessoas. Os pais precisam ter em mente que, como há diferenças culturais e de gosto pessoal, nem sempre uma opinião individual coincide com a da maioria’, diz Ilan.


Não que o conteúdo atualmente acessível no site deva preocupar os pais -a maior parte dos vídeos são animações, várias delas com divertidas canções infantis.


Também populares são os vídeos com personagens famosos, como os da Disney ou o pingüim de ‘Happy Feet’ dançando a ‘Macarena’.


Há ainda diversas animações de caráter educativo (a maioria em inglês, algumas em francês e espanhol; nada em português), que ensinam desde palavras e contagem básica até lições sobre preservação ambiental.


Ressalvas


Qualidade dos vídeos à parte, o estímulo às crianças a grudar no computador é visto com ressalvas.


‘Esses meios de comunicação são mais para acalmar os pais e para ter uma ocupação para o filho, porque uma criança demanda muito, precisa ser olhada, entretida, especialmente quando está em apartamento’, diz Magdalena Ramos, terapeuta de casal e família e professora da PUC-SP, autora do livro ‘E Agora, o que Fazer? A Difícil Arte de Criar os Filhos’ (ed. Ágora).


‘Se a criança estivesse onde deve estar, que é ao ar livre, na natureza, ela não se importaria com computador, televisão.’


A terapeuta não condena a atividade por inteiro, mas recomenda muita parcimônia.


‘Assiste por 15 minutos, depois faz outra coisa, se movimenta. A criança é um ser muito motor, precisa andar, pular, se arejar. Isso é o que as crianças não estão fazendo hoje em dia, porque criança se movimentando incomoda, então os pais as colocam em frente a alguma distração para deixá-las quietas. Mas não faz bem.’


Em resposta a observações como essa, Ron Ilan diz que apenas inventou o site, mas que cada pai sabe o que é melhor para os seus filhos.


‘Para mim, ser pai é dar oportunidades e orientação. Criei o Totlol para ajudar aqueles que querem mostrar vídeos on-line para suas crianças e não encontravam o conteúdo.’’


 


 


 


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